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Kia Sportage ganha gingado brasileiro sem perder qualidades coreanas

Do jeito que o brasileiro gosta: flex e com visual arrojado, Kia Sportage deve melhorar vendas - Divulgação
Do jeito que o brasileiro gosta: flex e com visual arrojado, Kia Sportage deve melhorar vendas Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Do UOL, em São Paulo

08/02/2012 13h34

A conhecida exigência do mercado brasileiro por carros com motorização flexível ganhou mais um capítulo dentro da Kia com o lançamento do SUV Sportage Flex, realizado na terça-feira (7), em São Paulo. E, como não poderia deixar de ser, a principal novidade é o motor, um 2.0 16V CVVT (sigla que denomina o comando de válvula variável tanto na admissão quanto na exaustão) que agora rende a potência de 178 cavalos com etanol e 169 cv com gasolina a 6.200 rpm e tem torque de 21,4 kgfm com etanol e 20,0 kgfm com gasolina, ambos a 4.700 rpm.

A novidade debaixo do capô vem acompanhada de rodas de 18 polegadas em todas as versões e luzes diurnas em LED nas top. De resto, é o mesmo carro, um SUV de porte musculoso, linhas modernas e que carrega em suas formas a grife do designer alemão Peter Schreyer. No Brasil, o carro será vendido em cinco versões. São elas:

- P.525 -- Custa R$ 90.900 e é equipado com câmbio manual, traz de série ar-condicionado manual; chave tipo keyless; travamento de porta e abertura do porta-malas à distância; freio de estacionamento com acionamento por pedal; iluminação do porta-malas; rádio CD/MP3 com controle no volante; entrada de áudio auxiliar e USB no console central; sistema de som com quatro alto-falantes e dois tweeters; sistema imobilizador de ignição; tampa do compartimento de bagagem; travamento elétrico central das portas e porta-malas; vidros elétricos nas quatro portas com função um toque para o motorista; e volante com regulagem de altura.

- P.575 -- Custa R$ 95.400 e traz tudo que a versão P.525 tem, com o acréscimo do câmbio automático de seis velocidades com trocas sequenciais na alavanca.

- P.586 -- Custa R$ 109.300 e traz, além dos itens mencionados nas versões acima, ar-condicionado digital com controle independente frontal de duas zonas e ionizador; banco do motorista com ajuste elétrico; botão Start/Stop para partida do motor por reconhecimento da chave; computador de bordo integrado ao conjunto de mostradores; câmera de ré com visor LCD de 3,5’’ no espelho retrovisor interno; espelho retrovisor interno com antiofuscamento automático eletrocrômico; piloto automático com controles no volante; áudio com cabo para iPod; revestimento de couro nos bancos; volante; alavanca de câmbio e painéis laterais das portas; spoiler traseiro; e luz diurna de navegação em LED.

- P.587 -- Custa R$ 114.600 e acrescenta à configuração P.586 o teto solar elétrico panorâmico com sistema antiesmagamento e air bags laterais e de cortina.

- P.685 -- Custa R$ 113.400 e é dotado de tração integral permanente e traz praticamente o mesmo pacote do P.587, perdendo o espelho retrovisor interno eletrocrômico, o teto solar duplo, os airbags laterais e de cortina e a câmera de ré.

FLEX: AVANÇO OU RETROCESSO?
A "transformação" do Sportage em um carro bicombustível pode ser celebrada ou lamentada. Comemora-se o fato de que o consumidor tem a escolha de abastecer com etanol e com gasolina, seja na proporção que for. Segundo um levantamento da Kia, em 2011 apenas 9% dos carros vendidos no Brasil não eram flex. Ou seja: é o tipo de produto totalmente enraizado na cultura automotiva brasileira e, em termos mercadológicos, a Kia acerta em não ficar de fora.

O problema, e aí entra a parte da lamentação, é que motores flexíveis tendem a não aproveitar nem o etanol nem a gasolina em sua plenitude. Normalmente gastam mais e emitem mais gases do que propulsores dedicados a um só combustível. E, em tempos de etanol caro, é certo que o consumidor utilizará somente gasolina no tanque do carro.

Durante o test-drive realizado com o novo Sportage Flex não foi possível medir o consumo do carro, dada a ausência de um computador de bordo com essa função -- algo totalmente imperdoável em um carro desse valor. A Kia também não divulgou os dados de consumo. De certo, são piores em relação aos obtidos quando o carro bebia somente gasolina.

E ANDANDO, COMO ELE É?
O Sportage continua confortável. Há espaço de sobra em seu interior, os bancos acomodam bem o corpo e a posição de dirigir é alta, o que em conjunto com a ampla área envidraçada, auxilia na visibilidade. Um ponto positivo do carro que não mudou, afinal.

A versão avaliada por UOL Carros era uma 4x2 top (a de código P.587), em um trajeto de pouco mais de 100 km. E a primeira característica que impressionou foi como o SUV se impõe no trânsito. Não é preciso muito esforço para conseguir seu espaço em uma troca de faixa, por exemplo. A já citada boa visibilidade contribui para isso.

O novo motor se mostrou cumpridor e leva os 1.417 kg do carro sem grandes dificuldades. O câmbio de seis marchas automático é bem escalonado, mas tem um funcionamento um tanto quanto lento quando está no modo Drive. As marchas demoram até estarem efetivamente engatadas (o período em que é possível notar o conversor de torque atuando), o que causou estranheza no início do test-drive. Ao colocar o câmbio no modo manual, entretanto, o Sportage ganha agilidade e o câmbio funciona normalmente e bem. É de se supor que o comportamento do carro em Drive é proposital, uma forma de deixar seu funcionamento mais suave.

Nas poucas curvas do trajeto, foi possível notar que o Sportage não é muito adepto de curvas, ao menos na oscilação da carroceria – não foi possível chegar nem perto do limite do carro, dadas as condições do teste, mas esse movimento do carro desencorajaria qualquer tipo de manobra arrojada. O lado bom dessa calibragem macia é o conforto: nos trechos urbanos, o asfalto irregular não chegava a incomodar os ocupantes.

Não dá pra afirmar, categoricamente, que o Sportage vai repetir o sucesso do Soul quando este virou flex. É inegável que, como carro importado, ser flex é um tremendo diferencial para o Sportage em nosso mercado. Mantidas suas principais qualidades, resta agora confirmar se a dieta de caipirinha e feijoada não aumentou em excesso o apetite do SUV e o transformou em um frequentador assíduo de postos de gasolina.