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Audi quer fazer A3 em fábrica da Volks no Paraná; Golf 7 vem junto

Audi A3 duas portas, ainda inédito no Brasil: como outros membros da família, pode virar paranaense - Sauer Stefan/Divulgação
Audi A3 duas portas, ainda inédito no Brasil: como outros membros da família, pode virar paranaense Imagem: Sauer Stefan/Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Ingolstadt (Alemanha)

12/03/2013 15h45Atualizada em 12/03/2013 18h39

A Audi anunciou na tarde desta terça-feira (12) ter sido habilitada como importadora independente dentro do novo regime automotivo nacional (Inovar-Auto), o que permite que traga ao Brasil, este ano, cerca de 3.800 carros livres do "super IPI" (a taxação extra de 30 pontos percentuais sobre o IPI para importados). Para comparar, em 2012 inteiro foram apenas 3.949 emplacamentos de carros de passeio feitos pela marca -- total que sobe a 4.961 unidades com os SUVs Q3, Q5 e Q7 na conta.

Parece pouco, e realmente é, a própria Audi admite. E a receita para mudar o cenário tem três etapas mais ou menos sucessivas: aproveitar a "fôlego" dado pela isenção da taxação extra, levar o novo hatch A3 ao mercado brasileiro e, em médio prazo, fabricar toda a família A3 no Brasil, retomando a operação da fábrica conjunta com a Volkswagen em São José dos Pinhais (PR), onde o médio premium e o Golf 4 já foram construídos na mesma linha até o começo do século atual.

Sim: o plano revelado por importantes executivos globais da marca alemã em Ingolstadt nesta terça inclui a retomada da parceria com a Volkswagen na região metropolitana de Curitiba como forma de viabilizar a produção local do novo A3, sobre a multiplataforma MQB (a mesma do Golf 7, carro disponível apenas na Europa, por ora), nas variantes hatchback de duas e quatro portas e sedã.

Como "efeito colateral", o novo Golf também sairia do Paraná -- e não do México, uma das alternativas para ter o carro no Brasil até 2014 e acabar de vez com o incômodo hiato da marca-mãe do grupo no Brasil (o Golf atual é conhecido como 4,5 e está três gerações atrasado). Um executivo da Audi chegou a tratar o Golf 7 como já em fase de pré-produção nacional. 

O retorno da operação industrial no Brasil (em algum nível) é uma das condições impostas à Audi (e a qualquer importador) pelo governo de Dilma Rousseff como contrapartida para as benesses do Inovar-Auto. Além disso, com a construção de fábrica da arquirrival BMW em Santa Catarina, feito ainda em 2012, perder tempo passa a ser perder vendas e ficar ainda mais distante da atual líder do segmento premium (no país e no mundo).  

Segundo Bernd Martens, membro do conselho-diretor da Audi global e responsável geral de compras da companhia, Audi e Volks do Brasil devem se sentar no começo de abril para começar a estudar a viabilidade do projeto da fábrica. Tudo, porém, converge para a retomada da aliança no Paraná.

"Se acontecer, faz todo sentido usar e expandir algo já existente, como a área de Curitiba, para fabricar a família A3", afirmou o executivo. "É muito mais viável", disse Martens em bom português (ele já foi executivo da Volkswagen do Brasil durante a fase de parceria das marcas em Pinhais) a UOL Carros durante a convenção anual realizada na sede da marca, em Ingolstadt (Alemanha).

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    Linha de produção da Volks no Paraná: na foto tem Fox, mas dá para imaginar A3 e Golf...

A3 e GOLF FLEX?
Como o Inovar-Auto pede cerca de 50% de peças produzidas localmente em novos carros feitos no Brasil (a chamada "nacionalização"), a Audi acredita que "tentar fazer funcionar ao máximo a sinergia existente com a Volkswagen é a forma mais rápida e racional de atender ao acordo", segundo Martens.

"Usando a estrutura da Volkswagen, que já tem uma base enorme de tecnologia local e tem trazido também novos e mais modernos fornecedores para construir o Up e o Golf, teríamos mais facilidade para construir nossos carros com alta qualidade [no Paraná], tendo de trazer pouco de fora", revelou o executivo alemão.

Tal parceria permitiria à Audi tornar local a fabricação de componentes fundamentais, como os novos motores da família EA211 (com variantes 1.4, 1.8 e 2.0 com turbo e injeção direta de combustível, usadas por exemplo no A3 europeu), que passariam a ser produzidos em São Carlos (SP), inclusive com a pesquisa de tecnologia flex, projeto existente para os mercados norte-americano e sueco, mas também "dentro do estudo atual para o Brasil", segundo Martens. Traduzindo: pense num A3 flex, já que é impossível imaginar o Golf 7, seu irmão de plataforma, vendendo bem no Brasil sem beber etanol e gasolina.

Além de Audi A3 Sport (hatch de duas portas), Sportback (quatro portas) e Sedan (três-volumes, a ser lançado e exibido como conceito em Genebra 2011) e do novo Golf, a fábrica do Paraná teria ainda condições de fabricar uma nova geração do "suvinho" Q3, voltada não apenas para o abastecimento do mercado local, mas também para exportação aos Estados Unidos. E de competir em preços com a BMW. "O cenário atual mostra que poderíamos fazer algo próximo do que a rival mostrou estar disposta a fazer em termos de preços", encerrou Martens.

Procurada pela equipe de UOL Carros, a Volkswagen do Brasil não quis comentar as declarações dos executivos da Audi. A marca alemã apresenta nos próximos dias 26 e 27, em Curitiba (PR), sua gama de ano-modelo 2014. Este ano, comemora o 60º aniversário de sua operação nacional.

Viagem a convite da Audi do Brasil