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Mini Paceman mira Evoque com estilo retrô e motor potente

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/09/2013 17h04Atualizada em 20/09/2013 19h43

Imagine um cupê esportivo duas-portas com estilo retrô. Depois, desenvolva um SUV compacto sobre ele, mas que mantenha o visual charmoso e o motor potente. Retire a tração integral, mas mantenha o corpo bombado e volumoso. Este é o Mini Paceman.

A história é simples: após ser adquirida pela BMW, em 1994, a Mini voltou com tudo no começo dos anos 2000, quando lançou a segunda geração de seu principal modelo (que antes se chamava Mini, apenas, e depois passou a se chamar Cooper). O carrinho foi evoluindo ao longo dos últimos anos, recebendo reestilizações e novos motores e carrocerias -- conversível, roadster, perua (o Clubman).

Até que, em 2010, surgiu o Countryman. O primeiro SUV da reencarnação da Mini estreava o sistema de tração integral da marca (chamado de ALL4), mas mantinha motores e câmbios das versões tradicionais (entre eles, o 1.6 turbo, feito em parceria com a PSA Peugeot Citroën, chamado de THP pelo grupo francês e de N18 na nomenclatura da Mini).

Dimensões

4,11 metros de comprimento
1,78 metro de largura
1,52 metro de altura
2,60 metros de entre-eixos

Foi do Countryman que nasceu o Paceman (no Salão de Paris de 2012), um crossover de tração dianteira, porte de SUV compacto e espaço interno de hatch. O preço dessa "mistureba" é salgado: R$ 139.950. É um dos Mini mais caros oferecido no Brasil.

O carro foi definido pela marca como o primeiro Sport Activity Coupé (cupê de atividade esportiva, em tradução literal) do mundo. Apesar do preço bem mais baixo e do tamanho um pouco menor, tais credenciais o fazem disputar mercado diretamente com o Range Rover Evoque, até então o único crossover-cupê de duas portas vendido no Brasil. O caimento de teto e o entre-eixos são semelhantes nos dois carros (2,60 metros no Mini, 2,63 metros no Evoque, que é cerca de 20 cm mais comprido).

Só que alcançá-lo não será tarefa fácil para o Paceman: enquanto as vendas totais da Mini (sim, de todos os veículos da gama) em 2013, até agosto, somam 933 unidades, o modelo da Land Rover já contabiliza, sozinho, 3.967 carros -- mais que o quádruplo.

ORIGEM
Apesar da origem anglo-alemã, Mini Paceman é produzido em Graz, na Áustria, assim como o Countryman (o restante da gama Mini é fabricado em Oxford, no Reino Unido). Também é o primeiro membro da família a estampar o nome em letras garrafais na tampa do porta-malas.

  • Divulgação

    Porte de SUV compacto, interior de hatch e caimento de teto de cupê: este é o Paceman

VERSÃO ÚNICA
No Brasil, o modelo é vendido em apenas uma configuração, a S, que utiliza o motor 1.6 THP (sigla em inglês para "turbo de alta pressão"), aqui com 184 cavalos e 24,5 kgfm de torque, aliado a uma transmissão automática de seis marchas.

Entre os principais equipamentos de série, o modelo oferece rodas de liga leve de 18 polegadas (aro 18 opcional), freios com ABS (sistema antitravamento), seis airbags, controle de tração e estabilidade, sistema multimídia com Bluetooth e entradas USB e auxiliar e faróis de xenônio.

Para ver ficha técnica e lista de equipamentos do modelo, clique aqui e aqui.

IMPRESSÕES
Da mesma forma que quase todos os modelos da família Mini, o Paceman é duro e desconfortável, não por culpa dos bancos (que são anatômicos e macios), mas pela suspensão rígida demais, inadequada para pisos irregulares. Na pista, com asfalto liso e sem buracos, a história é outra: o Paceman parece ter sido feito para ela. 

O interior do carro é charmoso e mantém o estilo retrô já conhecido dos outros integrantes da família, com velocímetro central tamanho GG (que carrega um potente sistema multimídia, com GPS, Bluetooth e CD-Player representados por uma tela colorida central) e acabamento emborrachado requintado. A variedade da porta-trecos é grande e há, inclusive, um interessante porta-óculos sob a alavanca do freio de estacionamento.

  • Divulgação

    Console tem velocímetro analógico, tela colorida e botões que remetem aos do Mini

A direção elétrica é perfeita, como em quase todo BMW. Os bancos têm bons apoios laterais, mas o espaço traseiro leva apenas dois ocupantes. O porta-malas tem capacidade para 330 litros, cerca de 20 menos que o Countryman -- ou seja, o tamanho de um bagageiro de um hatch médio.

COMO ELE ANDA?
Na prática, o Paceman empolga. Ele chama a atenção nas ruas (por ainda ser considerado novidade) e tem fôlego para deixar muito sedã com pinta de executivo e motor V6 para trás. Segundo dados da fabricante, o crossover é capaz de fazer o 0 a 100 km/h em 7,8 segundos e atingir 212 km/h de velocidade máxima.

Apesar do bom desempenho na cidade e na estrada, tanto em aceleração, quanto em retomadas e em frenagens, o Paceman mostrou um ponto fraco (inesperado, aliás): o consumo do carro avaliado variou entre 5,3 km/l e 7,2 km/l (com gasolina). O fato curioso é que este mesmo motor foi considerado um dos mais econômicos do país em um BMW Série 1, que usa câmbio de oito marchas, e teve números melhores no Citroën DS5, também dotado de câmbio de seis marchas.

Talvez a sede excessiva do Mini tenha sido apenas um problema da unidade avaliada, até porque seu peso não é tão alto (1.330 quilos). Mas que tal equipá-lo com o câmbio de oito marchas, que quase todos os "primos" da BMW usam?