Topo

Nova lista de carros mais econômicos do país tem estreantes e até esportivo

Novatos como o Toyota Etios, hatch e sedã (foto), estreiam com nota A e lição de eficiência - Divulgação
Novatos como o Toyota Etios, hatch e sedã (foto), estreiam com nota A e lição de eficiência Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/11/2012 16h03Atualizada em 09/11/2012 18h53

Ainda não é o ranking de 2013, que promete mudanças radicais (saiba mais abaixo), mas o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) divulga veladamente e a conta-gotas a atualização da quarta edição do Programa Brasileiro de Etiquetagem Automotiva, ranking que lista o consumo de carros vendidos no país e inscritos de forma voluntária pelas fabricantes. Esta atualização à lista original liberada em fevereiro já traz modelos 2012/2013 e inova ao mostrar novatos, como Toyota Etios (hatch e sedã) e Hyundai HB20 (o 1.0), bem como carros de nicho com mecânica esportiva, como o Citroën DS3 (que é importado), entre os mais eficientes e econômicos, portanto.

Veteranos da lista anterior, como Fiat Mille, Fiat Uno, Renault Clio (que apesar da nova roupagem apresentada no Salão do Automóvel mantém o mesmo conjunto mecânico sob o capô) e Honda Civic 1.8 seguem como exemplo aos demais. Há ainda modelos que trocaram de geração e melhoraram em consumo, como o novo Ford EcoSport (o antigo tinha notas C, D e E, a depender da motorização e cãmbio, enquanto o novo é A, com o motor 1.6 e câmbio manual). E há o caso do híbrido Ford Fusion, mantendo a nota A para a geração atual -- a nova geração foi mostrada no Salão, mas não está na classificação do Inmetro, por enquanto.

E há um caso sui generis: o Peugeot 207 Blue Lion, versão "pelada" do hatch que foi apresentado ao mercado apenas para figurar como econômico na lista do Inmetro, conforme apurou UOL Carros (releia aqui). Espera-se que esta versão não dure muito nas lojas, uma vez que a chegada do novíssimo 208, a partir de março de 2013, deve garantir à fabricante um modelo realmente competitivo e com nota A (o novo carro vai utilizar o mesmo motor 1.5 do primo-irmão Citroën C3, que recebeu a nota máxima). 

A atualização do ranking da quarta edição do Programa (2012) elenca 52 modelos diferentes (o instituto usa uma classificação totalmente esdrúxula, diferente daquela utilizada na venda de carros, mas termina por considerar um total de 169 versões) de dez marcas (antes eram oito e o número deve seguir crescendo) -- Fiat, Ford, Honda, Kia, Peugeot, Renault, Toyota e Volkswagen ganharam a companhia de Citroën e Hyundai. Veja a lista completa clicando aqui.

COMO FUNCIONA
Segundo o Inmetro, são elegíveis ao ranking 50% de todos os modelos com média de vendas de pelo menos 2 mil unidades. Ou seja, se a fabricante A tiver 20 modelos à venda e 10 deles venderem pelo menos 2 mil unidades, terá de "entregar" pelo menos cinco modelos (deste total de 10 bem vendidos) para os testes, caso decida participar.

De fato, a fabricante apenas aponta quais modelos cederá ao teste, que é feito pelo Inmetro e suas entidades parceiras (Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Petróleo, Instituto de Pesos e Medidas, Cetesb, Conpet e Petrobrás) de forma aleatória -- são escolhidos carros de concessionários, sem aviso prévio. Os resultados são apresentados à fabricante, que pode contestá-los (neste caso, repete-se a prova e o novo resultado é definitivo -- a montadora pode até fazer uma contra-prova por conta, mas o dado final e oficial é sempre do Inmetro). Com tudo certo, a fabricante é obrigada a divulgar a nota em etiqueta de consumo de todas as unidades à venda, em todos as lojas. A etiqueta deve estar colada em um dos vidros do carro. 

Se o comprador perceber que um carro avaliado pelo Inmetro está sendo vendido sem a etiqueta de consumo, basta fazer uma reclamação junto à entidade (clique aqui para saber como contatar o Inmetro). O mais importante, porém, é dar preferência à compra de modelos mais eficientes, que ajudarão o comprador/motorista a poupar dinheiro no futuro, na conta do posto de combustível.

QUEM TEVE O PIOR ÍNDICE (NOTA E)

MODELOCOMBUSTÍVELCONSUMO
Volkswagen Polo 1.6 (hatch e sedã)etanol/gasolina6,2/9,4 km/l (cidade); 8,1/12,1 km/l (estrada
Kia Soul 1.6 manualetanol/gasolina7/10,3 km/l (cidade); 8/11,8 (estrada)
Kia Soul 1.6 automáticoetanol/gasolina6,5/9,6 km/l (cidade); 7,6/11,1 (estrada)
Toyota Camry 3.5 V6gasolina7,5 km/l (cidade); 10,2 km/l (estrada)
Ford EcoSport 2.0 (1ª geração)etanol/gasolina5,2/8 km/l (cidade); 7/10 km/l (estrada)
Kia Sorento 2.4gasolina6,9 km/l (cidade); 7,9 km/l (estrada)
Ford Ranger 2.3 (CS e CD)gasolina7,3 km/l (cidade); 9 km/l (estrada)

"A diferença de gasto com abastecimento entre carros da mesma categoria que tiveram nota A e nota E pode chegar a R$ 600 por ano, totalizando R$ 3 mil em cinco anos", afirma Marcos Borges, responsável pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem. "Embora tenha de procurar mais no momento da compra, o consumidor pode usar esta economia de até R$ 3 mil que terá no decorrer do uso do carro para custear outros gastos, como seguro, IPVA e até mesmo com as prestações do financiamento".

De toda forma, mesmo um carro com nota E está em melhor situação que um modelo que não participa do Programa, de acordo com a leitura do Inmetro, que considera que a credibilidade da marca cresce quando ele se predispõe a participar da medição. Por este ponto de vista, a ausência da Chevrolet no ranking, única das quatro grandes marcas e uma das poucas entre as principais vendedoras (ao lado da Nissan) que insiste em se manter afastada do Programa por discordar das regras (veja aqui), é mais nociva à própria montadora do que ao índice ou ao próprio consumidor.

Para o Inmetro, o Programa Brasileiro de Etiquetagem é mais objetivo e confiável que os similares europeu e americano, justamente pelo fato de ser conduzido por órgãos independentes das fábricas e "fiscalizado" pelo consumidor. Borges chega a citar o caso das marcas coreanas Hyundai e Kia, que foram acusadas recentemente de divulgar dados irreais de eficiência nos Estados Unidos (saiba mais aqui). "No exterior, as fabricantes indicam seus dados de consumo, mas não há quem faça testes, nem quem fiscalize, fica apenas na palavra da marca. Aqui, o teste é oficial e isso dá credibilidade tanto ao processo, quanto às montadoras que exibem notas maiores. E dá poder de escolha e também de fiscalização ao consumidor, que pode e deve dar preferência a quem tem a nota", afirma.

  • Murilo Góes/UOL

    Citroën DS3, com motor 1.6 turbo, é chique, esportivo... e eficiente, de acordo com o Inmetro

EM 2013, AVALIAÇÃO TERÁ NOVAS MARCAS E ATÉ PNEUS
O quinto ciclo da Programa Brasileiro de Etiquetagem, a ser divulgado na entrada de 2013, será maior e mais exigente, aponta o Inmetro. Além da nota de eficiência no consumo de combustível, as etiquetas com os dados do novo índice vão exibir também a emissão de gases. Os dados servirão de base, inclusive, para concessão do benefício às fabricantes pelo novo programa automotivo (Inovar Auto).

No Salão do Automóvel, já era possível ver alguns carros exibindo esta nova etiqueta. É o caso, por exemplo, do novo Kia Cerato, que será vendido com motor 1.6 flex e nota A em eficiência (médias de 6,8 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada, com etanol) e emissão de 117 gramas de CO2 por quilômetro rodado com gasolina (a marcação de poluentes é dada apenas para o combustível fóssil, uma vez que algumas correntes técnicas acreditam que o etanol compensa a emissão de poluentes com seu ciclo de produção mais limpo que o da gasolina).

Além disso, espera-se que o número de participantes praticamente dobre e o total de carros avaliados suba exponencialmente: no momento, 20 marcas estão inscritas com mais de 205 modelos, mas espera-se que a lista seja fechada com quase 30 marcas. Até mesmo fabricantes como Porsche, que só tem modelos com espírito esportivo, e Jaguar irão participar do índice de 2013.

O Inmetro promete publicar também o Programa Brasileiro de Etiquetagem de Pneus -- os compostos serão avaliados pela resistência ao rolamento (que influi diretamente no consumo de combustível), capacidade de frenagem em piso molhado e nível de ruído emitido.