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Chevrolet Spin LT leva cinco no lugar de sete para ter porta-malas 'infinito'

Chevrolet Spin tem missão dura: substituir Meriva e Zafira e manter o bom número de vendas das duas - Murilo Góes/UOL
Chevrolet Spin tem missão dura: substituir Meriva e Zafira e manter o bom número de vendas das duas Imagem: Murilo Góes/UOL

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/09/2012 08h00Atualizada em 21/09/2012 11h43

Meriva e Zafira foram duas minivans de sucesso entre os recentes produtos da Chevrolet. A Spin sabia que sua missão de substituir as duas ao mesmo tempo seria tarefa árdua, pois elas eram exemplos de carros confortáveis, belos (tudo bem, estavam defasadas, mas tinham linhas harmoniosas) e com preço atraente.

Segundo o relatório mensal da Fenabrave de agosto, missão cumprida com folga: 4.503 unidades vendidas contra 2.136 carros da dupla Nissan Livina/Grand Livina e 286 JAC J6 -- ainda há modelos familiares como Citroën Xsara Picasso ou Fiat Doblò, mas estes não se encaixam no segmento de minivans.

Só que a liderança do segmento não significa necessariamente que o carro seja o melhor da categoria. Mais importante: a Spin tem qualidade para mandar Meriva e Zafira para o espaço numa só tacada ou vai deixar os fãs da velha dupla de minivans órfãos? UOL Carros rodou por uma semana com uma Spin LT, versão de entrada do modelo, para descobrir.

EXTERIOR
A Spin parece um monstrengo, com todo o respeito aos designers que gastaram meses desenhando o modelo. A frente do carro até tem linhas elegantes e agressivas, mas o farol é gigantesco, totalmente desproporcional (é o Agile fazendo escola), e ainda tem desenho simples demais para o tamanho da dianteira.

Os vincos laterais passam a sensação de que a Spin está amassada e a traseira é desarmônica, mesmo com as lanternas bonitas (e pequenas) -- o formato de caixote da carroceria e o "U" ao redor do logo Chevrolet não contrastam com as linhas da minivan.

Vale lembrar que Meriva e Zafira eram carros diferentes, assim como Livina e Grand Livina (a versão de sete lugares tem porta-malas estendido com reforços estruturais), e a Spin é a mesma nas duas configurações.

INTERIOR
A cabine é espaçosa. O motorista consegue se ajustar bem no banco, que é largo, macio e tem ajuste de altura, mas só consegue mexer o volante para cima ou para baixo, já que não há regulagem de profundidade da coluna de direção. Para uma pessoa de 1,80 m de altura, o equipamento não faz falta, mas uma pessoa de estatura menor faria questão de usá-lo.

O material interno é o mesmo utilizado pelo Cobalt (os carros dividem plataforma) e isso quer dizer excesso de plástico duro e poucos locais com revestimento de tecido. O rádio do carro avaliado era confuso e não memorizava as estações, além de que os comandos principais tinham de ser selecionados por controle remoto. Em compensação, o formato do painel é moderno e tem ergonomia acertada, assim como o quadro de instrumentos.

  • Porta-malas da Spin de cinco lugares tem 710 litros podendo chegar a 1.668 litros com bancos rebatidos; os dois porta-copos vêm da Spin de sete lugares e são inúteis na versão de entrada

A Spin de cinco lugares comporta quatro pessoas com folga -- há bastante espaço para penas e principalmente para a cabeça. Uma quinta pessoa, porém, causa conflito na turma de trás e perde o direito de ter cinto de três pontos e apoio de cabeça. O porta-malas, entretanto, fica "infinito" e vira o ponto forte da versão: 710 litros, podendo aumentar para 1.668 litros com os bancos rebatidos. Os dois porta-copos que ficam no bagageiro têm explicação: eles também estão lá na versão de sete lugares e a Chevrolet optou por mantê-los na Spin LT.

FÔLEGO
Equipada com o motor 1.8 EconoFlex -- uma evolução do propulsor com o mesmo nome e com 1,4 litro --, a Spin entrega 108 cv e 17,1 kgfm de torque com etanol (106 cv e 16,4 kgfm com gasolina no tanque). Mesmo sendo fraca a potência pelo tamanho do motor (um Hyundai HB20 com motor de 1,6 litro tem 128 cv de potência), o torque é suficiente e a Spin tem um rodar agradável. O consumo médio de combustível (etanol) registrado foi de 8,5 km/l, um bom número se considerarmos que a maior parte do trajeto foi na cidade. 

Retomadas de velocidade exigem redução de marchas maiores -- como em uma ultrapassagem numa via de 60 km/h de velocidade máxima, onde é preciso voltar à 2ª marcha para que a Spin recupere a força. O câmbio manual de cinco marchas tem engates precisos e longos -- e "longo" aqui não é crítica negativa, mas característica comum de um carro que não tem pretensão de ser esportivo.

O centro de gravidade mais alto e a suspensão anestesiada (outro aspecto comum de minivan) aliados às rodas de 15 polegadas (de perfil pequeno para o porte do carro) fazem com que a Spin "tombe" demais a carroceria em curvas. Ou seja, uma estrada cheia de retas e sem trechos sinuosos (não há nada mais americano do que isso!) é seu habitat perfeito.

NO PAPEL
A Spin LT custa R$ 44.590 e traz ótima lista de equipamentos de série, composta por ar-condicionado, direção hidráulica, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição da força frenagem), airbag duplo e trio elétrico -- clique aqui para ver as diferenças entre as versões. O pacote fica ainda mais atraente com os três anos de garantia oferecidos pela GM. 

Na prática, um ótimo conjunto, enfraquecido pela estética do carro. No fim das contas, a Spin tem qualidades para arrematar Meriva e Zafira -- afinal, se modelos como Renault Logan, Nissan Versa e o próprio Cobalt explodiram em vendas por causa do espaço interno (e, entre nós, nenhum deles é referência de design), pode crer que a Spin seguirá a mesma linha.