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Fábrica no Brasil deixa preço dos Mercedes estável, não mais baixo, diz CEO

Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz no Brasil, com o governador Geraldo Alckmin (dir.) e o diretor global de produção Andreas Renschler - Ricardo Cardoso/Folhapress
Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz no Brasil, com o governador Geraldo Alckmin (dir.) e o diretor global de produção Andreas Renschler Imagem: Ricardo Cardoso/Folhapress

Ricardo Ribeiro<br>Claudio Luís de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/10/2013 19h13

Os preços dos carros da Mercedes-Benz fabricados no Brasil a partir de 2016 não devem diferir muito dos que seriam cobrados por unidades importadas. Foi o que disse Philipp Schiemer, presidente local da Mercedes, após a cerimônia do anúncio da nova fábrica da marca, a ser erguida em Iracemápolis, interior de São Paulo.

"Com a redução que teremos dos impostos, proporcionada pelo Inovar-Auto [novo regime automotivo], esperamos manter os preços estáveis, já que teremos [novos] gastos, como o investimento na construção da fábrica", afirmou Schiemer no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, nesta terça-feira (1).

A maior nacionalização dos veículos permite abatimentos na taxação, e a produção local, um aumento na cota de importação a que a Mercedes tem direito anualmente.

Esta pedra foi cantada por UOL Carros, aliás: não se deve esperar preços mais acessíveis de nenhuma das três marcas premium alemãs que, uma após outra, anunciaram novas fábricas no Brasil este ano (na ordem, BMW, Audi e Mercedes). As vantagens ao consumidor, pelo menos de imediato, restringem-se à espera zero pela entrega do carro e um possível pós-venda mais em conta.

No caso do cliente Mercedes, outro benefício indireto será a possibilidade de usar etanol no tanque, em vez de gasolina. Schiemer foi brincalhão ao avaliar a possibilidade de a marca desenvolver um motor flex: "Ao lado da [futura] fábrica há um canavial. Acho que isso é um sinal. Temos a intenção de atender a esse mercado", disse o executivo. Mais tarde, UOL Carros apurou, sem margem a dúvidas, que o propulsor bicombustível já está em desenvolvimento. Atualmente os Mercedes bebem gasolina ou diesel, ou são híbridos.

Os modelos escolhidos para fabricação no Brasil são o sedã Classe C, que em 2016 já estreará em nova geração, e o SUV compacto GLA, apresentado no Salão de Frankfurt em setembro, mas ainda não lançado nem na Europa.

"Temos muitos modelos atraentes, é uma escolha difícil. O consumidor espera da Mercedes um produto absolutamente premium e não queríamos trazer algo que não representa nossa marca. Optamos pelo Classe C porque é muito reconhecido. Poderíamos produzir o [hatch compacto] Classe A, mas o GLA é mais adaptado às condições das estradas brasileiras", explicou Schiemer -- que acrescentou, com humor nada germânico: "E tem espaço para levar o cachorro e a sogra".

O Classe C parte atualmente de R$ 118.300 (versão C 180 CGI), tendo se tornado opção de prestígio para quem cansou de sedãs médios como Honda Civic e Toyota Corolla e resolveu subir ao andar de cima. O GLA ainda não tem preço definido nem na Europa.

A Mercedes anunciou sua nova fábrica de carros e utilitários leves no Brasil nesta terça. Com início de operação previsto para 2016, ela ficará em Iracemápolis, pequena (22 mil habitantes) cidade do interior paulista. O investimento total será de 170 milhões de euros (cerca de R$ 510 milhões), com produção média de 20 mil veículos/ano.

A unidade -- a 12ª fábrica de carros e utilitários leves de São Paulo -- deve gerar, segundo a Mercedes, cerca de 1.000 empregos diretos, além de 3.000 entre os fornecedores. Nos últimos meses, BMW e Audi anunciaram produção local em Araquari (SC) e São José dos Pinhais (PR).