Topo

JAC J2 tem atrativos de carro veterano e falhas de novato

J2 torce pescoços em São Paulo (SP); JAC espera que ele faça sucesso, enquanto a fábrica não vem - Murilo Góes/UOL
J2 torce pescoços em São Paulo (SP); JAC espera que ele faça sucesso, enquanto a fábrica não vem Imagem: Murilo Góes/UOL

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/02/2013 20h15

Lançado em novembro passado, o J2 é o novo carro de entrada da JAC para o Brasil e tem como missão ser maioria entre as 25 mil unidades/ano (número máximo estabelecido pelo programa Inovar-Auto) que a marca poderá importar da China, até que sua fábrica em Camaçari, no interior da Bahia, fique pronta (em algum momento do segundo semestre de 2014).

Enquanto a nova casa não estreia, a JAC venderá o carrinho por valores um pouco acima de R$ 30 mil. Atualmente ele custa R$ 31.990, mas vale lembrar que o reajuste do IPI para automóveis terá aumento progressivo até junho, o que significa preço maior daqui para frente.

Visualmente, o carrinho chama atenção -- nas ruas, ele torceu pescoços por onde passou e não só pelo fator novidade. Esteticamente, a frente é mais harmônica que a traseira, que tem lanternas muito grandes para o carro. Grande também é a lista do que é oferecido.

POR DENTRO
UOL Carros
conviveu por quase dez dias com uma unidade de testes do J2. Alguns pontos notados durante a avaliação feita em seu lançamento se comprovaram. O carrinho tem ótimo espaço interno para um compacto (são 3,53 metros de comprimento e 2,40 m de entre-eixos), mas porta-malas minúsculo (120 l), que serve bem a duas pessoas, mas começa a atrapalhar se forem três a levar bagagem.

O plástico duro predomina no interior, mas nada que desagrade a quem conhece os modelos desta categoria. Ainda assim, o acabamento de Fiat Uno, Nissan March e até mesmo do Volkswagen Gol, por exemplo, são superiores. O quadro de instrumentos é organizado, mas os marcadores de combustível e o conta-giros são pequenos e falta a indicação de consumo.

A cabine é ruidosa e o barulho incomoda os passageiros. E não há botão na cabine que abra as portas após o travamento automático -- para receber uma carona, o motorista precisa subir o pino de sua porta para que todas as outras se abram. Incômodo desnecessário atualmente.

Os ajustes também são engessados: a posição de dirigir é um pouco mais elevada que o normal, o que pode agradar a algumas mulheres, mas atrapalha os mais altos. Para piorar, o banco do motorista não tem regulagem de altura. A coluna de direção pode ser acertada em altura, mas não em profundidade.

NA PRÁTICA
Durante o lançamento do J2 na Bahia, UOL Carros fez um teste predominantemente estradeiro. No campo minado que é o asfalto de São Paulo, porém, o carrinho mostrou características não percebidas no roteiro baiano.

Apesar de contar com suspensão independente nas quatro rodas, algo que surpreende, o comportamento parece inadequado para nossas ruas. Ao enfrentar buracos um pouco maiores, ela mostrou ter batidas secas e, pior, quedas bruscas. 

O volante também mostra excesso de folga e chega a ser desconfortável. Em manobras, a sensação é de se lidar com um carro sem assistência de direção -- mas ela existe e é elétrica. As trocas de marchas são curtas, mas imprecisas e confusas.

Os freios, a discos ventilados na dianteira e a tambor na traseira, seguram bem o carrinho, mas parte do mérito se deve ao baixo peso (915 kg).

Apesar de todos os vacilos, o compacto tem atrativos interessantes, como a lista de equipamentos completaça em comparação aos principais concorrentes -- ela inclui freios ABS com EBD (antitravamento e distribuição de força de frenagem), airbag duplo, faróis de neblina, sensor de ré, ar-condicionado, trio elétrico e rodas em liga de alumínio -- e os seis anos de garantia.

ÁGIL, SÓ QUE NA MARRA
Equipado com um motor 1.3 (mas anunciado como 1.4), o J2 foi pensado para ser ligeiro na cidade -- são 108 cv e 14,1 kgfm de torque. O problema está na necessidade de se manter rotações muito altas para usufruir dessa força: a potência máxima só chega aos 6.000 giros e o torque, a 4.500 rpm. 

Dessa forma, o condutor abdica do rodar suave e, consequentemente, de um melhor consumo de combustível. Não foi possível obter o consumo oficial do J2: a JAC não divulga dados e não há computador de bordo. De toda forma, rodamos quase 400 quilômetros com um tanque de gasolina de 35 litros, média de quase 11,5 km/l.

Procure fazer um test-drive com os modelos que você achar interessante dentro do segmento (Hyundai HB20, Nissan March, Fiat Uno, Chevrolet Celta e Ford Ka, pelo tamanho, são alguns deles). Dentro dessa faixa de preço, também é possível levar carros maiores (como Volkswagen Gol, Chevrolet Onix e Fiat Palio).

Recomendamos que você tente dar uma volta com todos antes de assinar o cheque para levar um J2 para casa. Apesar de completo, esperto e com seis anos de garantia, note suas dificuldades. O carro ainda é calouro em nosso asfalto -- e, nesse caso, experiência vale muito.