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Estratégico para a Peugeot, 308 agrada por dentro, por fora e com motor 2.0

Peugeot 308 com igreja de Ouro Preto (MG) ao fundo: marca aposta alto no modelo  - Divulgação
Peugeot 308 com igreja de Ouro Preto (MG) ao fundo: marca aposta alto no modelo Imagem: Divulgação

Claudio Luis de Souza

Do UOL, em Ouro Preto (MG)

16/02/2012 16h42Atualizada em 17/02/2012 15h46

O Peugeot 308, apresentado nesta semana pela marca francesa em evento realizado em Ouro Preto (MG), é o primeiro carro de passeio lançado este ano do qual se espera um volume importante de vendas. Substituto do 307, tem a missão de emplacar cerca de 12 mil unidades nos dez meses que restam de 2012.

Não há modéstia nisso: tal marca -- necessária para uma Peugeot em crise na matriz -- superaria o melhor desempenho histórico do 307, de 12 mil carros nos 12 meses de 2008. O segmento dos hatches médios é um desaguadouro natural para o dinheiro de uma classe média cada vez mais segura quanto às finanças pessoais -- e em breve ele (o segmento) e ela (a classe média) terão opções do naipe do Chevrolet Cruze, do novo Hyundai i30 e, em algum lugar do futuro, de um novo Volkswagen Golf. Mas o 308 entrou nesta briga antes, e para valer.

UOL Carros experimentou duas versões do hatch da Peugeot, dotadas de motor 1.6 e câmbio manual (Allure) e motor 2.0 e câmbio automático (Féline, a topo de gama). Vale relembrar aqui os preços de cada versão (para os equipamentos, clique aqui).

308 Active 1.6 manual -- R$ 53.990
308 Allure 1.6 manual -- R$ 56.990
308 Allure 2.0 manual e automático -- R$ 59.990 e R$ 63.990
308 Féline 2.0 automático -- R$ 70.990

Antes de comentar a performance, é preciso observar que o 308 a ser vendido no Brasil, por já incorporar o facelift de 2011, chega para nós em sua melhor forma física. A dianteira, em linha com o 408 e o 508, ficou mais moderna que a do carro lançado em 2007.

A traseira, que possui um ressalto e uma janela que o acompanha de modo envolvente em direção às laterais, está mais elegante -- destaque para os vincos que parecem surgir de dentro das lanternas, suavizando a parte inferior do 308. Por falar em lanternas traseiras, elas possuem lentes vermelhas e "lisas", abrindo mão de secções internas aparentes quando não acionadas -- uma aposta de estilo arriscada, já que a tendência atual parece ser a de preencher essas peças com grafismos.

O posicionamento delas também ficou mais harmonioso após a renovação de 2011. No geral, visto por trás o 308 afastou-se definitivamente de referências visuais bizarras -- a principal que salta à lembrança é o antigo Renault Mégane hatch (que, felizmente, nunca foi vendido no Brasil).

POR DENTRO
A diferença fundamental entre as cabines das versões de entrada e de topo é o teto panorâmico de vidro da Féline, que amplia uma área envidraçada já abundante -- e que, assim como no 408, pode incomodar quem viaja nos bancos da frente devido à incidência direta e insistente da luz do sol em pernas e braços.

Fora isso, nota-se o revestimento dos bancos em couro e o maior número e complexidade de comandos no interior da Féline -- que também possui um painel mais bonito, com fundo branco. Os materiais têm bom aspecto e são agradáveis ao toque -- mas quem conhece os carros da PSA vai reconhecer dezenas de itens que vêm se repetindo em diversos modelos ao longo dos anos (como o computador de bordo, por exemplo, igual ao de carros da Citroën).

ASSISTA AO VÍDEO OFICIAL DO PEUGEOT 308

O espaço interno é generoso, tonificando o entre-eixos de 2,61 metros (o mesmo do extinto 307) com um painel frontal inclinado em direção ao parabrisas (o que é ótimo para o passageiro dianteiro) e adequada altura do teto. Quatro pessoas de estatura mediana viajarão bem em qualquer assento, independentemente da lotação. O aperto só veio quando um motorista de 1,90 metro assumiu o volante -- sentado atrás dele, este jornalista de 1,71 metro chegou ao limiar do desconforto.

RODANDO COM O 308
Aqui as impressões tornam-se duas, e o consumo de combustível é o emblema dessa necessária divisão. Num trajeto de 140 km, o 308 1.6 abastecido com etanol registrou 8,92 km/litro, viajando a uma velocidade média de 65 km/h, principalmente em estradas. No caminho de volta, nos mesmos 140 km, o 308 2.0 cravou 9,4 km/l, abastecido com gasolina e com velocidade média de 49 km/h. Houve mais trânsito e anda-para nesta parte do test-drive.

Ou seja: mesmo em condições desfavoráveis, o 308 2.0 ofereceu um consumo tão interessante quanto o do 1.6 -- a vantagem na eficiência foi de 5% (num propulsor 25% maior), e esta comparação só não ficou melhor porque a Peugeot não imaginou que os jornalistas pudessem querer avaliar os dois motores abastecidos com o mesmo combustível...

Enfim, o bloco de 2 litros é o adequado para o porte do modelo, especialmente pelo torque de 22 kgfm, que torna mais eficientes as saídas e retomadas. Na estrada, em conjunto com um câmbio automático surpreendentemente esperto (apesar das avaras quatro marchas), o 308 2.0 sobra onde o 1.6 "grita".

Mesmo aclives suaves cobram um alto preço do moderno motor EC5, que não usa tanquinho de gasolina, possui partes em alumínio e variação nas válvulas de admissão, mas é incapaz de fazer mágica. Por isso, seu trabalho frequentemente vai para além das 4.500 rpm -- em seu lugar, o propulsor de 2 litros operaria abaixo de 3.000 rpm. O contraste é audível.

Na cidade, reconheça-se, a diferença na qualidade de condução é menor. O carro com motor 1.6 mostrou-se dócil e agradável, enquanto a impaciência do 2.0 foi contornada com um pé direito mais contido.

O acerto da suspensão é bom. A Peugeot subiu um pouco a carroceria, medida que aumentou a ginga do 308 na briga com o asfalto irregular (e houve muitos trechos assim no test-drive), transmitindo mais conforto aos ocupantes e, de quebra, moderando o apetite da dianteira por "raspadas" no solo. De resto, o 308 contorna curvas com segurança -- a qual é incrementada pelos controles eletrônicos disponíveis na versão Féline.

DOIS EM VEZ DE 1,6
A impressão geral deixada pelo Peugeot 308 foi muito boa, ressalvando que nossa opção de motor seria sempre pelo de 2 litros, independentemente do acabamento e do câmbio. A única real chateação a bordo é o excesso de sol; quanto aos equipamentos, fartos desde a versão de entrada, lamentamos apenas a impossíbilidade de instalar luzes de neblina e diurnas (em LED) nas versões em que elas não são de série.

Em suma: enquanto os principais rivais não chegaram ou não se renovarem, o 308 é um hatch médio a ser levado em conta. E no segundo semestre ele ainda vai ganhar versão com motor 1.6 turbo de 165 cavalos.

Viagem a convite da Peugeot