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Audi Q5, chique, fica mais esperto com motor V6 3.0; leia impressões

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/07/2013 13h05

UOL Carros teve seu primeiro contato com o Q5, SUV médio de luxo da Audi, no lançamento do modelo no país, em 2009. A impressão, à época, foi de acertos (beleza, tecnologia embarcada) que seriam maculados em alguma medida pelo alto valor pedido (entre R$ 205 mil e R$ 275 mil, relembre) ou pelos bons atributos de seus rivais diretos feitos por BMW e Mercedes-Benz, entre outros. Acontece que o modelo de Ingolstadt se estabeleceu no país e desbancou os adversários em vendas... até este ano.

Só que o tempo passa para todos e, com ele, a necessidade de melhorias e atualizações. Em 2012, o Q5 entregou 256 unidades contra 222 da Classe M da Mercedes-Benz (a classe GL vendeu menos) e 210 do BMX X3 -- rivais coreanos entregaram muito mais que os alemães, por conta de preços mais em conta, ainda que o acabamento e eficiência (neste segmento) sejam discutíveis. Este ano, o jogo virou: a Audi até manteve a média semestral, entregando 126 unidades, mas BMW e Mercedes venderam três e duas vezes mais, respectivamente, no período.

Foi o que a levou a Audi a apresentar, em maio, o novo Q5 (ano/modelo 2013), revelado globalmente no final de 2012 e que finalmente é visto nas lojas brasileiras. Visualmente, o modelo ficou um pouco mais refinado, com LEDs refeitos nos faróis (um losango deitado perfeito) e lanternas (o formato de "lâmina" bota presença agora, mesmo durante o dia), além de leves alterações de para-choque e outros detalhes. Equipamentos que eram opcionais passaram a incluir o catálogo de fábrica, como o gigante teto solar elétrico e panorâmico (Open Sky), o ar condicionado automático, o volante com couro e borboletas de troca de marcha e o sistema de ré com câmeras e sensores útil demais num veículo de 4,62 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,65 m de altura, que garantem que você vai enxergar menos do que deveria do mundo exterior, ainda que se posicione bem dentro dos 2,80 m de entre-eixos.

Como o mundo está mais exigente, foi preciso melhorar consumo e emissões: câmbio automático de oito marchas para toda linha, bastante suave e que promete (segundo a Audi) reduzir os gastos em até 15%, algo promissor; além disso, a versão topo de gama, Ambition, praticou o "downsizing" de leve e reduziu o volume de seu V6 de 3,2 para 3 litros -- com turbo e injeção direta, o motorzão a gasolina ficou um pouco mais potente que o anterior (272 cavalos, 3 cv a mais) e muito mais parrudo (40,78 kgfm de torque, ante pouco mais de 33 kgfm).

Curiosamente, o modelo está mais barato do que há quatro anos, ainda que siga com valores salgados: parte de R$ 203.900 (2.0 Attraction), R$ 217.400 (2.0 Ambiente) e R$ 246.700 para o Ambition testado. Ou quase isso: a unidade cedida conta ainda com pacote de opcionais que facilitam a vida nos grandes centros e também na estrada, mas jogam o preço final para R$ 282.600.

Permitir acesso ao carro e partida sem uso da chave, dar assistência ao modo de condução (Drive Select, com opções de maior econômia, conforto, dinamicidade ou o modo personalizado), sensor de ponto cego e piloto automático adaptativo (ACC, que acelera, freia a mantém a distância do veículo à frente em parâmetros definidos pelo motorista) são funções do pacote Advanced (R$ 30 mil!). Dar som de home theater de luxo à cabine do Q5 é com o som Bang & Olufsen (R$ 5.900). O sistema multimídia com navegador de R$ 10.500 já faz parte do pacote Ambition, mas também deveria estar incluso em qualquer um dos outros catálogos em nossa opinião, de tão primordial.

NADA BOBO
O que fica do contato atual com o Q5 V6 é a nítida sensação de que o modelo ficou mais imponente, seja pelo visual um tanto desafiador (com seus LEDs ligados), seja pelo belíssimo som do motor roncando, sobretudo no modo Sport (jogue o câmbio para baixo ao máximo e acione o Drive Select par dinâmico). E isso é o melhor desse conjunto: ter a sensação de que um modelo tão grande não tem comportamento abobalhado, mesmo que com cinco pessoas e malas embarcadas, sensação sempre presente no Q5 2.0. Aqui, é tudo preciso.

Ou quase. O apuro final, de novo, lembrando tratar-se um modelo de mais de R$ 250 mil, poderia ser maior. Está tudo lá: bom acabamento, muita tecnologia, teto solar enorme... mas basta olhar para o volante e bancos "normais" (confortáveis, eficientes, mas sem a base achatada ou o envolvimento de corpo que o pacote S Line, de acabamento esportivo, poderia sugerir); ou para os botões, que se parecem muito com qualquer um encontrados nos modelos mais baratos da linha Volkswagen. Para espantar o desgosto, só mesmo pisando fundo.

Pisou, andou; levou o pé mais ao fundo, têm-se mais força e capacidade para colocar o carro onde for preciso na pista. A tração integral quattro, disponível desde o começo da era Q5, já deixava tudo mais fácil de controlar, mas a maior disposição do novo motor permite até abusar mais de pisos inóspitos, o que quase ninguém faz ou fará com carro assim -- mas algo do que nós de UOL Carros nunca abrimos mão. E o resultado é animador, até. O consumo ficou bem abaixo dos 11,8 km/l prometidos pela fábrica; mas como alcançamos a média de 7,2 km/l com boa dose de conforto (ar-condicionado sempre ligado) e aventura (trilhas, subidas de morro e muito uso dos equipamentos), parece razoável até. O tempo dirá, novamente, qual a dose de acerto do SUV, agora no meio de sua vida. 

  • Murilo Góes/UOL

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