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Mercedes-Benz GLA nasce em Frankfurt com passaporte brasileiro

Eugênio Augusto Brito<br>Murilo Góes

Do UOL, em Frankfurt (Alemanha)

10/09/2013 20h49

O Salão de Frankfurt de 2013 vai entrar para a história como uma mostra automotiva totalmente pés (ou rodas) no chão. E a versão de produção do Mercedes-Benz GLA tem grandes chances de ser escolhido o "carro do salão". Onde mesmo os conceitos mais inspirados guardam planos para carros reais, que devem surgir em pouco tempo, o crossover alemão mostra que a Mercedes não desperdiçou linhas e soube abraçar ideias próprias e alheias.

Tal importância é reforçada para o Brasil, para onde o GLA será importado em 2014 e, depois, fabricado localmente em um prazo relativamente curto, como executivos confirmaram na última segunda-feira em anúncio global (leia mais aqui), e nesta terça-feira (10), em entrevista a UOL Carros.

Na fase conclusiva do planejamento, resta à Mercedes escolher o local de sua  nova unidade no país e comunicar seus planos aos governos locais e federal. O Estado de São Paulo segue vantagem por conta de questões logísticas (com a escolha, a fábrica ficaria localizada na região de Campinas); no caso de Santa Catarina (onde o provável local ainda segue em sigilo), propostas de isenção pesam, ainda que a montadora afirme que "isso não é tudo".

GLA É BRASILEIRO
Independente do local da nova fábrica da Mercedes, já se tem uma lista praticamente fechada de modelos a serem fabricados. "A Mercedes é conhecida por seus sedãs, então precisamos oferecer um que agrade ao brasileiro, como é o caso do Classe C", afirmou Philipp Schiemer, presidente da montadora para o Brasil, à reportagem de UOL Carros em Frankfurt. "Outra grande escolha é a de um SUV compacto, como é o GLA", completou.

Com início da produção prometido para algo dentro de dois anos e capacidade para entregar 30 mil unidades, a fábrica de carros de passeio deve ter ainda um outro produto da família compacta da Mercedes saindo de suas linhas, como chances maiores para o hatch Classe A.

Não se fala, porém, em definição de preços -- nem de redução dos valores cobrados atualmente. E não só pela impossibilidade de se prever o destino do câmbio. "Não falo em redução automática de preços, porque uma fábrica serviria para recuperar investimento feito", declarou Schiemer. "Por outro lado, economizar em impostos gerais e no IPI traz benefícios, mas tudo precisa ser analisado", explicou o executivo, que cravou ainda a excelência da unidade.

Produtos feitos no Brasil terão de manter a qualidade de qualquer Mercedes-Benz europeu. E deverão trazer inovações, como uso de motores bicombustível. "O  projeto requer um grau de nacionalização e teremos a obrigação de desenvolver tecnologia localmente, o que não é problema, uma vez que já estudamos há algum tempo projetos na categoria flex", concluiu.


CLASSE A BOMBADO
Mas afinal, o que é e como é o GLA? Tecnicamente, a Mercedes afirma que seu mais novo modelo é um crossover baseado na plataforma compacta da marca, a mesma de Classe A e CLA. Na prática, o modelo é o anti-BMW X1, inclusive no porte. Baixinho e atarracado, com para-choque saliente e "ombros" exagerados, pouco lembra um SUVinho, estando mais para um hatch que pegou pesado na musculação.

Motores e câmbio são conhecidos: interessam ao Brasil o 1.6 a gasolina, com turbo, injeção direta e 158 cavalos (da versão GLA 200); e o 2.0 de quase 214 cv (GLA 250), também com turbo e injeção direta, além de tração integral 4Matic. Em qualquer caso, o câmbio é automatizado de sete marchas e embreagem dupla, com sistema start/stop auxiliando na economia de combustível. A miríade de segurança também é similar à do resto da linha.

Por dentro, surpreende mais que o ambiente esportivo o espaço apertado, sobretudo para os dois passageiros que viajam no assento traseiro, com pouco espaço para pernas e menos um palmo da cabeça ao teto (com bancos ajustados para quem tem 1,80 m). Esta área pode ser reduzida ainda mais com o deslizamento do banco que rende 60 litros extras ao porta-malas sem apelar ao rebatimento. Com bancos dobrados, o volume sobe dos iniciais 421 para 836 litros. Luxuoso, sim, mas pequeno. E ainda sem preço divulgado, apesar da estreia europeia marcada para novembro.

Além do GLA e da fábrica brasileira, a Mercedes destacou em Frankfurt as versões híbrida (S 500 h) e esportiva (S 63 AMG) do sedã de alto luxo Classe S, além do conceito S Coupé, que tem frente de CLA, corpo muito próximo ao do CLS (mas com bitola traseira avantajada) e substituirá o Mercedes CL.NO Brasil, o novo Classe S chega na versão S 500 com entre-eixos alongado até o final do ano.

Viagem a convite da Anfavea