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Fiat Bravo Sporting traz Dualogic melhorado e sede por álcool

Fiat Bravo Sporting Dualogic: hatch é tão bonito que nem precisava de decoraçãozinha - Murilo Góes/UOL
Fiat Bravo Sporting Dualogic: hatch é tão bonito que nem precisava de decoraçãozinha Imagem: Murilo Góes/UOL

André Deliberato

Do UOL, em São Paulo (SP)

08/08/2012 20h18

Sem a mesma atenção dos lançamentos do Punto e da linha 2013 de Siena e Strada, a Fiat estreou no final de julho o modelo 2013 do Bravo, seu hatch médio. As principais alterações da linha foram a inclusão da configuração Sporting e a adoção do Dualogic Plus, segunda geração do câmbio automatizado da marca.

O Bravo é bonito, apesar de já dar sinais de cansaço (o carro foi lançado na Europa em 2007). Externamente, a versão Sporting agrega ao visual rodas maiores e mais largas (215/45 R17), pequenas saias laterais, aerofólio e grade dianteira pintada de preto brilhante com contornos vermelhos. A suspensão é a mesma que a das outras versões (do tipo McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira), mas, como a do turbinado T-Jet, no Sporting ela é mais baixa e calibrada para ter mais estabilidade.

Adesivos e o teto solar Skydome completam o pacote da versão, que começa em R$ 58.140 (manual, sem opcionais) e pode chegar a R$ 69.803 se equipada com o câmbio automatizado, bancos de couro, ar-condicionado digital, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva e crepuscular, sistema de som com navegador e rebatimento elétrico dos retrovisores externos. Os itens de praxe, como direção assistida (elétrica), vidros e travas elétricos e alarme são, é claro, equipamentos de série.

Perto dos rivais, o Bravo é tímido. Com média de 765 carros vendidos por mês em 2012, ele fica distante da briga pela liderança do segmento dos hatches médios, comandada pelo Ford Focus, que vende média de 1.898 carros/mês. A medalha de prata é do Hyundai i30, prestes a ganhar nova geração, com 1.653 carros/mês; e o bronze é do veterano Volkswagen Golf, com 1.163 unidades emplacadas ao mês. O Bravo é apenas o quinto colocado, atrás do Nissan Tiida (este com média de 972 carros/mês).

No mês que vem, ao que tudo indica, o hatch da Fiat perderá a posição para o Chevrolet Cruze hatch, que vem forte na busca pelo pódio com 1.303 unidades/mês (o hatch da GM foi lançado em abril e vendeu apenas 141 unidades a menos que o Bravo, com quatro meses menos de mercado).

ENVOLVENTE
O interior do Bravo é o melhor já produzido pela Fiat no Brasil (o crossover Freemont é mexicano). A posição de dirigir é exata, o acabamento é refinado e de boa qualidade e os detalhes agradam tanto ao motorista como ao passageiro, que pode aproveitá-los melhor.

O "anel" laranja que envolve a alavanca de câmbio e o volante de base retilínea revestido de couro e com costura vermelha dão o charme que o nome da versão propõe. Os bancos de couro, também com costura vermelha, são largos e confortáveis e oferecem bom apoio lateral se você quiser andar mais forte com o Bravo.

MOTOR
O propulsor que equipa o Bravo Sporting é o mesmo presente nas demais versões (com exceção da T-Jet, que usa o 1.4 turbo). O 1.8 E-torq rende 132 cv e 18,9 kgfm de torque, com etanol, e 130 cv e 18,4 kgfm com gasolina. Os números de potência se refletem em desempenho: segundo a Fiat, mesmo com 1.367 kg nas costas, o Bravo Sporting acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos com esse combustível no tanque.

VEJA A FICHA TÉCNICA

    UOL Carros avaliou uma unidade completa do Bravo Sporting, com todos os opcionais e o Dualogic Plus. Essa segunda geração da transmissão automatizada da Magneti Marelli também está presente nos modelos da Volkswagen (em que se chama I-Motion).

    Nem tudo merece um grito de "bravo!", como sugeria a propaganda de lançamento do modelo: ele é confortável, estável e ainda permite ao motorista não precisar fazer exercício no trânsito -- mas exige "bebida" e paciência em troca disso tudo.

    Bebida, no caso, é etanol. Durante a avaliação, o computador de bordo apontou consumo médio de 5,5 km/l e o carro precisou de mais de um tanque de combustível para rodar pouco além de 200 km (optamos por privilegiar o etanol, e a Fiat não divulga números de consumo para esse modelo). Primeiro alerta ao pessoal de Betim: trocou-se o defasado motor 1.8 da GM (que equipava modelos da marca até 2010) por um totalmente novo, mais moderno, mas que bebe a mesma coisa? Poderia ter poupado custos.

    • Murilo Góes/UOL

      Melhor carro da Fiat fabricado no Brasil, mas com vendas mornas: esse é o Bravo

    Uma função interessante do Bravo é o sistema com dois programas de condução para a direção elétrica, chamado pela Fiat de Dual Drive. É item também presente nas outras versões, menos na T-jet, já que nela o botão que ativa esse recurso é substituído pelo do OverBooster. O Dual Drive deixa o volante mais leve para manobras rápidas na cidade (a palavra "City" aparece em verde no painel de instrumentos para indicar essa opção) ou mais pesado (nada aparece no cluster) para guiar o carro na estrada ou em locais que exigem menos esforço.

    CÂMBIO AUTOMATIZADO
    O câmbio Dualogic melhorou e essa é a melhor notícia se você procura um hatch médio, curte o Bravo e não aguenta mais trocar marchas num  câmbio manual. A função denominada "creeping" (literalmente, "rastejamento") faz o carro se comportar como se tivesse transmissão automática, pois ela mantém leve aceleração constante com o câmbio em D e também não deixa o veículo dar aquela "descidinha" se ele estiver parado em subida.

    Outra sensível melhora está na troca de marcha. É claro que um carro com câmbio robotizado nunca terá a velocidade de mudança de um com transmissão automática ou automatizada com dupla embreagem, mas o Dualogic Plus diminuiu bastante o tão criticado "soluço" (sensação causada pela queda brusca da rotação do motor em função da demora em posicionar a próxima marcha). Ele não foi totalmente eliminado, mas está mais curto -- como nos modelos VW, que sempre tiveram melhor calibração nesse quesito.

    As mudanças de marcha ainda podem ser feitas por meio de borboletas atrás do volante, o que torna a condução do Bravo Sporting mais divertida. Apesar disso, o câmbio pede paciência e obriga o motorista a pisar no pedal de freio a cada troca de comando (de D para a ré ou de ré para neutro, por exemplo), o que pode ser um problema em uma saída mais apressada ou de emergência.

    OU SEJA...
    O Bravo é um dos melhores carros da Fiat fabricados no Brasil. É imponente, estiloso e tem um rodar agradável, estável e macio. A posição de dirigir é excelente e o acabamento refinado. A suspensão da versão Sporting é ajustada para uma pegada mais esportiva, mas é tão bem calibrada (suporta bem as pancadas secas de um buraco) que se adapta a todos os tipos de condução, do mais calmo ao mais agressivo.

    Vai levar um Bravo Sporting para casa? Tenha calma com o câmbio automatizado até a hora de domá-lo completamente (ele pede paciência até que você se acostume) e se prepare para virar amigo do frentista. Se a verba do combustível não for problema para você, vale a pena começar a preencher o cheque.