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Novo Ford Fusion Hybrid ainda trata consumo baixo como artigo de luxo

André Deliberato

Do UOL, em Itu (SP)

06/08/2013 07h00

Três anos após estrear o Fusion Hybrid no Brasil (releia aqui nossas impressões sobre a primeira encarnação do sedã híbrido), a Ford apresentou nesta segunda-feira (5) a segunda geração da versão ecologicamente amigável do modelo, que chega às lojas no final deste mês.

O preço do carro está menor: caiu de R$ 133.990 a R$ 124.990. A oferta de equipamentos, entretanto, segue o nível da geração anterior -- ou equivalente ao da atual versão Ecoboost AWD, até então a mais recheada. Entre os principais itens estão freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição da força de frenagem), direção elétrica, ar-condicionado digital, câmera de ré, auxílio para permanência em faixa, alerta de colisão, sistema de monitoramento de pontos cegos, assistente de partida em rampa, controle de tração e estabilidade, sensor de chuva, sistema multimídia Sync, botão de partida, rodas de liga leve de 18 polegadas e teto solar elétrico. Além disso, o modelo passa a contar com sistema de estacionamento automático (Park Assistant) e controle de cruzeiro adaptativo.

Desta forma, a configuração híbrida funciona como topo da gama pelo preço, ainda que em termos de desempenho "bruto" ela se posicione entre o Fusion 2.5 Flex (tração dianteira, 175 cavalos, R$ 92.900) e o Ecoboost AWD (tração integral, motor 2.0 turbo de 240 cv, que chegou ao país por R$ 112.990, mas que agora é vendido por preço oficialmente maior: R$ 114.990).

O custo das manutenções no Brasil, diz a Ford, será o mesmo do Fusion Ecoboost.

VERDE (AINDA) É LUXO
A Ford diz que o Fusion híbrido será direcionado a clientes de Classe A e interessados no mercado premium -- em outras palavras, a marca mira o público endinheirado ao classificar seu modelo ambientalmente correto como "luxuoso". Este consumidor, teoricamente, poderia trocar seu desejo por modelos como Mercedes-Benz (Classe C), Audi (A4) e BMW (Série 3) para ostentar o argumento de preocupação com o futuro da humanidade.

Usando a proposta híbrida como mote, os concorrentes no país seriam da Toyota: os médios Toyota Prius (R$ 120.830) e Lexus C200h (R$ 149 mil), que na prática é o mesmo carro que o Prius, mas envolto no acabamento mais refinado da Lexus, marca premium da montadora japonesa.

A expectativa da Ford é vender 40 unidades por mês, ou cerca de 10% das vendas da versão Ecoboost. Desde o lançamento da geração anterior, em novembro de 2010, apenas 270 unidades do Fusion híbrido foram para as ruas (vale lembrar que o sedã verde foi usado até mesmo pelo Planalto). Esse número corresponde a 1,6% das vendas do modelo desde então. O Fusion foi lançado no Brasil, ainda na primeira geração, em 2006 -- e de lá até agora, 68.501 unidades foram emplacadas.

  • Divulgação

    Coração híbrido: motor 2.0 similar ao do Focus se junta a gerador para entregar 190 cv

MOTOR DE FOCUS + ELÉTRICO
Esqueça o antigo motor de 2,5 litros. No Fusion Hybrid 2014, a Ford optou pelo Duratec de 2 litros -- da mesma linha usada no médio Focus, mas que aceita apenas gasolina e gera 145 cavalos de potência.

Este motor difere daquele usado no Focus (que é flex) também pela adaptação do regime de admissão, mais eficiente: funcionando em ciclo Atkinson, e não no rotineiro Otto, tem-se um tempo maior de abertura das válvulas de admissão, com maior fluxo de ar e taxa de compressão (que salta de 10,8:1 para 12,3:1). Combinado a um motor elétrico de 88 kW, o trem-de-força fornece potência total de 190 cv, segundo a Ford.

A bateria do propulsor elétrico, de íons de lítio, é outra novidade -- ela é menor, mais leve e menos agressiva ao meio ambiente: são 23 quilos a menos que a anterior, que usava níquel em sua composição. Com ela, a velocidade máxima do carro apenas no modo elétrico também foi ampliada e passou de 75 km/h para 100 km/h. Os freios são regenerativos e podem recuperar até 95% da carga elétrica.

Quem comanda o conjunto é um câmbio CVT (continuamente variável). A tração, ao contrário da versão Ecoboost, é dianteira, e não integral.

Para ver a ficha técnica completa, clique aqui.

O MAIS ECONÔMICO
O novo Fusion já chega com o rótulo de "carro mais econômico do Brasil", de acordo com dados do programa Conpet (a etiquetagem veicular, do Inmetro), que apontam consumo de 16,8 km/l de gasolina na cidade e 16,9 km/l na estrada. A Ford diz que o Fusion Ecoboost tem consumo médio de 9,1 km/l com no Brasil.

Entre os rivais de motorização, o Prius faz 15,7 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada, segundo dados do Inmetro. É praticamente a mesma média do C200h, que faz 15,7 km/l e 14,2 km/l, respectivamente, nas mesmas condições.

Nos testes de segurança norte-americanos do NHTS (a agência governamental de regulação e segurança viárias), o Fusion Hybrid obteve cinco estrelas.

IMPRESSÕES
UOL Carros rodou por cerca de 30 quilômetros com uma unidade do modelo, entre trechos urbanos e rodoviários na região de Itu e Salto, interior de SP.

Por dentro, o sedã é todo tecnológico. O revestimento de couro e os botões touch-screen do console central transpiram modernidade e luxuosidade. O quatro de instrumentos tem duas telas de LCD (nas laterais do mostrador analógico central) que exibem informações de condução e do sistema de entretenimento SYNC.

Não foi possível avaliar o controle de cruzeiro adaptativo, uma das maiores novidades do carro, pois as condições do test-drive não permitiram a utilização do sistema.

Curioso é que o comportamento do motorista passa a ser "bipolar" a bordo de um Fusion híbrido: na cidade, você tende a guiar o carro dosando o pé e acelerando com progressividade, com o intuito de aproveitar a eficiência do conjunto elétrico e não gastar combustível. Na estrada, acontece o contrário. Quando a velocidade ultrapassa 100 km/h, o motor a combustão entra em ação e instiga quem dirige a acelerar mais.

As retomadas de velocidade são poderosas para um carro de 1.650 kg. Os freios regenerativos estimulam o motorista a frear gradualmente, com o propósito de recuperar a energia das baterias -- que só podem ser recarregadas desta maneira.

O carro é firme em curvas e tem suspensão bem acertada para o solo brasileiro (macia quando necessária e mais dura em trechos sinuosos). No geral, o Fusion Hybrid é agradável de se conduzir.

O motorista só lembra que está a bordo de um sedã na hora da baliza. Seus 4,87 metros de comprimento (3 cm a mais que a geração anterior) não são fáceis de manobrar -- neste ponto a câmera de ré ajuda, mas o novo assistente de frenagem (chamado pela Ford de Park Assistant) faz a diferença. Ele funciona exatamente como o Park Assist da Volkswagen: acionado por meio de um botão, ele encontra a vaga através de sensores e controla automaticamente o volante -- para o motorista, basta trocar a marcha e controlar os pedais de aceleração e frenagem.

E o consumo? Bem, o carro avaliado por UOL Carros fez a média de 13,8 km/litro de gasolina (lembrando que o roteiro era misto entre cidade e estrada). Vale dizer que em trechos fechados (de velocidades mais altas) o motor a combustão sempre esteve ligado; na cidade o foco foi utilizar somente o motor elétrico; e o ar-condicionado foi utilizado em 100% do percurso.

Viagem a convite da Ford do Brasil