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Novo Peugeot 308 é "Golf francês" que Brasil não verá tão cedo

Eugênio Augusto Brito<br>Murilo Góes

Do UOL, em Frankfurt (Alemanha)

10/09/2013 22h57

No estande da francesa Peugeot no Salão de Frankfurt, uma mulher com olhar chocado praticamente barrava ao companheiro metros à frente: "Isso é o Golf, isso é o Golf". Não podia haver melhor comparação para a segunda geração do hatch médio 308, que estreia globalmente no evento alemão.

Global, porém, não é o melhor termo para este lançamento. O Brasil, por exemplo, foi "esquecido" e seguirá por muito tempo -- muito mesmo -- sem saber qual é a cara do modelo. Afinal de contas, o primeiro 308 surgiu por aqui há apenas um ano e meio (releia nossas impressões feitas em 2012, aqui).

Se serve de consolo -- e aí, você decide, caro leitor -- o carro vendido no país (e que é fabricado na Argentina) terá novidades no próximo mês, com a adoção sistemática do câmbio automático de seis velocidades e aposentadoria da caixa de quatro marchas (que já vai tarde).

É curioso, porém, saber que o novo 308 terá a missão de "fazer frente aos alemães" na Europa, segundo executivos da marca. Mas que, no Brasil, um desses alemães terá a missão facilitada por enfrentar o antigo 308. O Volkswagen Golf 7, que acaba de ser apresentado ao mercado brasileiro, será ao mesmo tempo rival ferrenho e mais doce inspirador.

Esta segunda encarnação do 308 é construída pela Peugeot sobre a nova plataforma modular (a EMP2), a exemplo do que a Volks faz com sua base modular (MQB) para ter o Golf. Além de configurações variadas e diversas possibilidades de motorização, entre outras características, a modularidade permitirá à marca reduzir custos de produção, uma vez que modelos diferentes podem ser produzidos com menor investimento. Ainda assim, a montadora acredita que o gasto na atualização não se justifica para o mercado sul-americano.

MASCULINO
Perde o consumidor: o Brasil não verá a versão mais máscula do modelo médio, com frente mal-encarada, traseira cortada rente, eixos mais próximos das extremidades e consequentemente, ótimo espaço interno; e perde a marca: que abre mão de competir de verdade no segmento.

Por dentro, o 308 aposta no chamado "i-cockpit" ou posto de condução interativo. Trata-se de uma evolução da cabine montada para o compacto 208, novamente com volante pequeno e em posição mais esportiva (com posicionamento mais baixo e pegada mais ligeira e precisa); painel de instrumentos elevado; central de infotenimento digital, com visual de smartphone e capacidade de controlar tudo, dos ajustes do carro e música à telefonia Bluetooth.

Mas não é mera cópia do 208 em tamanho M. O novo 308 também tem sua personalidade. Apesar de menor (são 4,25 metros de comprimento contra 4,27 do 308 atual), o modelo está ligeiramente mais generoso com os ocupantes (2,62 m de entre-eixos ante 2,61 m). Os bancos são amplos e aconchegantes, mas ainda assim com uma ponta de esportividade. Os ótimos materiais no revestimento de painéis e consoles surpreendem. Já o amplo teto solar panorâmico é opcional já conhecido. No porta-malas, apenas 420 litros, redução de 50 litros para o carro atual. No conjunto óptico, a maior afinidade com o irmão menor, com uso massivo de LEDs e lentes que lembram o olhar de felino (faróis) e a marca da garra do leão (lanternas).

Se viesse ao mercado brasileiro, poderíamos dizer que as motorizações mais interessante seriam aquelas movidas a gasolina, com turbo e injeção direta (THP), de 1,6 litro. Uma configuração rende 127 cavalos, enquanto a outra entrega os conhecidos 156 cavalos, sempre com câmbio manual de seis marchas. Rodas mais de raio 17 (ou 18 opcionais) completam o perfil esportivo.

Resta sonhar com a derivação que a Citroën fará em breve, sob o rótulo de novo C4. Ou então fazer como a Peugeot local e facilitar para os alemães.

FALA, XARÁ

Há alguns dias, executivos da Volkswagen reclamavam de uma europeia que, nas palavras deles, "copiou nomes de versões, como o GTi, apesar de usar a última letra minúscula". Nenhum nome foi dito, mas o fato é que a Peugeot deixou de mostrar um 308 GTi, a exemplo do que fez com o compacto 208, para jogas as luzes sobre o conceito de esportivo 308 R.

Curiosamente, é a mesma terminação usada pela variante de performance do Golf, posicionado acima do Golf GTI, e que também está sendo apresentado no Salão de Frankfurt.

Viagem à convite da Anfavea