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Dodge Journey 2012 usa motor para ficar acima da 'cópia' Freemont

Motor V6 e lista de equipamentos farta são os argumentos do crossover para ser mais caro - Murilo Góes/UOL
Motor V6 e lista de equipamentos farta são os argumentos do crossover para ser mais caro Imagem: Murilo Góes/UOL

Murilo Góes

Do UOL, em São Paulo (SP)

28/11/2011 11h36Atualizada em 15/08/2012 12h54

Há uma premissa de que os períodos de crise são os mais oportunos para inovações criativas e a consequente retomada de crescimento. Tomando este princípio como propósito, a Chrysler inicia o processo de recuperação da pior crise de sua história, resultando na assimilação pela Fiat a partir de 2009. A arrancada para este projeto, porém, deu-se nesta semana com o lançamento da versão 2012 do crossover Dodge Journey.

Ele é vendido no Brasil desde 2008, mas em agosto último foi "clonado" pela nova dona do grupo Chrysler, a Fiat, que lançou o Freemont: o mesmo veículo, não fossem pequenas mudanças estéticas e um motor menos potente. E é justamente neste aspecto, a potência, que o novo Dodge Journey mais se diferencia de seu "irmão gêmeo italiano" (embora ambos sejam produzidos no México). 

No lugar do antigo motor 2.7 V6 de 185 cv, o modelo 2012 traz o novo Pentastar V6 de 3,6 litros com 280 cv de potência a 6.350 rpm e torque máximo de 35 kgfm a 4.350 giros, além de transmissão automática de seis velocidades -- lembrando que o Freemont carrega propulsor 2.4 de 172 cv e câmbio de quatro marchas.

Os preços, como era de se supor, também são diferentes. Mais potente, é natural que o Journey seja posicionado acima do Freemont, que custa R$ 86.000 em sua versão mais completa. Sendo assim, o Journey tem os seguintes valores:

- Dodge Journey SXT: R$ 97.500
- Dodge Journey R/T: R$ 107.900


"COMPLETÃO"
Em relação ao modelo anterior o Journey 2012 traz pequenas mudanças estéticas que lhe deram um aspecto mais esportivo, como a nova saia dianteira com entradas de ar, grade maior e dividida em cruz cromada com nova logomarca e faróis de neblina diferenciados. Na traseira destaca-se o para-choque com luzes de neblina localizadas mais nas extremidades, lanternas com luzes de LED e a dupla saída de escape.

O quê mais vem no pacote? A lista é extensa: airbags frontais e laterais para os bancos dianteiros, laterais tipo cortina para todas as fileiras de bancos; apoios de cabeça dianteiros ativos (em caso de colisão traseira); ar-condicionado automático de três zonas; bancos revestidos de couro; bancos da segunda fileira rebatíveis, bipartidos (1/3 e 2/3), reclináveis, com assentos infantis embutidos; banco do motorista com regulagem elétrica em seis direções; bancos dianteiros aquecidos; bancos da terceira fileira bipartidos, rebatíveis e reclináveis; coluna de direção ajustável em altura e profundidade; volante revestido de couro com controles integrados de áudio e do controlador de velocidade; sistema Bluetooth com comando de voz; entrada USB; sistema de som com tela de LCD sensível ao toque e HD interno; entrada e partida do motor sem chave; freios a disco nas quatro rodas com ABS, BAS (assistente de frenagem de emergência), TCS (controle de tração), ERM (controle anti-rolagem de carroceria), HSA (assistente de segurança em subidas) e TSC (controle de oscilação de reboque), entre outros.

As rodas de alumínio da versão SXT são de 17 polegadas, enquanto na R/T elas são de 19. Na versão top ainda são oferecidos teto solar elétrico (sobre os bancos dianteiros) e sistema de áudio premium com seis alto-falantes e subwoofer da marca Alpine.

  • Puxe a seta para a direita para ver o Dodge Journey 2012, que recebeu pequenas alterações; à esquerda, surge o Freemont, que troca emblema, detalhes e motor para ser SUV da Fiat

SALA DE ESTAR
Na apresentação feita à imprensa na sexta-feira (25), foi realizado um test-drive entre Guarulhos, na Grande São Paulo, e o litoral norte paulista. No total, foram percorridos 200 quilômetros a bordo da versão R/T, a mais completa. Ao entrar no veículo é inevitável a comparação com o Fiat Freemont, que UOL Carros dirigiu no lançamento em agosto último. Fora as mudanças externas e do volante -- que  traz a nova logomarca Dodge -- todo o resto é exatamente igual. O painel feito em peça única -- que diminui ruídos e tem bom isolamento acústico com relação ao motor -- tem acabamento em material macio ao toque que também reveste portas e console central.

Os bancos de couro são confortáveis e o motorista conta com regulagens de distância, altura e lombar elétricas, embora o encosto ainda é ajustado por alavanca. Espaço e porta-objetos tem de sobra. Além de carregar até sete ocupantes, no porta-malas é possível comportar 483 litros até a base dos vidros ou 784 litros até o teto com a terceira fileira de bancos totalmente rebatida. Rebatendo-se também a segunda fileira de bancos, o espaço amplia-se para 805 litros até a base dos vidros e chega a 1.562 litros até o teto.

No centro do quadro de instrumentos existe uma tela de 3,5 polegadas que abriga o Evic, sigla inglesa para central eletrônica de informação do veículo, onde é possível averiguar a temperatura exata do líquido de arrefecimento, do óleo do câmbio e até da quantidade de horas de uso do motor, além de autonomia e consumo médio característicos de um computador de bordo. No painel central destaca-se outra tela, de cristal líquido de 4,3 polegadas sensível ao toque, que abriga o sistema multimídia Uconnect, onde ficam os comandos de áudio, rádio, CD, USB, temperatura do ar-condicionado e Bluetooth.

Segundo os executivos da Chrysler, este dispositivo deverá ser substituído na atualização do modelo, ainda no próximo ano, por um kit multimídia com uma tela maior, de 8,4 polegadas, que permitirá a inclusão de navegador GPS, câmera de ré e sensores de estacionamento, todos inexistentes na versão atual -- uma ausência bastante significativa, principalmente pelas dimensões do veículo (4,88 metros de comprimento, 2,12 m de largura, 1,74 m de altura e distância entre-eixos de 2,89 m). A marca justifica esta deficiência devido ao fornecedor, de origem japonesa, ter sido severamente prejudicado pelo terremoto e tsunami que assolaram o país em março deste ano. Detalhe: o mesmo ocorre com o Fiat Freemont, que foi apresentado à imprensa com o equipamento, mas é vendido apenas com a versão mais simples.

O ORIGINAL ANDA BEM
É na hora de dirigir, porém, que as diferenças em relação ao Freemont ficam mais aparentes e sensíveis. O novo motor de 280 cv, segundo dados da montadora, leva o carro de 0 a 100 km/h em 8 segundos chegando à velocidade máxima de 208 km/h. Mas na prática, quando o câmbio está no modo automático, a resposta ao pisar no acelerador é um pouco lenta: o arranque é suave e sem solavancos, mas fica devendo quando se exige retomadas rápidas, como em ultrapassagens. Neste caso, a troca sequencial e manual de marchas, que pode ser feita movendo lateralmente a alavanca do câmbio, resolve o problema ao travar a marcha e se aproveitar da elasticidade do motor, que fornece boas respostas mesmo em segunda, terceira e quarta marchas.

Em sexta marcha é possível andar a 120 km/h com menos de 2.000 rpm, proporcionando maior economia de combustível. Segundo o fabricante, o consumo médio é de 9,6 km/l (12,8 km/h em rodovias), mas no test-drive obtivemos média de 7,4 km/l na descida da Serra do Mar sentido litoral, e 6,9 km/l na subida de volta à Capital -- com apenas dois passageiros e ar-condicionado ligado todo o tempo. O Journey bebe somente gasolina.

A suspensão é independente nas quatro rodas. Sua calibragem é firme, tornando o crossover estável. O conjunto, porém, não transmite aos passageiros as imperfeições do pavimento e, somado aos inúmeros itens eletrônicos de segurança, permite fazer curvas sem maiores sobressaltos.

Fica evidente que o novo Dodge Journey tem atributos para encarar de frente a concorrência e se colocar como uma opção acima do seu irmão da Fiat, usando como maior argumento de convencimento os números de seu propulsor. Resta saber se o consumidor, cujo argumento de escolha sempre passa pelo bolso, optará pela cópia ou pela inspiração.

NOVO RUMO
"Saldamos todas as dívidas com os governos norte-americano e canadense em agosto e a empresa voltou a ser rentável e lucrativa", diz Luiz Tambor, gerente de marketing e vendas da Chrysler do Brasil. Segundo ele, a receita líquida mundial da empresa no terceiro trimestre deste ano foi de US$ 13,1 bilhões, 19% maior que no mesmo período de 2010. No Brasil, entre janeiro e outubro, o crescimento nas vendas foi de 7% em relação aos mesmos dez meses do ano passado (de 3.362 para 3.603 unidades), alavancado, principalmente, pelo Jeep Grand Cherokee, que passou de 170 unidades vendidas em 2010 para 1.173 em 2011 -- um aumento de 590%.

Baseada nestes números e na tendência progressiva do mercado, a marca ambiciona um crescimento de 50% nas vendas brasileiras para 2012: além de novo armazém de distribuição de peças em Louveira, São Paulo, já está projetada a ampliação de 29 para 42 novos pontos de venda até dezembro do próximo ano, incluindo a separação física das revendas ainda em conjunto com as da Mercedes-Benz, antiga parceira do grupo norte-americano.Para chegar a tanto, também já estão programadas as chegadas, ainda no primeiro trimestre do próximo ano, da nova geração do Chrysler 300C, do Dodge Durango e do Jeep Compass, além da picape RAM 2500 Laramie para o segundo trimestre.