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País vê novo recorde histórico na venda de carros, mas motos e caminhões vão mal

Avesso à euforia do mercado de carros, segmento de motos vê unidades se acumularem - Infomoto
Avesso à euforia do mercado de carros, segmento de motos vê unidades se acumularem Imagem: Infomoto

André Deliberato<br>Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/09/2012 12h52Atualizada em 04/09/2012 13h35

A Fenabrave, entidade que reúne os concessionários de automóveis do país, confirmou nesta terça-feira (4) a expectativa de vendas recordes de carros para o mês de agosto ao divulgar seu balanço para o mês. De acordo com os dados oficiais, houve recorde histórico para o período mensal, com emplacamento de 405.518 automóveis e comerciais leves. As vendas de motos e de caminhões, porém, estão fracas e ficaram abaixo do registrado há um ano e preocupam-- a prosseguir neste ritmo, a previsão de queda é de 12% para motos e de até 20% para caminhões.

A marca histórica para carros foi atingida por conta da corrida às lojas na última quinzena do mês, naquele que se acreditava ser o último período para compras com redução do IPI -- de toda forma, a medida acabou sendo prorrogada pelo governo na última semana. Os dados da Fenabrave confirmaram previsões de analistas e dados como o do jornalista Joel Leite, colunista de UOL Carros, que apontava venda de 405.627 unidades de carros e veículos comerciais leves para o último mês (reveja aqui), ao mesmo tempo em que derrubaram a visão mais conservadora da própria entidade, que previa venda de pouco mais de 350 mil unidades no mês.

O desempenho extremamente positivo para o principal nicho do mercado de automóveis fez os analistas revisarem suas previsões para o ano. A partir de agora, a Fenabrave já admite que o Brasil deve encerrar 2012 com nova marca histórica na venda de automóveis e comerciais leves: alta de 8,05% com entrega de 3.701.235 unidades. Se confirmado o número, este será o sexto ano consecutivo de alta na entrega de carros.

Pelos dados oficiais revisados da Fenabrave, foram entregues 3.425.549 unidades de carros e veículos comerciais leves em 2011. No ano de 2010, o total havia sido de 3,3 milhões de unidades, com 3,0 milhões em 2009, 2,6 milhões em 2008 e 2,3 milhões em 2007.

NEM TUDO VAI BEM
Foram emplacadas 140.641 motos e similares em agosto, o que representa alta de 1,56% ante julho, mas também significa uma queda de 22,45% na comparação anual. A previsão para o ano é desanimadora, com queda de até 12% nas vendas em relação a 2011, para 1.707.754 unidades entregues até o final de dezembro. 

O segmento de caminhões também anda mal: deve cair 19% em 2012 -- foram registradas vendas de 139.853 unidades.

É bom notar que muitos analistas ainda enxergavam nas motos -- e a própria indústria apostava nisso -- uma válvula de escape para a questão do transporte complicado nos grandes centros. Percebe-se, agora, que com maior oferta de crédito e algum incentivo o consumidor acaba elegendo o conforto e a segurança do carro. Da mesma forma, o nicho de pesados e sua derrocada reflete que os setores de base da economia estão restringindo seus investimentos justamente num momento em que o país precisaria crescer.  

O mercado de ônibus, porém, melhorou e teve 37.529 unidades comercializadas no mês e espera-se crescimento de 8% no ano. 

Somando as desventuras de motos e caminhões e a alta de ônibus, o crescimento do setor deve ser reduzido para 0,23%, com vendas global de 5.586.371 unidades em 2012.

CASCATA DO BEM
Além do recorde na venda de carros, a Fenabrave acredita numa melhora geral do desempenho do setor automotivo no segundo semestre. A começar pela redução do índice de inadimplência: até julho, quase 8% das pessoas físicas e 4% das pessoas jurídicas não conseguiam arcar com as prestações dos automóveis financiados. O índice de aprovação de crédito chegou a 55% das propostas de financiamento feitas, também parte do pacote de medidas proposto pelo governo como forma de complementar a redução do IPI.

O grosso das alterações, porém, não deverá contribuir para o crescimento do PIB do país, que tem previsão de crescer em torno de 1,3% este ano e até 3% em 2013. Segundo a economista Tereza Fernandez, da MB Associados, ligada à Fenabrave, os segmentos do setor automotivo como o de ônibus, caminhões e motos ainda estão em marcha lenta e só deverão contribuir para melhorar a economia do país a partir de 2014.

  • Divulgação

    Linha 2013 da Renault chegou em agosto com pouca mudança visual e motor 1.6 8V refeito. Segundo executivo da marca, produtos fora da linha francesa agradaram público brasileiro

RENAULT AMEAÇA FORD
Em agosto, a Fiat manteve sua posição de liderança com 24,22% de participação (98,2 mil carros e veículos comerciais leves emplacados). Na sequência aparecem VW (21,89% com 88,7 mil unidades) e Chevrolet (18,71% de participação com 75,8 mil unidades).

A Ford viu sua participação chegar a 7,7% (31 mil unidades no mês) e sua distância para a Renault diminuir -- a fabricante francesa, única marca estranha às quatro consideradas gigantes a colocar um modelos (o hatch Sandero) entre os dez carros mais vendidos -- obteve 6,88% de participação (27,9 mil veículos). Na sequência aparecem Honda (17.086 unidades ou 4,21%), Toyota (10.119 ou 2,5%), Nissan (10.045 ou 2,48%), Peugeot (8.719 ou 2,15%), Hyundai (8.651 ou 2,13%) e Citroën (8.073 ou 1,99%).

O presidente da Renault, Olivier Murget, explicou ao colunista Joel Leite que a marca finalmente "entende" o brasileiro, que segundo ele teria rejeitado os modelos de origem francesa, preferindo a atual linha da marca, composta em grande parte por veículos de custo mais baixo, oriundos da romena Dacia: "Chegamos aqui tentando impor uma cultura europeia, trouxemos uma gama de produtos franceses e com isso chocamos o mercado, que não queria esse tipo de carro. Mas conseguimos reverter essa filosofia e agora quem define as ações que tomamos para o Brasil é o Brasil”, afirmou o executivo, em entrevista que pode ser lida na íntegra no blog O Mundo em Movimento (clique aqui).

MAIS VENDIDOS
Os 15 modelos mais vendidos do mês de agosto (com o total de vendas acumuladas desde janeiro entre parênteses), segundo dados da Fenabrave e considerando os segmentos de automóveis e veículos comerciais leves foram: 

Volkswagen Gol: 32.634 unidades no mês (188.953 no ano)
Fiat Uno/Mille: 30.373 (177.349)
Volkswagen Fox/CrossFox: 23.318 (113.884)
Fiat Palio: 21.572 (117.100)
Chevrolet Celta: 19.145 (92.904)
Ford Fiesta: 13.460 (83.600)
Fiat Strada: 12.981 (76.152)
Fiat Siena: 12.483 (57.748)
Renault Sandero: 11.743 (65.872)
10º Volkswagen Voyage: 9.699 (61.385)
11º Chevrolet Classic: 8.275 (66.632)
12º Volkswagen Saveiro: 6.593 (43.786)
13º Chevrolet Cobalt: 6.391 (44.058)
14º Chevrolet Agile: 6.257 (39.844)
15º Honda Civic: 6.239 (33.038)