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Tesla tem março péssimo após acidente fatal; ações seguem caindo

Acidentes com Tesla Model X (foto) e Uber, ambos fatais, têm causado uma série de investigações e discussões nos EUA - Reprodução/Twitter
Acidentes com Tesla Model X (foto) e Uber, ambos fatais, têm causado uma série de investigações e discussões nos EUA
Imagem: Reprodução/Twitter

Dana Hull e Ville Heiskanen

29/03/2018 17h38

Especialistas ainda tentam saber se o carro operava no "Autopilot"; fabricante prefere defender seu sistema semi-autônomo

As ações da Tesla continuam caindo depois que várias perguntas direcionadas à empresa sobre o acidente fatal do Model X na Califórnia intensificaram a pressão sobre a fabricante de Elon Musk.

A empresa está trabalhando com autoridades para recuperar registros de dados do veículo que se acidentou na sexta-feira (23), matando o motorista, de acordo com um post no próprio blog da Tesla. 

A marca não disse se o sistema Autopilot (piloto automático) do veículo estava ativo, mas defendeu preventivamente o recurso de assistência ao motorista, que está desenvolvimento como um precursor da direção autônoma.

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Mês ruim

De qualquer forma, março foi brutal para a Tesla, com as ações caindo a ponto de fazer a companhia perder seu posto de montadora mais valiosa dos EUA para a General Motors. As ações caíram 7,7% na última quarta, para US$ 257,78. 

Seus títulos quirografários atingiram o nível mais baixo de todos os tempos antes da divulgação dos resultados do primeiro trimestre, esperados para a semana que vem. O tom foi captado em relatórios de analistas, como da "Cowen&Co." dizendo que é hora de "questionar a liderança do piloto automático" na Tesla; e da "SanfordC. Bernstein", que focou na "falácia da automação" para impulsionar a produção.

Este acidente, que está sendo investigado por autoridades dos EUA, acrescenta desafios do diretor executivo Elon Musk, incluindo preocupações como a de que a fabricante poderá não atingir suas metas de produção do Model 3 (sedã compacto). 

O acidente também pode levantar novas questões sobre os recursos de direção semiautônoma após um acidente mortal da Uber, que aconteceu dias antes.

"No passado, questionamos a promessa da Tesla de que o hardware atual seria capaz de fornecer capacidade completa de auto-direção", afirma Jeffrey Osborne, analista da Cowen, que classifica o da Tesla como de "baixo desempenho". Dada a reação dos reguladores ao acidente fatal da Uber, "vemos um grande risco de que o equipamento autônomo e demais recursos que a Tesla tem oferecido aos clientes não atendem aos padrões governamentais", acrescentou.

Como foi

Wei Huang, de 38 anos, morreu na semana passada quando seu Tesla Model X colidiu com uma barreira na rodovia sul 101, perto de Mountain View, e pegou fogo, segundo a Patrulha Rodoviária da Califórnia. O perfil do motorista no LinkedIn o identifica como um engenheiro de software que entrou para a Apple em novembro, depois de mais de uma década na Electronic Arts.

O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês) tuitou na terça-feira (27) e disse que estava enviando investigadores para examinar as questões levantadas pelo acidente, incluindo o incêndio.

As baterias dos carros da Tesla são projetadas para que, quando ocorra um incêndio, se espalhem lentamente, para que as pessoas tenham mais tempo para sair ou serem removidas do carro. "Parece que foi o que aconteceu, pois entendemos que não havia ocupantes no Model X quando o incêndio poderia apresentar riscos", disse a Tesla em seu post no blog.

A colisão causou danos extensos porque uma barreira de segurança destinada a reduzir o impacto em um divisor de pista de concreto havia sido removida ou esmagada em um acidente anterior, sem ser substituída, de acordo com a fabricante. "Os proprietários de carros da Tesla já conduziram no mesmo trecho da rodovia com o Autopilot ligado cerca de 85 mil vezes desde que o sistema foi introduzido, e nenhum acidente foi informado", garante a montadora.

Projeto de piloto automático

A abordagem da Tesla ao falar sobre o Autopilot teve como ideia deixar claro o conjunto de recursos de assistência ao motorista que são aprimorados continuamente por meio de atualizações de software e ajudam a criar recursos autônomos mais avançados. A marca disse que todos os carros que são fabricados em sua fábrica de Fremont, Califórnia, incluindo o Model 3, têm o hardware necessário para um dia ser totalmente autônomo.

Alcançar essa capacidade, porém, exigirá ampla validação de software e aprovações regulatórias. Musk prometeu demonstrar uma viagem totalmente autônoma de Los Angeles para Nova York até o final de 2017, mas essa data já era.

Musk continua a confundir o planeta Terra

A equipe de pilotos automáticos da Tesla sofreu com a rotatividade de liderança no último ano e meio. Sterling Anderson deixou a marca em dezembro de 2016 e foi substituído por Chris Lattner, que foi contratado pela Apple e ficou cerca de seis meses. Em junho de 2017, a empresa contratou Andrej Karpathy, pesquisador da Open AI, outra empresa de Musk.

A investigação da diretoria de segurança sobre o acidente de Mountain View é a segunda deste ano envolvendo veículos da empresa. A abordagem da Tesla à autonomia, que inclui câmeras e radares, é apenas um dos designs que as montadoras estão desenvolvendo sob o olhar atento dos órgãos reguladores federais e estaduais.

Outros fabricantes de automóveis estão complementando seus sistemas com um sistema baseado em laser chamado "Lidar".