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Lamborghini Urus, com 608 cv, conserta estrago do SUV da Bentley

Lamborghini Urus: SUV (ou crossover-cupê, quem sabe) pode inaugurar novo segmento - Newspress
Lamborghini Urus: SUV (ou crossover-cupê, quem sabe) pode inaugurar novo segmento Imagem: Newspress

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Pequim (China)

25/04/2012 15h34

Sortudo é o leitor de UOL Carros que já esqueceu o Bentley EXP 9F, conceito de SUV de luxo parido pelo Grupo Volkswagen durante o Salão de Genebra -- mas é nossa obrigação jornalística oferecer um link para as fotos. Horroroso, o "carroção" tinha como foco mercados ligados em formas rocambolescas, como o chinês. Não à toa, a coisa está exposta aqui no Salão de Pequim.

Calma: não precisa temer uma nova onda de pesadelos, já que a Volks trabalhou duro para se redimir e apresentar um antídoto a tamanho mau gosto: o SUV italiano Lamborghini Urus, também conceitual, que, de quebra, limpa o passado da grife italiana, que ousou cometer o LM002 no início dos anos 1980.

O visual do Urus é arrebatador e conversa com as formas do superesportivo Aventador: ângulos retos por todo lado criam a imagem de um veículo aerodinâmico, quase um avião a jato dotado de quatro rodas.

No SUV, a fórmula resulta numa frente com cara de vilão e perfil descomunal -- com 4,99 metros, só perde em comprimento para o Audi Q7, deixando Cayenne e Touareg, do mesmo grupo, e BMW X6, rival, com jeito de anões. Mesmo assim, o Urus lembra um cupê de quatro portas se observado de um ponto específico.

DO SONHO À REALIDADE

Filippo Perini, pupilo do italiano Walter de'Silva e chefe do centro de estilo da casa de Sant'Agata Bolognese, comenta: "Fazer o Aventador foi um sonho, mas fazer o Urus foi a volta à realidade".

Após permitir que aficionados por velocidade se deleitassem com o citado superesportivo, a Lamborghini tem agora de fincar os pés no chão e buscar rentabilidade, mas sem abandonar seus valores. "Queremos alcançar novos mercados, ir além da limitação imposta por modelos com dois lugares e motor central, mas sem abrir mão da potência ou do luxo. Queremos chegar a lugares como a China, Rússia, mas também aumentar nossa participação nos Estados Unidos, e o Urus é nosso melhor carro para isso", diz o designer.

Apesar da concessão ao tamanho, Perini avisa que aberrações não terão vez na Lamborghini e reprova o atual nível do mercado, sobretudo em locais como a China: "Estou assustado com o nível ruim de designs que surgem em função de alguns mercados. Nós fazemos carros clássicos, não abrimos exceção a modismos, como estes vistos por aqui, onde carros tendem a se parecer com dragões", alfinetou.

Mas sutileza de cupê não cabe aqui. O Urus faz jus ao nome de um antigo touro europeu de chifres longos, e impressiona também com suas características off-road. A tração é integral, derivada do sistema quattro utilizado nos modelos da Audi.

O trem de força ainda precisa ser definido, mas a Lamborghini antecipa uma potência de 608 cavalos (600 hp) e o uso de câmbio de dupla embreagem.

Haverá ainda regulagem da altura independente para as suspensões dianteira e traseira, ideal para superar alguns obstáculos. O conceito calça rodas gigantescas, de 24 polegadas, com pneus 305/35 -- que devem ser drasticamente reduzidas na versão de produção.

POR DENTRO
Certa é a carga de luxo do interior do Urus, repleto de materiais como laca, couro e fibra de carbono. Os quatro assentos individuais são vazados, formados por placas de estofamento não comunicantes.

O volante tenta esconder, em vão, aletas de trocas de marcha colossais, quase discos de tão grandes. Mais atrás, uma tela de LCD abriga os principais ajustes e indicações.

As funções de conforto e entretenimento ficam a cargo de um tablet posicionado entre os bancos traseiros, indicativo de que o Urus pode ter vocação para carro de patrão. O preço também deve ser restritivo, passando dos US$ 200 mil -- caso o projeto vingue.

  • AP

    Dianteira do Urus (o nome é de um touro ancestral) claramente se inspira no Aventador

E isso deve ocorrer: os executivos da marca acreditam que em dois anos, portanto até o final de 2014, o Urus deva ganhar vida e entregar até 3.000 unidades ao ano em mercados mais ligados em quantidade: Estados Unidos, Rússia e China estão na alça de mira por aceitarem melhor esse tipo de "carrão", em detrimento de esportivos menores, de dois lugares. A América Latina (leia-se Brasil) também é vista como bom mercado, embora fora dos planos iniciais. Em terras verde-amarelas, o preço de um Urus pode ficar na casa do milhão.

Viagem a convite da JAC Motors