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Uruguai é paraíso sul-americano para os carros chineses

Carros chineses no Uruguai: à esquerda, um Geely LC (branco) e, do outro lado da rua, um BYD F0 (preto); à direita, MG parado ao lado de um Haima 1 vermelho (acima) e jipinho da Zotye com JAC J3 Turin (branco) ao fundo. Fotos foram feitas ao longo de cinco minutos em duas vias de Punta del Este...  - Claudio Luís de Souza/UOL
Carros chineses no Uruguai: à esquerda, um Geely LC (branco) e, do outro lado da rua, um BYD F0 (preto); à direita, MG parado ao lado de um Haima 1 vermelho (acima) e jipinho da Zotye com JAC J3 Turin (branco) ao fundo. Fotos foram feitas ao longo de cinco minutos em duas vias de Punta del Este... Imagem: Claudio Luís de Souza/UOL

Claudio Luís de Souza

Do UOL, em Punta del Este (Uruguai)

15/05/2013 00h36

A fabricante chinesa Lifan escolheu como país-base de sua operação na América do Sul o Uruguai, cujo mercado automotivo movimenta em um ano mais ou menos o que vendem Gol, Uno, Palio, HB20 e Fox no Brasil num único mês. Em 2012, segundo a Ascoma (associação de revendas que equivale à nossa Fenabrave), foram emplacados 53.233 carros em todo o Uruguai -- leve aumento em relação aos 51.383 de 2011. A população total do país é de cerca de 3,3 milhões.

O que chama a atenção por aqui, e certamente isso não escapou à observação dos estrategistas da Lifan (tampouco os incentivos do governo uruguaio, que teriam sido significativos), é a grande aceitação das marcas automotivas chinesas -- especialmente da Chery, cuja fábrica local é pioneira na América do Sul. A unidade fabril da Lifan, que opera em regime CKD (apenas montagem) desde outubro do ano passado, é um ensaio para eventual implantação da empresa no Brasil. Por ora, pode exportar carros para nosso país sem grande oneração aduaneira, já que o Uruguai integra o Mercosul.

É este o caso do SUV médio X60, a ser apresentado nesta quarta-feira (15) para marcar a reentrada da Lifan no Brasil -- após a cisão com a Effa e o papelão protagonizado pelos modelos 320 (cópia malfeita do Mini Cooper) e 620 (pior sedã já dirigido por UOL Carros). Enquanto isso, vai ensaiando seus primeiros passos num país com "preconceito zero" ante carros chineses.

Num passeio rápido pelo centro de Punta del Este, badalada cidade litorânea frequentada por ricaços (mas que em dias úteis fica deserta), UOL Carros topou com vários modelos "vermelhos", de marcas como BYD, Geely, Zotye (sim, Zotye), MG (britânica controlada por chineses) e Haima, além das mais conhecidas JAC e a "uruguaia" Chery. Curiosamente, não se viram carros da própria Lifan, que escolheu Punta como palco do lançamento do X60.

Em 2012, a Chery vendeu no Uruguai 2.556 carros. A Chevrolet, líder inconteste, emplacou 9.979, cerca de quatro vezes mais. No entanto, vale observar que o desempenho da Chery foi praticamente igual ao da Hyundai e superou o de marcas tradicionais na América do Sul, como Ford, Renault, Toyota e Peugeot.

Outras chinesas que tiveram desempenho admirável no ano passado foram a Geely, com 932 emplacamentos, e a BYD (esta, há uns três anos ensaiando sua entrada no mercado brasileiro), com 898. A já citada Zotye, aparentemente desconhecida até na própria China, vendeu 107 carros no Uruguai em 2012. Os dados incluem automóveis de passeio e utilitários leves.

No Brasil, JAC e Chery somaram no primeiro quadrimestre deste ano cerca de 7.700 emplacamentos.

PASSAGEM LIVRE
O sucesso relativo certamente conta com o fato de o mercado do Uruguai ser totalmente aberto às importações de veículos (todos os preços são em dólar, inclusive de carros vindos do Brasil). É a única maneira de suprir uma demanda tão baixa; a rigor, só faz sentido ter fábrica aqui se for para exportar. Natural que as marcas chinesas, ávidas por legitimação em mercados além-fronteiras, venham oferecer seus carros neste pequeno país.

Mas há outro fator importante: no Uruguai fazem sucesso os subcompactos, que medem entre 3,5 e 3,8 metros e são ideais para uso urbano. O Chevrolet Spark (a partir de US$ 12.490) é o paradigma, mas o segmento vem recebendo mordidas chinesas principalmente de BYD (com o modelo F0, US$ 12.390), Geely (com o LC, US$ 13.890), Haima (com o 1, US$ 13.490) e FAW (com o V2, a US$ 14.890).

Como se nota, os preços desses carros pequenos não são exatamente baixos -- a tabela de valores praticada no Uruguai é, no geral, mais salgada que a do Brasil. Considerando que os uruguaios parecem não dar muita bola para carro enquanto símbolo de status, que as distâncias no geral são curtas, e que a economia local não é das mais dinâmicas, explica-se bem a opção preferencial pelos carros pequenos (inclusive chineses).

Além das marcas mencionadas acima, o Uruguai conta ainda com representações de Brilliance, Chana, Changhe, DFSK, Foton, Gonow, GWM, Hafei, Mudan, Orient, Shineray, Wuling, Yasuki, ZNA, Zotye e ZX Auto.

Nesta quarta, UOL Carros acompanha o lançamento do X60, inclusive a divulgação de seu preço (tema de concurso promovido pela Lifan), e depois publica as impressões ao dirigir).

Viagem a convite da Lifan