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BMW estuda sistema para enfrentar Uber com transporte privado

Carros livres do serviço DriveNow (da BMW e da locadora Sixty) poderiam ser usados para oferecer caronas a clientes quando não estivesse em uso - Divulgação
Carros livres do serviço DriveNow (da BMW e da locadora Sixty) poderiam ser usados para oferecer caronas a clientes quando não estivesse em uso Imagem: Divulgação

Chris Bryant

14/03/2016 18h02

Relatos não oficiais dão conta de que a BMW estuda oferecer um serviço de transporte privado que a colocaria frente a frente com o Uber.

O plano da montadora ainda não parece estar concluído, mas aparenta ser uma manobra para contra-atacar o aplicativo.

Peter Schwarzenbauer, integrante do Conselho de Administração da BMW, declarou à publicação alemã "Spiegel Online" que ele consideraria expandir sua operação de compartilhamento de carros DriveNow (joint venture com a locadora de automóveis Sixt, com aproximadamente 580.000 usuários registrados) para incluir um elemento de compartilhamento de caronas.

Como funcionaria? Schwarzenbauer não explicou, mas o Spiegel Online especulou que o serviço poderia, por exemplo, permitir que estudantes utilizassem um veículo do DriveNow quando o mesmo estivesse livre (talvez em noites de sexta- feira) e oferecessem caronas a clientes pagantes.

Sairia barato iniciar o projeto e o serviço extrairia o máximo valor da frota de carros para compartilhamento que a BMW já oferece em cidades da Alemanha, Áustria, Reino Unido, Dinamarca e Suécia. Taxas de utilização maiores costumam ser boas para montadoras porque os veículos precisam ser trocados com maior frequência.

Nova mobilidade

O Uber, que comemorou 1 bilhão de viagens em dezembro, atualmente é uma ameaça maior para taxistas e locadoras de carros do que para montadoras. De fato, a BMW fez parceria para promover seu sedã série 7 entre clientes do Uber.

Por ora, o compartilhamento de caronas continuará atuando como complemento à propriedade de automóveis e não como substituto, de acordo com analistas.

Porém, a tecnologia de veículos autônomos está avançando rapidamente e provavelmente chegará o dia em que chamaremos um carro sem motorista para nos transportar.

Quando isso ocorrer, ser dono de um automóvel poderá parecer ridículo e os consumidores poderão estar menos exigentes em relação à marca do carro.

Não é difícil imaginar um cenário no qual Uber e BMW disputarão o mesmo território: mobilidade.

Frota BMW DriveNow - Divulgação - Divulgação
Só em Copenhgue (Dinamarca), BMW tem 400 carros elétricos do sistema DriveNow
Imagem: Divulgação

Contra-ataque

Segundo o cálculo mais recente, o Uber tinha valor de mercado de US$ 62,5 bilhões e a BMW, de US$ 58 bilhões, sugerindo que os investidores enxergam mais espaço para o Vale do Silício ganhar a batalha.

A vantagem do Uber na solicitação de transporte privado é impressionante, mas não infalível. Seu modelo de negócios é certamente inovador, mas sua tecnologia não é particularmente complexa (comparada, por exemplo, com o desenvolvimento de um motor de combustão) -- nem difícil de replicar.

Portanto, não existe qualquer motivo fundamental que impeça o surgimento de um serviço concorrente de compartilhamento de caronas.

Isso ajuda a explicar porque a General Motors recentemente pagou US$ 500 milhões por uma participação na concorrente do Uber chamada Lyft.

E porque a Daimler (dona da Mercedes-Benz) comprou o aplicativo MyTaxi e uma participação no serviço de limusines Blacklane.

A Alemanha também é um bom lugar para montar o contra-ataque, porque o compartilhamento de automóveis está bem estabelecido por lá, sugerindo que as pessoas já têm menos apego à ideia de serem donas de um veículo.

O Uber foi obrigado a conter dramaticamente seus planos de expansão no país por causa de diversas proibições judiciais e da oposição de taxistas.

Jogando em casa, a BMW teria mais habilidade com as inúmeras regras e legislações locais. Ao adotar uma abordagem mais cautelosa e pensada, a BMW ainda poderá criar dores de cabeça para o Uber.

Esta coluna não necessariamente reflete a opinião da Bloomberg LP, seus proprietários, ou do UOL.