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Fábricas de Audi, BMW e Mercedes não garantem carros mais baratos

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/09/2013 14h06

Após o anúncio da Audi de que o A3 Sedan e o SUV compacto Q3 serão fabricados no Brasil, começaram as especulações sobre seus preços quando feitos aqui.

O mesmo burburinho já se ouvia em relação a Série 1, Série 3 e X1, os três modelos que a BMW deve montar em Araquari (SC); às prováveis versões nacionais de GLA, A, B e CLA, da Mercedes-Benz; e até mesmo quanto a Freelander 2, o substituto do Defender e o XF, candidatos à nacionalização caso a Jaguar Land Rover confirme a abertura de uma fábrica no país.

Os sinais, por ora, são de que o consumidor não deve se animar muito. Nada indica que os preços desses carros cairão, no caso dos que já são importados para o Brasil; ou que serão equivalentes aos praticados na Europa, no caso dos inéditos por aqui.

A BMW, por exemplo, já disse que, para viabilizar a fabricação local de seus modelos, é necessário importar tecnologia -- e isso se traduz em custos, que seriam embutidos nos preços dos modelos. Seria suficiente para anular o desconto ensejado pelo fim dos impostos de importação.

MITSUBISHI NÃO BAIXOU

Um exemplo claro de como produção local não garante preço baixo é o do Mitsubishi ASX. Antes importado do Japão, o jipinho urbano passou a ser feito em Catalão (GO), numa fábrica já instalada (de onde sai o Pajero TR4) que recebeu investimentos para ampliação de capacidade.

A versão de entrada do ASX, com preço de R$ 83.490, ficou apenas R$ 1.000 mais barata que a importada (cerca de 1,2% de redução). A Mitsubishi explicou que o valor do carro japonês já era artificialmente baixo, pois não foi aumentado quando houve a elevação do IPI em 30 pontos percentuais.

Informalmente, UOL Carros ouviu de executivo da marca -- ao perguntar sobre o preço de outro futuro nacional, o Lancer -- uma justificativa mais sincera: "E os investimentos que fizemos para fabricar aqui, quem vai pagar?"

"Uma coisa é fazer carro popular, outra é fazer BMW. O Brasil tem fornecedores de ponta, mas teremos de trazer outros para atender nossas demandas", já disse Torben Karasek, diretor financeiro da BMW, que assumiu interinamente a chefia da marca no Brasil no começo deste ano. E mais: segundo Martin Fritsches, diretor de vendas, "é difícil dizer quanto o preço poderia ser reduzido, se é que seria reduzido, pois há fatores como câmbio, política, custos de produção".

AMORTIZAÇÃO
Na Mercedes-Benz, um interlocutor graduado -- que pediu anonimato -- explicou claramente o porquê de ser impossível prever redução de preços com a nacionalização dos modelos.

Num primeiro momento, muitas partes dos carros ainda serão importadas; no caso da Audi, até 65% delas. É como se, de cada dez carros fabricados aqui, quase sete fossem, de fato, importados. Além disso, o investimento nas plantas nacionais precisa ser amortizado. Mais uma vez tomando a Audi como exemplo, são cerca de R$ 500 milhões para recuperar com as vendas no Brasil.

A principal vantagem das marcas premium ao abrir (na verdade, já ao anunciar) fábricas no Brasil é aumentar imediatamente as cotas de importação, numa antecipação do benefício previsto no Inovar-Auto a quem se compromete com a produção local. A Mercedes, que hoje não tem Classe A em número suficiente para atender à demanda, resolveria essa questão rapidamente.

O proprietário de um dos modelos nacionalizados teria mais facilidade na manutenção, devido ao inevitável crescimento das redes autorizadas, bem como prováveis reduções no prêmio do seguro e no custo de reparações -- esta a médio prazo, quando mais peças forem fabricadas localmente.

Na verdade, a grande chance de haver preço menor para os carros nacionalizados é a decisão estratégica de cada montadora de usar isso como chamariz de marketing. Mesmo assim, de quanto seria essa redução? 5%, quem sabe; 10% já seria sonhar alto demais.

Na apresentação dos investimentos da Audi no Brasil, nenhum executivo quis falar sobre preços do A3 Sedan e do Q3 (este estreará no Brasil já na próxima geração), mas o raciocínio também se aplica a ela.

Abaixo, saiba mais sobre principal futuro modelo nacional das marcas citadas.

Audi A3 Sedan

  • Divulgação

+ Quem é: Audi A3 Sedan (plataforma MQB)
+ De onde vem: Será importado de Györ (Hungria) antes de ser nacional
+ Quanto custa: Preço indefinido no Brasil, mas como importado deve ser ligeiramente mais caro que o A3 hatch (R$ 95 mil a R$ 124 mil)
+ Quanto custará o nacional: Impossível prever 
+ Ficha técnica: Motor 1.4 TFSI de 122 cv ou 140 cv (ou 1.8 TFSI de 180 cv) e câmbio automatizado de dupla embreagem (seis ou sete marchas); poderá receber um eventual motor bicombustível

+ Quem é: BMW Série 1 (116i, 118i, 125i)
+ De onde vem: Importado de Ratisbona e Lípsia (Alemanha)
+ Quanto custa: Entre R$ 99.950 e R$ 169.950
+ Quanto custará o nacional: Deve manter esses valores
+ Ficha técnica: Motor 1.6 THP de 172 cv e câmbio automático de oito marchas

+ Quem é: Mercedes-Benz GLA (plataforma W176, a mesma do Classe A e CLA)
+ De onde vem: Será importado de Kecskemét (Hungria) antes de ser nacional
+ Quanto custa: Importado, será posicionado acima dos Classe A, B e CLA, mas abaixo da nova geração da Classe C, que será mais cara (palpite: pelo menos R$ 120 mil)
+ Quanto custará o nacional: O preço sempre será definido em relação ao restante da gama, a maior das três marcas alemãs; portanto, a questão da nacionalização é secundária -- até porque o produto mais importante da Mercedes é o Classe C
+ Ficha técnica: Motor 1.6 turbo de 158 cv (ou 2.0 turbo de 214 cv) e câmbio automatizado de dupla embreagem (sete marchas)

Land Rover Freelander 2

  • Divulgação

+ Quem é: Land Rover Freelander 2
+ De onde vem: Halewood (Reino Unido)
+ Quanto custa: A partir de R$ 145.500
+ Quanto custará o nacional: Pode ter leve redução no preço, como estratégia para aumentar volume de vendas
+ Ficha técnica: Motor 2.0 turbo a gasolina de 240 cv ou 2.0 turbodiesel de 190 cv e câmbio automático de seis marchas