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Toyota confirma recall do airbag e chama quase 30 mil Corolla

Corolla produzido entre 2002 e 2003 é um dos modelos afetados pelo recall: quase 30 mil carros - Divulgação
Corolla produzido entre 2002 e 2003 é um dos modelos afetados pelo recall: quase 30 mil carros Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo (SP), com agências

11/04/2013 13h47Atualizada em 07/10/2016 14h01

A Toyota confirmou nesta sexta-feira (12) que o recall global de airbags atinge o Brasil. De acordo com a marca, estão envolvidas 29.864 unidades do sedã Corolla produzidas entre 31 de maio de 2002 a 06 de agosto de 2003 -- todas das versões XEi e SEG. Os modelos afetados têm numeração de chassi entre 9BR538500004 a 9BR538530349 (não sequencial). A fabricante pede, em comunicado, que clientes tirem dúvidas por meio do telefone 0800 703 0206 ou pelo site www.toyota.com.br.

QUAL É O PROBLEMA?
Um recall gigante foi anunciado nesta quinta-feira (11) pela Takata, uma das maiores fabricantes de airbags do mundo e atinge 3,4 milhões de carros em todo mundo -- principalmente de marcas japonesas -- fabricados no Japão e no México entre 2000 e 2004. Airbags defeituosos do banco do passageiro da frente podem pegar fogo, informaram as empresas.

Entre os modelos envolvidos em todo o mundo estão Toyota Camry, Corolla, Tundra e Lexus SC (este da marca de luxo da Toyota); Nissan Maxima, Cube, X-Trail e Teana; Honda Civic, CR-V e Odyssey. 

Também nesta quinta, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça cobrou explicações rápidas e detalhadas por parte das fabricantes de carros envolvidas no recall global de airbags.

HONDA E NISSAN
Por enquanto, apenas a Toyota confirmou que unidades vendidas no país estão envolvidas na convocação. No resto do mundo, a marca também está fazendo recall de cerca de 173 milhões de unidades produzidas entre novembro de 2000 e março de 2004, incluindo 580 mil unidades vendidas na América do Norte e 490 mil na Europa.

Este é o maior recall desde que a fabricante recolheu mais de 7 milhões de veículos no mundo (38 mil no Brasil), em outubro passado.

A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) divulgou nota no decorrer da tarde afirmando que a Secretaria Nacional do Consumidor pediu esclarecimentos às empresas cobrando informe "imediato de que forma e quando serão feitos os reparos, caso os dispositivos sejam do mesmo fabricante Takata Corp e lote defeituoso".

Além disso, a associação afirma que "por envolver risco à saúde e segurança do consumidor, as montadoras têm que agir rápido" e sem determinar um prazo limite para que a campanha de reparo seja feito. "[A Proteste] Discorda da imposição, pelos fornecedores, de prazo limite para a realização dos serviços necessários à plena regularização das condições dos produtos ou serviços objeto de recall. Enquanto houver no mercado produtos que apresentem os problemas que levaram ao chamamento, o fornecedor será responsável por sua pronta reparação, sem qualquer ônus para os consumidores, ainda que a campanha de chamamento estipule um prazo para seu encerramento", estabelece a nota.

Segundo a entidade, após o reparo do modelo envolvido no recall, o consumidor deve "exigir o comprovante de que o serviço foi feito. É importante mantê-lo para repasse a outro dono em caso de venda do veículo".

Representantes da Honda do Brasil ainda não se manifestaram sobre o problema, nem informaram se a falha de airbags envolve carros vendidos no país. A Honda do Japão afirmou que seu recall envolve cerca de 1,14 milhão de veículos no mundo -- o Civic vendido no Brasil é fabricado aqui, não no Japão ou México, mas resta saber se há problemas com o crossover CR-V, importado do país norte-americano. A Nissan vendia o X-trail no Brasil importado do Japão, mas ainda não confirma se precisará participar do chamado.

A Nissan está recolhendo 480 mil veículos globalmente, mas já afirmou que o número de carros envolvidos pode crescer. A representação brasileira da marca afirmou que ainda busca informações sobre o caso, mas confirmou que o X-Trail só começou a ser importado ao Brasil em 2006, após o período dos modelos afetados por esta convocação.

Já a Mazda está convocando 45.500 veículos também no mundo, incluindo os modelos RX-8 e Mazda6, nenhum vendido oficialmente por aqui.

Outras fabricantes também receberam airbags com o problema, disse o porta-voz da Takata, Toyohiro Hishikawa. Ele, porém, não identificou os nomes das empresas. A Takata fornece airbags e cintos de segurança também para marcas como Daimler (Mercedes-Benz) e Ford.

Este é a maior convocação envolvendo airbags produzidos pela Takata, a segunda maior fornecedora mundial do componente e também de cintos de segurança -- em 1995, a companhia convocou 9 milhões de carros em todo o mundo por conta de falhas no cintos de segurança. Agora, todos os veículos envolvidos foram produzidos a partir de 2000.

  • Bloomberg/Reprodução

    Projeção mostra acionamento de airbags da Takata em carro da Toyota

PRINCÍPIO DE INCÊNDIO
Em um acidente, o airbag do banco do passageiro da frente pode não inflar corretamente, devido a um problema com o propelente usado no dispositivo, disseram as empresas. Como resultado, há risco de princípio de incêndio ou ferimentos aos passageiros. Ainda assim, Toyota, Honda e Nissan disseram que não receberam relatos de ferimentos ou mortes causadas pelos airbags defeituosos. Os airbags defeituosos foram produzidos entre 2000 e 2002 em fábricas da Takata no México e no Japão.

A escala das recentes ações de segurança ressaltam o risco de problemas na enorme cadeia de fornecimento global das montadoras, conforme os fabricantes de veículos dependem cada vez mais de um punhado de fornecedores de peças comuns ou semelhantes para cortar custos, afirmam analistas.

Ainda não há uma previsão do total de custos envolvidos no reparo de uma frota tão grande de carros. A Toyota japonesa, porém, afirmou que o reparo será feito com a troca do sistema propelente defeituoso por um novo, processo que pode levar até 2h30.

"Os infladores (dos airbags) em si não são tão caros, mas há o custo para cobrir as horas gastas para resolver o problema", disse o analista de automóveis do JP Morgan, Kohei Takahashi.