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Mercedes Classe E Coupé com motor 3.5 V6 destila charme brutal

E 350 Coupé repete visual frontal do sedã; no Brasil, carro começa em R$ 288.500 - Murilo Góes/UOL
E 350 Coupé repete visual frontal do sedã; no Brasil, carro começa em R$ 288.500 Imagem: Murilo Góes/UOL

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

03/06/2010 18h48

A Classe E, que reúne os sedãs médios da Mercedes-Benz, não é a mais vendida da marca por aqui, honraria que cabe à Classe C, menor no tamanho e no preço. Mas é provavelmente a mais emblemática da montadora -- basta lembrar que, até a geração passada (encerrada em 2009, o sedã trazia os clássicos dois pares de faróis redondos. Isso mudou desde o ano passado, mas o novo design da Classe E tem tudo para (também) marcar época na Mercedes.

Quando testamos o renovado Classe E em 2009, escrevemos que era muito difícil encontrar defeitos num carro como aquele. Para se ter uma ideia, um dos itens mais criticáveis era o mau posicionamento da alavanca do cruise control, confundível com a seta. Ambas observações valem para a variação de duas portas do modelo vendida no Brasil a R$ 288.900 com motor V6 3.5, ou R$ 345 mil com propulsor V8 5.4, sob as alcunhas E 350 Coupé e E 500 Coupé Sport.

Essa carroceria de duas portas completa a classe juntamente com o Cabriolet (baseado no Coupé), que dirigimos na Espanha este ano e que ainda não tem data certa para aportar no Brasil.

UOL Carros testou uma unidade com motor 3.5 e constatou que a nova cara da Classe E, com seus dois pares de faróis de formatos irregulares (dependem do ângulo do olhar) sublinhados por LEDs em "L" invertidos, permanece muito bonita mesmo fora da vitrine das lojas mais caras de São Paulo. No caso do cupê, cuja proposta é mais esportiva do que a do sedã, a logomarca cresce e vai para o centro da grade frontal, unindo as duas barras horizontais. Ao longo de seu comprimento, a silhueta do carro vai ganhando "força" e altura, até culminar num terceiro volume encurtado, mas bojudo, delimitado nas laterais por paralamas embrutecidos. Não há coluna central; elegantemente, o teto começa e acaba sem sustentação ao centro.

Vincos e volumes ampliam a sensação de que o E Coupé está prestes a atacar quem encontrar pela frente. Belas rodas de liga, de 17 polegadas e calçadas por pneus baixos (235/45), sustentam a carroceria a pouca distância do solo, com convém a um carro esportivo.

Depois de manejar a grande e pesada porta, que não possui moldura, e de se abaixar para driblar o escasso 1,40 metro de altura da carroceria, o motorista se senta, desperta os sistemas elétricos do E Coupé e já recebe o primeiro mimo: um dispositivo automático traz o cinto de segurança até a altura de seu braço esquerdo, facilitando uma das operações mais complicadas quando se trata de um carro desse tipo (achar e puxar o cinto). Daí em diante já sabemos que tudo será só alegria.

Murilo Góes/UOL
 
Vincos e volumes dão uma certa brutalidade à silhueta do Classe E Coupé

Do ajuste elétrico de altura e profundidade do volante, passando pelos comandos intuitivos dos bancos dianteiros (de posição e de apoio lombar) e pela fartura de couro e alumínio no acabamento, e culminando em mimos como ar-condicionado com três zonas de resfriamento (uma delas para quem vai atrás), teto solar panorâmico e persiana traseira elétrica, a preocupação com o conforto dos ocupantes é total.

Talvez seja menor somente que com a segurança, uma das áreas em que a Mercedes-Benz mais claramente procura superar as arquirrivais e conterrâneas Audi e BMW. Assim como o sedã, o E Coupé tem uma miríade de sistemas de proteção aos ocupantes, atuando na dirigibilidade do carro e na segurança ativa e passiva.

Há airbags dianteiros frontais e laterais, traseiros e de cortina; controles de travamento e força na frenagem (ABS e EBD); apoios de cabeça ativos; sistemas que detectam padrões monótonos de condução e alertam o motorista para evitar o sono (Attention Assist), ou que percebem a inevitabilidade de um acidente e preparam o carro para isso, podendo até fechar as janelas (Pre-Safe); e, ainda, luzes de freio que funcionam como pisca-alerta em caso de frenagem brusca, medidor de pressão dos pneus e piloto automático/limitador de velocidade.

CONDUZINDO O CUPÊ
De modo geral, em movimento o E 350 Coupé oferece um comportamento bem "na mão" do motorista. Ele não é tão manejável quanto os carros esportivos da Audi, mas é menos "solto" que a média dos Mercedes mais pesados. E não lhe falta disposição. O motor V6 de 3,5 litros, de 24 válvulas, a gasolina, proporciona arrancadas e retomadas quase explosivas a partir de uma certa faixa de rotação (por volta de 2.400 giros), garantindo aquela sensação de que todo mundo ficou parado quando o semáforo abriu, menos você. O gerenciamento dos 272 cavalos de potência e 35 kgfm de torque é feito pelo câmbio automático 7G-Tronic, que, como diz o nome, possui sete marchas -- elas podem ser trocadas manualmente nas aletas atrás do volante.

A suspensão do E Coupé é adaptativa e procura a melhor resposta para cada tipo de terreno enfrentado pelas rodas, mas seu acerto básico aposta mais na esportividade do que no conforto. Mesmo assim, foram raros os momentos em que as irregularidades do piso incomodaram os ocupantes do carro. Quanto às curvas, o resultado não poderia ser outro: baixo, largo (pouco mais de 2 metros) e calçado com generosidade, o E Coupé contorna os traçados mais desafiadores com tranquilidade e segurança.

O consumo de gasolina foi muito interessante. Rodando praticamente apenas na cidade, obtivemos média de 7,4 km/litro, um valor que muito carro 2.0 nem sonha em entregar... 

Como fizemos com o sedã um ano atrás, cabe-nos agora listar os (poucos) pontos fracos do E Coupé: o malposicionado (e já citado) comando do cruise control, que aliás deveria usar teclas e não uma alavanca, e o desperdício de espaço útil da cabine com um sistema de infotenimento (rádio, CD player, MP3, bluetooth etc.) de visual duvidoso e operação complicada. 

E é só. Para quem tem dinheiro de sobra, o único dilema diante do Classe E Coupé será pensar se não seria interessante experimentar também o Audi A5. Aí é questão de gosto.


Algumas fotos para essa reportagem foram feitas no Memorial da América Latina, em São Paulo, a que agradecemos.