C4 Lounge Tendance comete pecados ao forçar conservadorismo
Entre muitas máximas na indústria, há uma que diz "quem chega por último precisa fazer melhor". Depois de tantas atualizações e novos modelos no segmento de sedãs médios, a Citroën, enfim, lançou oficialmente o C4 Lounge. O modelo substitui o C4 Pallas que, com a longa espera, só despencava no ranking de vendas.
Os modelos não guardam qualquer semelhança. Um dos atributos do Lounge, mas que também tem seus pecados. O visual está mais moderno, com traços da família DS. O sedã também está mais robusto, com linhas marcantes. As medidas mais equilibradas também ajudam e não há a traseira pronunciada do Pallas.
VERSÕES E PREÇOS
2.0 Flex Origine | R$ 59.990 |
2.0 Flex Tendance M/T | R$ 62.490 |
2.0 Flex Tendance A/T | R$ 66.990 |
2.0 Flex Exclusive | R$ 72.490 |
1.6 THP Exclusive | R$ 77.990 |
Após avaliar a versão topo de gama THP (com motor a gasolina 1.6 turbinado, a R$ 77.990 -- releia nossas impressões), UOL Carros dirigiu a versão intermediária Tendance (com motor 2.0 flex) em Mendoza (Argentina), local de lançamento do sedã.
Esta versão oferece uma boa relação custo, com som, ar-condicionado automático de duas zonas, rodas de 17", sensores de estacionamento e crespuscular, freios ABS, airbags frontais e controle de velocidade por R$ 62.490 (manual) e R$ 66.990 (com câmbio automático de seis marchas, presente no carro testado). A configuração decepciona por não oferecer um sistema de navegação GPS presente apenas na versão mais cara.
QUERO SER CONSERVADOR
O conjunto mantém velocidades contantes com bom fôlego, mas não favorece uma condução mais dinâmica. O motor "antigo" (até 151 cv e 21,7 kgfm de torque), tem bloco de alumínio e comando de válvulas variável, mas ainda sofre nas retomadas. Não compromete as ultrapassagens, ainda que apresente ruído quando exigido.
A "conversa" com a nova transmissão, que prioriza o conforto e tem relações longas e trocas suaves, é conservadora acaba eliminando qualquer chance de esportividade.
A suspensão evoluiu. O acerto eficiente manteve o conforto no asfalto descuidado. O sedã está mais estável, firme em trechos de velocidades elevadas e não inclina muito a carroceria em curvas. O Lounge não joga a traseira em manobras bruscas como o Pallas e os passageiros do fundo não chocalham tanto.
A direção eletro-hidráulica é macia, mas poderia ter uma resposta mais rápida e precisa nas curvas.
BONS PREDICADOS
O acabamento é outro ponto positivo do modelo. Há materiais de qualidade, agradáveis ao toque e bem montados na cabine. Tons escuros e detalhes cromados compõem um ambiente mais sóbrio e requintado.
Há quem irá dizer que o sedã encaretou. O volante com a parte interna fixa e o painel central, inovação do Pallas, foram abandonados. Na hora de manter a atenção ao guiar, não fizeram falta. A combinação tradicional sempre foi muito mais intuitiva.
A redução do terceiro volume fez a capacidade do porta-malas cair de 580 litros para 450 litros. O entre-eixos de 2,71 m e os 4,62 m de comprimento, porém, são suficientes para conferir bom espaço interno para os passageiros, à frente e atrás.
O sedã tem seus predicados, mas chega com atraso em um segmento bastante disputado e cheio de renovações. Há ainda esta opção pela tocada conservadora, mas para enfrentar o domínio dos japoneses Toyota Corolla e Honda Civic -- e conquistar este consumidor tradicionalista -- seria preciso fazer diferente... e ousar um pouco mais.
Viagem a convite da Citroën
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