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Camaro conversível é diversão em forma de carro; venda no Brasil é incerta

<b>Camaro SS conversível: muito estilo e diversão, mas ainda longe do Brasil</b> - Claudio de Souza/UOL
<b>Camaro SS conversível: muito estilo e diversão, mas ainda longe do Brasil</b> Imagem: Claudio de Souza/UOL

Claudio de Souza

Do UOL, em Indianápolis (EUA)

01/06/2011 15h32

A Chevrolet escolheu o Camaro conversível como atração do "esquenta" para a festa de seus 100 anos, em novembro próximo. O carro foi o pace car da memorável prova do último domingo (29/5) das 500 Milhas de Indianápolis, nos Estados Unidos, e antes dela fez a alegria dos jornalistas que puderam pegar carona com o ex-piloto Emerson Fittipaldi a 225 km/h, com capota aberta e tudo ao vento.

O redivivo muscle car é hoje a face brincalhona da principal marca do grupo General Motors. Quem trabalha duro mesmo são modelos como Cruze e Volt, o primeiro com a missão de conquistar o mundo (China e Brasil, principalmente) e, ao mesmo tempo, convencer o motorista americano de que carro compacto (médio para nós) não é pecado. O segundo, veículo elétrico com autonomia estendida, é o cartão de visitas ecológico da GM.

A convite da montadora, UOL Carros experimentou o Camaro Convertible em Indianápolis e seus arredores. Ficamos com uma unidade SS dotada de pacote de equipamentos superior, semelhante ao do Camaro SS cupê já vendido no Brasil -- entre outras coisas, dotada de head-up display (HUD), sistema que projeta os dados da condução no parabrisa, na altura dos olhos do motorista.

Num carro com motorzão feroz , um V8 de 6,2 litros, o HUD deveria ser item de segurança obrigatório: só ele evitou que fôssemos parados pela polícia em estradas com severos limites de velocidade. A máxima mais elevada que encontramos, numa rodovia de pista dupla e asfalto de sonho, foi de 55 milhas -- ou 88 km/hora.

Mesmo assim, foi possível se divertir bastante com o Camaro Convertible: o carro tem exatamente essa finalidade e, com a capota recolhida, o resultado é inequívoco. Pena que a operação de abrir ou fechar a peça, comandada por um botão elétrico na cabine, dure longos 20 segundos e tenha como condição o carro estar parado (conversíveis de outras marcas às vezes operam a até 40 km/h). Se começar a chover de repente, como ocorreu durante nosso test-drive, é preciso achar um lugar para estacionar, o que pode não ser tão simples assim.

Uma trava mecânica, de manuseio simples, dá mais rigidez à fixação da capota quando ela está armada, mas é possível perceber alguma vibração da peça, especialmente na janela traseira. Nada que incomode.

Longo, largo, retilíneo na linha de cintura e massudo, o Camaro de capota baixada fica parecendo uma piscina suspensa por quatro rodas de 20 polegadas. Com ela levantada, ganha agressividade -- o exemplar que testamos ficou especialmente mal-encarado com as faixas decorativas em preto, mesma cor da capota. Outros elementos que parecem desenhados para meter medo são o capô alongado e com ressalto, os faróis redondos e quase escondidos, com olhar meio psycho, e a grade com o centro proeminente e a gravatona da Chevrolet acompanhando sua curva.

Curiosamente, a traseira do Camaro é mais amistosa, com suas quatro lanternas miúdas dispostas em dois pares e um jeitão sorridente, de personagem de animação.

EM MOVIMENTO
Rodando pelas estradas de Indiana, o carro da Chevrolet atrai olhares e entorta pescoços, talvez porque nessa parte dos EUA um esportivo desse naipe não seja tão comum. O que mais se vê por aqui são SUVs e picapes. Em endereços cosmopolitas e hedonistas, como Miami, na Flórida, Camaros e Mustangs são que nem mato.

Como no caso do cupê, é melhor pilotar o Camaro sozinho ou com um passageiro ao lado. O espaço no banco traseiro é bastante restrito, e no caso do conversível pode acabar sendo usado para compensar o porta-malas limitado. Quem vai à frente experimenta uma sensação ambivalente, que mistura o conforto de um carro de passeio com certa pegada de esportivo de pista. Os bancos em couro, por exemplo, são bonitos e costurados com esmero, mas também são firmes, bem mais do que num carro com proposta pacífica. O volantão com raios em profundidade e os marcadores no console central preparam o motorista para a guerra e chamam a atenção -- mas não desviam o olhar do excesso de plástico no habitáculo.

O Camaro conversível possivelmente é mais pesado que o cupê de capota fixa (a GM não divulgou os dados), mas os comportamentos dinâmicos são parecidos. A suspensão é a mesma, comprometida com a performance e ideal para rodar em pisos civilizados, e o motorzão 6.2 a gasolina despeja tanta força no eixo traseiro -- são 41 kgfm a 4.600 giros -- que só um detalhista escolheria entre as duas carrocerias com base nisso.

O carro que dirigimos tinha transmissão manual de seis velocidades (no Brasil, só dirigimos o cupê com câmbio automático e trocas sequenciais), o que deu um sabor especial à experiência. Acoplada a um motor desse porte, o sistema é inevitavelmente duro e exigente. O pedal da embreagem inicialmente parece esculpido numa rocha -- mas numa condução mais esportiva, com trocas em faixas de giros altas, isso vira um detalhe facilmente encoberto pelos roncos e bufadas do propulsor.

Exatamente como experimentamos, o Camaro SS Convertible custa aos ianques US$ 40.625, equivalente a cerca de R$ 70 mil, considerando o dólar a R$ 1,70. Com câmbio automático, o valor sobe US$ 1.185, indo a cerca de R$ 72 mil. Mas há versões mais baratas do esportivo: a LT custa pouco acima de R$ 51 mil, mas nela o motor é um V6 de 3,6 litros e potência máxima na casa dos 312 cavalos a 6.500 rpm (o V8 tem 426 cv a 5.900 rpm).

VEM OU NÃO VEM?
A GM não descarta trazer o Camaro Convertible ao Brasil. Se ele vier, certamente será no pacote top e com câmbio automático. Em nosso país, perderia dois equipamentos interessantíssimos, de série nos EUA: a navegação por demanda OnStar e o rádio-satélite Syrius. Com o primeiro dispositivo, o motorista conversa com o sistema eletrônico para pedir ajuda sobre um destino; se a máquina não o entender, um atendente humano entra em cena. Testamos o serviço, que foi impecável. Já o rádio opera no que se chama XM, em vez de FM ou AM. Tem alcance nacional e rádios segmentadas: ouvimos de gospel a black metal, de rock alternativo a um canal só com Frank Sinatra.

De acordo com Marcos Munhoz, vice-presidente da GM, a importação desse Camaro só valeria a pena se houvesse demanda por 50 unidades mensais. Entre dezembro de 2010 e maio último, o Camaro "normal" emplacou 1.126 unidades no país. São quase 190/mês. E o preço? No Brasil, paga-se R$ 185 mil por um Camaro SS cupê que custa R$ 62 mil nos EUA. Mantendo a proporção, o conversível automático não custaria menos de R$ 215 mil.

Viagem a convite da General Motors do Brasil