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Alemanha prepara incentivo fiscal para ter 1 milhão de carros elétricos

<br>Birgit Jennen

09/03/2016 09h41

O governo da chanceler alemã Angela Merkel está cada vez mais próximo de aplicar incentivos fiscais para os carros elétricos, após meses de debates a respeito de como aumentar as vendas desses veículos na maior economia da Europa, segundo uma pessoa informada sobre o assunto.

Como o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, é contrário aos planos do vice-chanceler Sigmar Gabriel de oferecer um desconto em dinheiro de até 5.000 euros (pouco mais de R$ 20 mil) aos consumidores.

Os incentivos fiscais aparecem como um acordo provável, disse a pessoa, que pediu anonimato por discutir detalhes das negociações da base de Merkel. Não está claro se o acordo consistiria apenas em incentivos fiscais ou se combinaria as duas abordagens. O porta-voz do Ministério das Finanças preferiu não comentar.

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"Descontos em dinheiro custam bilhões, algo que dificilmente será viável tendo em conta a situação orçamentária", disse Peter Ramsauer, integrante da base aliada de Merkel que preside o comitê de assuntos econômicos do Parlamento alemão, em entrevista.

Em contrapartida, "tornar parte do preço de compra dedutível dos impostos é um incentivo que pode fazer sentido", disse Ramsauer, que foi ministro dos Transportes do governo Merkel.

 

1 milhão de elétricos

Merkel sinalizou no mês passado que poderá apoiar subsídios para atingir sua meta de ter 1 milhão de carros elétricos nas ruas alemãs até 2020, mesmo que Schäuble separe o superávit do orçamento federal da Alemanha para cuidar dos cerca de 1 milhão de refugiados que chegaram no ano passado.

Pouco mais de 30.000 veículos elétricos foram vendidos na Alemanha, uma minúscula fração dos mais de 3 milhões de carros comprados a cada ano em um país historicamente inclinado à tecnologia do diesel para reduzir emissões.

O setor vê os incentivos como um possível divisor de águas devido ao tamanho do mercado alemão, que responde por cerca de um quarto de todas as vendas de automóveis na Europa.

O CEO da BMW, Harald Krüger, disse na semana passada que o setor precisa de apoio do governo para aumentar as vendas e que os executivos se reunirão novamente com Merkel em abril para discutir o assunto, após terem se encontrado com ela no mês passado. 

O governo Merkel está pressionando a indústria automotiva a arcar com parte do custo de qualquer incentivo que venha a ser aplicado, o que ajudaria a compensar o custo mais elevado dos veículos elétricos.

Outros exemplos

Os executivos do setor automotivo apontam para a França, onde o governo começou a oferecer no ano passado um desconto de 10.000 euros (cerca de R$ 40 mil) para os motoristas que trocassem os carros movidos a diesel com mais de 14 anos.

Junto à Noruega, forma exemplos de como os governos podem ajudar no desenvolvimento do mercado para a tecnologia verde.

Na Noruega, os carros elétricos desfrutam de uma infinidade de vantagens. Não há imposto sobre valor agregado nas compras, nem taxa única imposta aos carros regulares. Há, também, recarga gratuita, estacionamento gratuito e isenção das chamadas tarifas de congestionamento.

Além disso, os donos de carros elétricos estão autorizados a dirigir nos corredores de ônibus para evitar o trânsito.

Nos EUA, os compradores podem reivindicar um crédito tributário federal de até US$ 7.500 (quase R$ 28 mil).