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Crash test americano muda ângulo de batida e reprova geral

Toyota Camry: roda invade a cabine, teto enverga e volante sai do eixo num massacre ao ocupante - Reprodução
Toyota Camry: roda invade a cabine, teto enverga e volante sai do eixo num massacre ao ocupante Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo (SP)

20/12/2012 21h40

Tire as crianças da sala (ou do carro) e prepare-se para cenas pavorosas. Um novo teste de segurança conduzido nos Estados Unidos sobe a exigência sobre automóveis a níveis tão elevados, que equivale quase a um filme de terror -- ou ao fim do mundo -- para muitas fabricantes.

O teste chama-se "small overlap" (que pode ser entendido como "choque contra obstáculo pequeno") e consiste em jogar um carro a 64 km/h (40 mph) de frente contra uma mureta de forma que apenas a quina (25% da frente, predominantemente na lateral, segundo o instituto) seja atingida. O critério não é uma invenção aleatória: ele simula uma batida muito comum contra postes, árvores ou contra a quina traseira de um carro ou caminhão após o motorista tenta desviar, sem sucesso.

VEXAME
O resultado é desanimador: alemães como Mercedes-Benz Classe C e Audi A4 foram reprovados com um "poor" ("fraco"), enquanto o rival BMW Série 3 passou raspando, com um "marginal" (literalmente "no limite", mas que pode ser lido como "regular"), mesma nota de Volkswagen Jetta e Hyundai Sonata e abaixo do "aceitável" obtido pelo novo Ford Fusion.

Mas o instituto tratou de puxar a orelha da Toyota, líder de mercado que não surge com nenhum de seus best-sellers em posição favorável: tanto o Camry quanto a perua Prius V (baseada no carro híbrido), avaliados, tiveram desempenho vexatório, com deformação de teto, roda dianteira invadindo a cabine, assoalho e pedais subindo, volante se deslocando e airbags travando ou "errando" a cabeça do dummie, o boneco utilizado nos testes. O mesmo ocorreu com o modelo IS 350 da Lexus, subsidiária de luxo da marca japonesa.

Segundo o IIHS, apenas dois de 18 carros médios dos Estados Unidos (o segmento mais importante daquele mercado, com modelos que no Brasil são considerados grandes) receberam a nota "good" ou "bom", o grau mais alto da nova avaliação. São eles Honda Accord 2013 (a nova geração do sedã, que chega ao Brasil como sedã de luxo importado do Japão) e Suzuki Kizashi (não disponível por aqui). A lista cresce um pouco, chegando a quatro, quando se somam os resultados do segmento premium, com a entrada de Volvo S60 e Acura TL (da divisão de luxo da Honda, por sinal). A chave para o sucesso está nas colunas frontais (as do para-brisa), arco do teto e estrutura do motor reforçadas, airbags em maior número e com programação de disparo mais robusta.

COMO FUNCIONA
O novo crash test é uma resposta ao teste padrão ("moderate overlap"), no qual o carro se choca contra o obstáculo, também a 64 km/h, com 40% da frente e de forma mais centralizada. A iniciativa é do IIHS (Insurance Institute for Highway Safety), instituto criado pelas seguradoras americanas para avaliar a segurança de veículos e vias de forma autônoma, em oposição ao NHTSA (o órgão do governo), e que coleciona polêmicas no mundo automotivo por seus testes muito mais rigorosos, com impactos laterais, capotamentos e análise de bancos e apoios de cabeça. Vem de lá, por exemplo, a ideia de mostrar como carros pequenos levam a pior em batidas com modelos maiores, de fato.

Embora não sirva para inutilizar os métodos atuais -- que seguem fazendo parte das avaliações de segurança do próprio IIHS e do NHTSA, nso EUA, no Euro NCAP (na Europa) e até do Latin NCAP (no Brasil) -- serve de alerta para que as fabricantes não estacionem no desenvolvimento dos modelos.