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Novo Duster só chega em 2015; Renault prioriza Logan e Sandero

Eugênio Augusto Brito<br>Murilo Góes

Do UOL, em Frankfurt (Alemanha)

11/09/2013 14h42

Quando foi apresentado ao mundo, durante o Salão de Genebra de 2010, o romeno Dacia Duster tinha uma proposta única: ser a solução barata para um público que precisava (ou queria) um utilitário esportivo, mas não tinha condições de pagar pelas opções existentes no mercado europeu. No Brasil, nasceu um ano depois com o emblema em forma de diamante da francesa Renault (dona da Dacia) e outra proposta: ser o anti-EcoSport.

Apesar das diferenças colossais entre o povo do leste europeu e o brasileiro, o Duster se deu bem nos dois mercados apoiado em robustez, bom tamanho e custo-benefício atrativo. Na Europa, o acabamento simplório não representou empecilho. No Brasil, o modelo precisou passar por uma ligeira sessão de ajustes estéticos, que o alinhou ao nível da gama mais popular da Renault local, um pouco superior ao padrão Dacia. Com isso, seu estilo só começou a ser realmente questionado quando a Ford mudou tudo para a segunda geração do EcoSport, em 2012.

Agora, no meio de seu ciclo de vida, é a vez do Duster europeu ser ameaçado. E, novamente, pelo EcoSport, que está prestes a estrear neste mercado. Assim, a necessária evolução foi apresentada neste Salão de Frankfurt. Há uma plástica, com nova grade frontal e conjunto óptico remodelado. A inspiração vem do conceito DCross mostrado no último Salão do Automóvel de São Paulo, mas sem o requinte de iluminação de LED. Na traseira, só um rearranjo no desenho interno das lanternas. E na lateral, novas rodas. Há ainda nova pintura, em tom de azul. O grosso da mexida, porém, está no interior, que mostra um refinamento inexistente no modelo de lançamento.

EM VÍDEO

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Nada gritante, mas o acabamento de plásticos está mais bem executado, enquanto painel de instrumentos e iluminação entraram finalmente no século 21, assim como o posicionamento dos comandos elétricos dos vidros. O revestimento de porta-malas faz até o modelo nacional corar de vergonha. O mesmo pode ser dito dos equipamentos: para se adequar às regras europeias de segurança e ao novo rival, o nível subiu e o Duster romeno agora tem piloto automático, indicador de troca de marcha, controle de estabilidade, luzes diurnas e airbags laterais e de cortina, além dos tradicionais frontais.

A principal alteração, porém, está sob o capô. O SUVinho traz como principal opção o motor de 1,2 a gasolina com turbo e injeção direta de combustível, capaz de gerar 125 cavalos de potência. O câmbio é manual de seis marchas e a tração segue sendo 4x2 com opção 4x4. Com isso, o Duster pode ter mais chances na briga contra o Eco, que será vendido na Europa com motor Ecoboost (também turbinado) de 1 litro e os mesmos 125 cv.

O preço local ainda é fator determinante: 10.500 euros (pouco menos de R$ 37 mil na conversão direta).

QUANDO VIER, SERÁ ASSIM

  • Murilo Góes/UOL

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IMAGINA NA COPA
Segundo a Renault, o novo Duster tem chance zero de aparecer no Brasil em 2014, ano de Copa do Mundo. Apesar dos distanciamento em vendas do EcoSport, a montadora acredita que o Duster local cumpre bem sua missão e afirmou ter outras prioridades: leia-se solidificar a nova geração de Logan (que estreia agora em novembro) e Sandero (que surge no próximo ano) e definir os detalhes da possível importação de Captur e Mégane RS.

Para a marca, o Duster brasileiro não tem as limitações (de materiais e acabamento) que complicavam a vida do modelo europeu e por isso pode seguir competitivo por mais algum tempo. Além disso, é preciso focar nos compactos, sobretudo o sedã, que perdeu os atrativos frente a rivais renovados.

Quanto a Captur e Mégane (que estreou nova frente no salão, alinhada à atual linguagem visual da Renault e que estreia nas lojas europeias em abril), o compasso é de espera. A desvalorização do real frente a euro e dólar fez a marca rever detalhes da importação, ainda que tudo pareça mais uma questão de ajuste do tempo de chegada: quando questionados sobre com qual frente o Mégane chegaria, os executivos responderam sempre com um oportuno "com a frente que estiver sendo feita à época".

Viagem a convite da Anfavea