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Ford EcoSport ganha recursos do andar de cima com versões Powershift e 4WD

Novo EcoSport adota tração integral (4WD, na foto) e estreia câmbio de dupla embreagem - Divulgação
Novo EcoSport adota tração integral (4WD, na foto) e estreia câmbio de dupla embreagem Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/12/2012 10h10Atualizada em 09/04/2014 18h07

A Ford apresentou nesta semana mais duas variantes da nova geração do EcoSport, ambas montadas sobre as configurações mais fortes e caras do "jipinho", equipadas sempre com motor Duratec flex de 2 litros, com 147 cavalos de potência máxima (a 6.250 giros) e  torque de 19,68 kgfm (a 4.250 giros) com etanol. A primeira derivação já está lojas e responde pelo nome de Powershift, alcunha da transmissão automatizada de seis marchas e dupla embreagem da Ford, que substitui o câmbio automático padrão utilizado na geração anterior. A outra é a 4WD, com tração nas quatro rodas e câmbio manual (atenção, vamos repetir: manual) de seis marchas, que só chega ao mercado na segunda quinzena de janeiro de 2013.

Os detalhes e preços das novas versões são os seguintes:

- Ford EcoSport 2.0 Powershift SE: R$ 63.390
Além do câmbio automatizado de seis marchas e dupla embreagem (uma aciona as marchas ímpares, outra as marchas pares, com trocas em 0,2 segundo), traz o pacote tradicional da versão 2.0 SE com ar-condicionado, direção elétrica, vidros, travas e espelhos elétricos e volante com regulagem de profundidade e altura, airbag duplo, freios com ABS (antiblocante), assistência de frenagem de emergência e de partida em rampa, AdvanceTrac (controle de estabilidade e tração), faróis de neblina e rack de teto, Sync (comandos de voz para configurações, entretenimento e telefonia com Bluetooth), entre outros.

- Ford EcoSport 2.0 Powershift Titanium: R$ 70.890
Adiciona ao pacote anterior grade cromada, rodas de liga leve aro 16, ar com comando digital, acesso e partida sem chave, sensores de chuva, dos faróis, do retrovisor interno (antiofuscante) e de estacionamento.

- Ford EcoSport 2.0 Powershift Titanium +: R$ 74.590
Complementado por airbags laterais e de cortina e bancos de couro.

- Ford EcoSport 2.0 FreeStyle 4WD: R$ 66.090
Com tração integral e comando de reforço da tração traseira (ITCC) e suspensão traseira independente, traz ainda o pacote visual da versão FreeStyle, ar, rodas de liga leve de 16 polegadas, direção elétrica, trio elétrico, sensor de estacionamento, sistema de comando por voz Sync, airbag duplo, freios com ABS, controles de estabilidade, tração e de partida em rampa.

- Ford EcoSport 2.0 FreeStyle 4WD +: R$ 69.790
Acrescenta bancos revestidos de couro e airbags laterais e de cortina ao pacote anterior. 

A Ford evitou divulgar previsões absolutas de vendas, mas deixou escapar a expectativa de que as vendas do EcoSport com motor 2.0, reforçadas pelas novas opções, representem de 30% a 40% das entregas da nova geração. Dentro deste universo particular, o da configuração mais forte, o EcoSport 4WD isoladamente deverá manter o patamar de 10% dos emplacamentos.

NOVO PADRÃO

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    No detalhe, alavanca do câmbio Powershift (seis velocidades, dupla embreagem) do EcoSport

Sem diferenças facilmente perceptíveis a olho nu -- o EcoSport parece ser sempre igual em toda e qualquer configuração que chegue a mercado --, mas com um bom reforço sob o capô, as duas novas versões chegam para reforçar o discurso do marketing da fábrica sobre "agregar valor e oferecer mais conforto ao público que procura os pacotes mais completas do produto". E também para mostrar as entrelinhas do plano de ação da Ford.

Na prática, elas esboçam um novo patamar para modelos compactos nacionais, que finalmente passam a contar com equipamentos mais sofisticados. O movimento iniciado pela Chevrolet com seu Onix com câmbio automático de seis marchas e tela multimídia sensível ao toque (leia nossa avaliação aqui) e pela Renault, também com telas inteligentes na linha derivada da Dacia (Logan e Sandero, que passam a ter o sistema MediaNav visto no Duster), deve se alastrar a partir de agora.

No caso da Ford, essa expectativa já era alardeada desde o último ano: até 2015, a Ford deve exibir uma linha renovada, tanto na aparência dos modelos, quanto no nível de equipamentos, ainda que isso implique num preço mais alto. A renovação de EcoSport e do Fusion iniciou esta mudança. O próximo passo vem agora, com a estreia destas transmissões (com seis marchas, uma manual, outra automatizada com dupla embreagem) num modelo compacto, caso do EcoSport. Em 2013, este mesmo conjunto fará parte da lista de equipamentos do New Fiesta reestilizado, mostrado no Salão do Automóvel de São Paulo (não viu? Clique aqui e confira) e que deixará de ser importado do México para ser fabricado no Brasil.

Fica a torcida para que, dentro de alguns anos, a oferta de equipamentos desse nível deixe de ser um diferencial, condição fundamental para que os preços finalmente comecem a cair. 

COMO ANDAM ECOSPORT POWERSHIFT E ECOSPORT 4WD

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    EcoSport "traçado" mantém nome 4WD, agora com sistema oriundo do americano Escape


UOL Carros percorreu um  trajeto de cerca de 100 quilômetros entre a cidade de São Paulo e Itatiba, na região de Campinas, a bordo do EcoSport Powershift, equipado com o novo câmbio automatizado de dupla embreagem, ora no comando do volante, ora como passageiro. Em Itatiba, foi a vez de testar o novo EcoSport 4WD num rápido circuito off-road, montado na propriedade de um hotel-fazenda local.

Assim como mudam quase nada o exterior, as novas configurações também mexem pouco no interior do EcoSport, que segue tendo mais problemas de acabamento -- com encaixes desalinhados, excesso de rebarbas nos plásticos duros do painel e das portas e uma tela central cheia de recursos, mas muito difícil de enxergar -- do que seria de se esperar. Se por um lado a impressão é negativa, torna-se necessário dizer que o Eco segue acima do padrão do segmento (leia-se Duster). Pouco, mas acima.

O grande predicado do SUV é, de fato, a dirigibilidade extremamente acertada e, agora, a oferta de recursos até então disponíveis apenas em veículos de luxo. Este é um achado tão grande no segmento, que leva a Ford a exagerar e relacionar modelos díspares como rivais do EcoSport Powershift. Citou-se da finada Chevrolet Meriva Easytronic, monovolume que nunca sonhou em encarar os SUVs de entrada, ao coreano Hyundai ix35, maior e mais caro, mas equipado com motor 2.0 flex. O certo é que a chegada do câmbio Powershift ao EcoSport dá uma amostra do que poderemos ver no futuro no segmento de compactos.

Esqueça, a noção da dupla embreagem associada ao alto desempenho, com pegada esportiva -- estilo propagado pelas marcas europeias, como Volkswagen, Mercedes-Benz e Ferrari, entre outras. No andar inferior, o sistema chega com a mesma proposta dos automáticos -- poupar o motorista da troca incessante de marchas no tráfego pesado -- com o bônus de consumir menos combustível.

A Ford diz que o sistema utilizado no EcoSport é até 20 quilos mais leve que qualquer caixa automática do mesmo porte, ao mesmo tempo em que faz trocas em até 1/3 do tempo destas. Na pista, o que se percebe é que praticamente não há trancos entre as trocas. A eletrônica presente também ajuda o motorista em situações antes impensadas: em situações de manobra, o sistema "entende" a velocidade menor, o esterçamento mais constante e maior uso do pedal de freio e dispara o modo "Creep", que reduz a oferta de torque, deixando o SUV mais domável; em outra situação, quando se pisa no freio na aproximação de um cruzamento com o semáforo fechado, por exemplo, o sistema desacopla as embreagens, para reduzir o consumo.

A promessa da Ford é de gasto de um litro de etanol para cada 6,7 quilômetros rodados na cidade, chegando a 8 km/l na estrada. Este último foi exatamente o consumo obtido durante nosso teste. A marca renderá a nota A (a melhor) na lista de 2013 do Programa de Etiquetagem do Inmetro, ainda não divulgado oficialmente. Vale dizer que a geração antiga do EcoSport tinha nota E (a pior) para a versão 2.0 automática (câmbio de quatro marchas). Além disso, a marca promete um sistema robusto, projetado para durar até dez anos ou 240 mil quilômetros "livre de manutenção".

ESCUTA ISSO
Mas, contrariando tudo o que já vimos em termos de câmbio de dupla embreagem, há muito, muito barulho. É difícil manter uma conversa civilizada com outros ocupantes da cabine. Mais difícil ainda é saber se o ruído em níveis desagradáveis se deve apenas ao mau isolamento acústico da cabine ou também ao descompasso do novo sistema com o antiquado motor Duratec. O fato é que o sistema não conseguiu impedir trocas de marchas acima de 4 mil ou 5 mil rotações, faixa na qual os berros do motor são inevitáveis.

TRAÇANDO TUDO
Mais tranquila, curiosamente, é a vida a bordo do novo EcoSport 4WD "importa" do americano Escape seu sistema de tração permanente. O sistema analisa o modo de condução do motorista e as condições do terreno 60 vezes a cada segundo para definir quanto do torque deve ser enviado às rodas dianteiras e traseiras. Na base do painel, à frente do câmbio, o botão 4WD surge para ser acionado quando se precisa reforçar a performance em terrenos mais complicados: habilitado, envia mais tração para as rodas traseiras.

O grande trunfo da versão, porém, está na suspensão traseira independente, que já existia no Eco 4WD da geração anterior, bem como nos pedais mais baixos e com curso melhor do que os utilizados no Eco Powershift.