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Cheia de "influências", GAC é única chinesa em Detroit

Tem de ter SUV nos EUA? A GAC mostra o elétrico Trumpchi GS5, misto de Tiguan, X1 e XC60 - Carlos Osorio/AP
Tem de ter SUV nos EUA? A GAC mostra o elétrico Trumpchi GS5, misto de Tiguan, X1 e XC60 Imagem: Carlos Osorio/AP

André Deliberato

Do UOL, em Detroit (EUA)

18/01/2013 12h30

A GAC (Guangzhou Automobile Group, onde a palavra principal é pronunciada como "guánzou") é a única -- e inesperada -- fabricante chinesa a expôr seus carros no Salão de Detroit. E como a marca sequer tem um estande na área principal do Cobo Center, pavilhão onde o evento é realizado, o jeito foi improvisar um espaço no longo corredor que separa a bilheteria dos portões de entrada e sair falando a quem quer que passe, sem hora marcada.

PRONTA PARA A BRIGA

  • Carlos Osorio/AP

    Xiangdong Huang, presidente da chinesa GAC, faz graça ao posar para fotos, mas marca diz estar pronta para vender seus carros nos EUA.

Mas se o "puxadinho" e a falta de agenda fazem crer em falta de planejamento, convém não rir das intenções da GAC. Na China, a empresa tem ou teve aliança com diversas marcas bem conhecidas: Mitsubishi, Honda, Toyota (para motores), Peugeot (já extinta) e Chery (num acordo local de compartilhamento de tecnologia) e briga para ser um dos grandes grupos automotivos.

A mais forte joint-venture, porém, é mantida com a Fiat. Dessa união nasce o sedã Viaggio, a versão da marca italiana para o americaníssimo Dodge Dart. Apresentado ao mundo em 2012, o Fiat Viaggio é fabricado em uma unidade da GAC para abastecer o mercado asiático -- na Europa e no Brasil, onde o sedã também deverá ser vendido, a produção será da própria Fiat. 

O próximo passo para a GAC será representar a marca Jeep, da Chrysler (que é controlada pela Fiat), na China. E, em contrapartida, passar a vender seus modelos nos Estados Unidos, algo que a marca pretende realizar ainda em 2013.

QUAIS CARROS 
A GAC trouxe três modelos a Detroit e uma coisa certa: o desenho precisa ter mais personalidade. O primeiro é o Trumpchi 4WD, sedã médio híbrido, que utiliza a plataforma do antigo Alfa Romeo 166. O motor é um 1.8 turbo de 176 cavalos, equipado com sistema start-stop, acoplado a um propulsor elétrico no eixo traseiro. O câmbio é automático de cinco marchas e a tração, integral, como indica o sobrenome. Com essa combinação, o 4WD é capaz de rodar no modo totalmente elétrico a baixas velocidades, de modo semelhante ao Ford Fusion Hybrid. 

Mas as citações a carros de marcas conhecidas avançam quando falamos do visual, já que o sedã parece uma mistura de Volkswagen Passat e Toyota Corolla com a grade do Nissan Sentra.

Outro modelo é o SUV elétrico Trumpchi GS5, que ao ser visto de lado lembraria demais um BMW X1, não fosse o bico de Tiguan. Olhando frontalmente, vêm à mente Volvo XC60 e, de novo, o Sentra. Seu O motor elétrico gera 200 cv e promete aceleração de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, com velocidade máxima limitada a 160 km/h. A recarga da bateria, segundo a fabricante, pode ser feita em apenas duas horas.

Há até um esportivo na prancheta da GAC. O conceito E-Jet é um sedã-cupê de quatro portas, cujas linhas são xerox de outro protótipo, o alemão Mercedes-Benz CSC.

O carro da Mercedes foi apresentado ao mundo no Salão de Pequim, em abril de 2012, esteve presente ao Salão de São Paulo, em outubro, e deu origem ao sedã CLA, exibido aqui em Detroit.

Já o da GAC, que ainda tem a frente lembrando um Volvo S60, é um híbrido com um motor 1.0 turbo de 129 cv e outro elétrico de 41 cv com autonomia anunciada de 600 km e consumo na casa dos 50 km/l.

QUEM SOU EU?

  • Rebecca Cook/Reuters

    GAC E-Jet (acima) é conceito elétrico da marca chinesa exposto no Salão de Detroit.

  • Murilo Góes/UOL

    "Influências" do chinês são claras: o alemão Mercedes-Benz CSC e o sueco Volvo S60 (abaixo).

  • Murilo Góes/UOL

O QUE É GUANGZHOU?
Guangzhou é uma cidade do sudeste da China, próxima a Hong Kong, que ficou ligeiramente conhecida no Brasil ao contratar jogadores que atuaram com destaque no futebol nacional -- o argentino Darío Conca, ex-Fluminense, e o ex-botafoguense Élkeson são exemplos -- para o principal time da cidade, o Guangzhou Evergrande F.C. 

Além do time de futebol, a cidade também vive da fabricação de carros das diversas alianças da GAC. Curiosamente, o Fiat Viaggio não é feito em Guangzhou, mas na cidade de Changsha, 700 km ao norte, onde a unidade pode produzir aproximadamente 140 mil carros por ano.