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Conta não fecha para Tracker encarar Eco e Duster no Brasil

Chevrolet Tracker em Buenos Aires: devagar com o andor, que o carro é de cota - Murilo Góes/UOL
Chevrolet Tracker em Buenos Aires: devagar com o andor, que o carro é de cota Imagem: Murilo Góes/UOL

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em Buenos Aires (Argentina)

20/06/2013 18h48Atualizada em 21/06/2013 01h07

O SUV compacto Tracker ficou em segundo plano no estande da Chevrolet no Salão de Buenos Aires, que abriu ao público nesta quinta-feira (20). Na apresentação à imprensa, só se falou em Corvette e Camaro, além do Prisma (lançado neste evento; como no Brasil, o Onix chegou antes). Mas o jipinho, claro, era o mais importante para os jornalistas brasileiros. Afinal, quando ele chegará a nosso país?

Em primeiro lugar, se ele chegar, será como estrangeiro. O presidente da General Motors para a América Latina, Jaime Ardila, foi taxativo ao dizer que não há onde produzir o Tracker no Brasil. A única solução seria importá-lo do México (que vai abastecer a própria Argentina a partir de setembro).

No entanto, existe uma cota de importações firmada entre Brasil e México, fixada por valor, e não por quantidade de carros (como é a do Inovar-Auto, de cerca de 9.600 carros/ano). O que exceder o total permitido (calculado de acordo com o fluxo expecífico de veículos de cada montadora entre as filiais) será sobretaxado como qualquer outro importado. Dentro da cota, todas as tarifas são zeradas e o carro pode custar o mesmo que se fosse fabricado no Brasil.

No momento, garantem executivos da GM, todo valor em carros Chevrolet que pode ser levado do México ao Brasil (obviamente, não se fala em cifras) está sendo gasto com as importações de Sonic (hatch e sedã, os quais, segundo executivos, têm fila de espera) e do SUV médio Captiva.

Até o final da primeira quinzena deste mês, a soma das vendas dos modelos era de 8.343 unidades. Sozinho, o Ford EcoSport, primeiro alvo natural do Tracker em nosso mercado, emplacou 30.263 unidades no mesmo período (ou seja, projeta 60 mil até o final do ano); o Renault Duster, 17.049 (projeta 34 mil).

MATEMÁTICA
Os números não mentem: se de fato a cota da GM está sendo completamente usada para trazer algo entre 17 mil e 20 mil unidades/ano de modelos em faixa de preço semelhante à do Tracker, não haveria carro suficiente para este ser um vencedor em seu segmento, mesmo que gastasse toda a cota. UMa saída poderia ser vendê-lo como um carro premium, para encarar SUVs urbanos franceses (como o Renault Captur) e até mesmo o nipônico Mitsubishi ASX (agora fabricado em Goiás). Mas a GM/Chevrolet não é marca de volume? Tudo bem ficar cada vez mais atrás de Fiat e Volkswagen? Então, tá.

Faltou dizer que o nome Tracker, herdado da antiga adaptação da Chevrolet para o jipinho 4x4 Suzuki Vitara (aliás, herda também a tração nas quatro rodas, presente em uma das versões), só foi mesmo confirmado para o mercado da América do Sul, Brasil inclusive, por ocasião deste Salão de Buenos Aires. Enjoy e Trax (nome "global") foram especulações; a variação da Opel chama-se Mokka, e da Buick, Encore.

A mídia da Argentina espera que os preços locais do Tracker comecem pelo equivalente a R$ 53 mil.

  • Murilo Góes/UOL

    Bem massudo quando visto de perto, o Tracker lembra mesmo um Captiva reduzido

GLOBAL EM 2017
Jaime Ardila confirmou a jornalistas que a GM prepara um novo carro global, cuja parcela brasileira de desenvolvimento já está concluída (não disse qual é a área, porém). O modelo deve ser um compacto capaz de substituir o Celta -- que, por incrível que pareça, resistirá à nova legislação de segurança -- e enfrentar rivais que chegarão nos próximos meses e anos, como Volkswagen Up e os substituto de Fiat Mille e Ford Ka.

Mas é bom esperar sentado, porque esse novo modelo não será lançado antes de 2017. Nem seus locais de fabricação estão definidos ainda.

Viagem a convite da Anfavea