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Mitsubishi Lancer Evo é brinquedo de quem gosta de fazer curvas

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (Sp)

29/06/2011 07h00Atualizada em 15/08/2012 13h39

Lançada em 1992, a evolução esportiva do sedã japonês Lancer fez história ao entregar mecânica e visual de carro de rali -- com tração 4x4, motor de alta performance, suspensão reforçada, e aerofólios e tomadas de ar gigantescos -- em um pacote de carro de rua, com direito a quatro portas e preço competitivo. Assim, o Mitsubishi Lancer Evolution, ou Lancer Evo como ficou conhecido, colecionou prêmios e fãs ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde chegou em 1995 com sua quinta geração. Faltava apenas revisar a questão da relativa rusticidade do modelo.

Isso foi corrigido no capítulo mais recente da saga, escrito em 2005, com a apresentação da décima geração, chamada de Lancer Evolution X, com numeral romano. Ela desembarcou no Brasil em 2010, trazendo visual arrojado e muita tecnologia embarcada. Com linhas chamadas de Jet Fighter, o Lancer Evo X conta com faróis afilados, grade trapezoidal, capô, teto e para-lamas dianteiros em alumínio, ponteiras duplas de escapamento em inox, rodas forjadas de 18 polegadas da BBS, pneus de perfil baixo 245/40, difusor traseiro e, claro, o inconfundível aerofólio.

A configuração para nosso país é a MR, que conta com diversos itens de tecnologia e conforto, câmbio automático e motor turbo de 2 litros a gasolina, com intercooler e comando variável na admissão e no escape, 295 cv de potência máxima aos 6 mil giros e torque superior a 37 kgfm logo em 3.500 rotações. O preço é salgado, R$ 209.900. No exterior, há outros pacotes com mais ou menos recheio na cabine e mais pegada sob o capô, como as configurações inglesas FQ-300 (também 295 cv), FQ-330 (329 cv) e FQ-360 (359 cv e câmbio manual), com preço inicial de 29.700 libras, equivalente a R$ 77 mil.

MIMOS
A principal característica da décima geração, porém, é o acréscimo de conforto à receita campeã. Pela primeira vez, o Evo tem faróis de neblina integrados e faróis principais com facho bi-xênon, com lavador, controle automático de altura e sistema que permite o acompanhamento da direção do volante -- em curvas e manobras á noite, você gira o volante e a luz dos faróis acompanha. A cabine também mescla traços esportivos, normalmente mais simplistas, com requinte de carros de luxo: os painéis são de plástico rígido, embora com boa finalização, e o sistema de som conta apenas com rádio e slot para CD, mas há detalhes em alumínio por todos os lados, luz prateada, mostradores com ponteiros em ângulos retos e bancos do tipo concha da Recaro, revestidos de couro e Alcantara e com aquecimento em dois níveis, mais útil em regiões de clima ameno do que na tropicalidade do Brasil. E, pela primeira vez, o Lancer Evo tem mimos como ar condicionado automático, piloto automático com comandos no volante e, luxo supremo ao tratarmos de um carro que praticamente nasceu na terra, computador de bordo com 19 funções diretas e até um sistema que alerta o motorista quando chegou a hora de fazer uma pausa para descansar.

LANCER, O DEVORADOR
A vocação que valeu a fama do Lancer Evo se mantém. O carro engole o asfalto em retas ao mesmo tempo em que faz curvas como se fosse brincadeira de criança. Tudo graças à tração integral e ao diferencial central ativo com três programações diferentes: Tarmac para asfalto e pisos de boa aderência; Gravel para cascalho, terra ou pista molhada, e Snow, para melhor controle em pisos de baixíssima aderência como neve e lama. A suspensão independente nas quatro rodas também conta com acerto esportivo de alta performance, com braços de alumínio, amortecedores Bilsten e molas Eibach.

O gerenciamento de tudo fica a cargo da transmissão automática sequencial de seis marchas com dupla embreagem, mudanças manuais nos paddle shifts atrás do volante e três modos de ação: Normal, para um rodar mais suave e giros do motor na casa das 2 mil rotações; Sport, que eleva os giros para 3.500 rpm e deixa o Lancer Evo mais ligado; e Super-Sport, modo especial para condução em autódromos, quer permite ao motor trabalhar na faixa mais elevada de giros e deixa o sedã mais arisco.

No quesito segurança, o Lancer Evo oferece célula de sobrevivência para os passageiros, cintos de segurança com pré-tensionador, airbags duplos frontais, laterais de cabeça, laterais do tipo cortina e um exclusivo para o joelho do motorista. Os freios têm pinças Brembo e sistemas ABS e EBD com acerto esportivo e capazes de monitorar rodas, pedais do acelerador e do freio, posição do volante, rolagem e inclinação da carroceria para definir a carga e o tempo ideais de frenagem.

Só não espere que, com tamanho apetite para contornar curvas e devorar retas, o Lancer Evolution seja amigo da bomba de combustível. Claro que andando a moderados 70 km/l, sem movimentos bruscos nem ar-condicionado, pode-se chegar aos 12 km/l, marca rodoviária apontada pela Mitsubishi inglesa (a filial brasileira não divulga os dados). Mas, usando o Lancer como se espera, o consumo bate nos 6 km/l de gasolina, ainda segundo os ingleses. Em nosso teste, que incluiu diversas passagens em pista de corrida e 320 quilômetros de rodovia, a marca ficou pouco acima dos 5 km/l.