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Harley lança motor que rende mais e vibra menos; saiba como anda

Arthur Caldeira

Da Infomoto, em Port Angeles (EUA)

11/09/2016 08h00

Um motor mais moderno é a principal novidade da linha 2017 da Harley-Davidson. Batizado de Milwaukee-Eight 107, o V2 de 1.753 cm³ promete melhor desempenho e menor nível de vibração para aumentar o conforto da família Touring, formada pelos modelos mais vendidos (e emblemáticos) da marca. Outra melhoria está no novo conjunto de suspensões.

Já à venda nos Estados Unidos, as motos devem chegar ao mercado brasileiro entre outubro e novembro, já como linha 2017. Road King Classic e Street Glide Special virão equipadas com uma especificação básica do Milwaukee-Eight 107: refrigeração a ar e óleo. Já a luxuosa Ultra Limited terá refrigeração líquida.

As mais especiais caras da gama, CVO Street Glide e CVO Limited, trarão o motor Twin-Cooled Milwaukee-Eight 114, de 1868 cm³.

Embora os preços em reais ainda tenham sido definidos, os modelos deve sofrer um aumento em torno de US$ 500 (cerca de R$ 1.650, na conversão feita na data da publicação desta reportagem), assim como ocorreu no mercado norte-americano. 

Harley-Davidson Ultra Limited 2017 - Divulgação - Divulgação
Novo V2 de 1753 cc tem 10% mais torque, vibra e esquenta menos
Imagem: Divulgação

Como é o novo motor

Embora mantenha a tradicional arquitetura V2 com 45 graus, o Milwaukee-Eight 107 é "um motor totalmente novo", garante Alexander Bozmoski, engenheiro-chefe de produtos da marca. Milwaukee alude à cidade de origem da Harley; "Eight" indica o número de válvulas, oito (quatro por cilindro); 107 representa a capacidade cúbica em polegadas.

Ao dar a partida fica perceptível que o propulsor pega mais facilmente, sem emitir aquele bufar alto e rústico característico do anterior Twin Cam 103. Nota-se também a ausência de vibrações, graças ao uso de eixo contra-balanceiro e coxins de borracha. De acordo com Bozmoski, os índices de vibração foram reduzidos em 75% em marcha lenta.

Novo cabeçote com válvulas mais leves e de comando simples por varetas oferece fluxo maior de admissão e exaustão. Ruído interno foi reduzido não encobrir o ronco do escapamento.

O calor transmitido do propulsor para piloto e garupa tmabém foi reduzido, por meio de dutos de arrefecimento -- a óleo ou a água, dependendo da especificação -- mais precisos nas áreas onde o motor esquenta mais.

Escapamento foi redesenhado e a curva do cilindro traseiro passou a ficar escondida. Nova ECU (central eletrônica) e sensores mais modernos são responsáveis por um intervalo de ignição mais preciso das duas velas por cilindro, o que também deve melhorar o consumo. A rotação de marcha lenta caiu de 1.000 para 850 rpm.

Suspensões também mudam

Outra alteração feita para a linha Touring 2017 foi o conjunto de suspensões. Dianteira adotou garfos do tipo cartucho da japonesa Showa, que promove funcionamento mais suave dos amortecedores de 11,7 cm de curso.

Na traseira, o sistema bichoque ganhou amortecedores com emulsão (mais progressivos) e ajuste na pré-carga da mola feito por borboleta ao invés de ar comprimido, que requeria manutenção periódica. De acordo com a marca, o motociclista conta com até 30% mais precisão neste sistema de regulagem.

Conforme explicaram os engenheiros da Harley, as mudanças deixam as rodas mais firmes em contato com o solo, garantido maior conforto e controle. 

Harley-Davidson linha Touring 2017 - Divulgação - Divulgação
Especificação mais básica tem arrefecimento a ar e óleo; outra é refrigerada a água
Imagem: Divulgação

Mas e como anda?

Infomoto teve oportunidade de participar dos testes de lançamento mundial da linha, nos Estados Unidos. Durante dois dias rodamos por mais de 600 quilômetros ao redor do Olympic National Park, no Estado de Washington (noroeste do pais).

Primeira percepção: o motor está mais estreito, o que facilita o contado das pernas com o solo. Isso é bem-vindo especialmente do lado direito, pois minimiza as chances de encostar no escapamento.

A ausência de vibração impressiona. Na Ultra Limited, de refrigeração líquida, até os espelhos retrovisores ficam estáticos. O ronco também está mais agradável e perceptível, visto que o nível de ruídos, de fato, foi reduzido.

Quanto ao alardeado conforto térmico não não foi possível perceber grandes mudanças, especialmente porque o percurso foi feito sob temperaturas bastante amenas -- em torno de 16° C.

O torque, aumentado em 10%, proporciona arrancadas vigorosas a ponto de fazer a traseira derrapar em situações extremas, algo raro em uma Harley. O motor responde girando menos -- em torno de 1.600 rpm e parece mais linear do que o anterior. A 100 km/h o conta-giros indicava apenas 2.000 giros. 

Também pudera: o velho Twin Can era um projeto do final dos anos 80, que já estava no limite de desenvolvimento.

Com respostas mais imediatas e reduções de marchas menos frequentes, o novo motor torna a viagem mais confortável. Entretanto, a Harley-Davidson afirma não ter alterado a relação de marchas nos modelos 2017. Com isso, as marchas ficaram muito longas e até mesmo Alexander Bozmoski acredita que alguns clientes poderão instalar um pinhão com menos dentes para alcançar acelerações mais empolgantes.

Outra melhoria poderia ser a instalação de um controle de tração focado na segurança, principalmente em pisos molhados. Afinal, muitos dos clientes de modelos com a Ultra Limited podem se surpreender com o torque extra – afinal como sempre a marca não divulgou a potência do novo motor. Quem sabe essas novidades não cheguem em 2018?

As suspensões também se mostraram superiores às anteriores, mesmo nas boas estradas americanas. Em alguns trechos havia diversas ondulações e irregularidades nas sinuosas estradas de mão dupla da região. Aquela batida seca, antes comum em qualquer desnível, ficaram menos frequentes.

O trem dianteiro agora transmite uma resposta mais precisa ao piloto, aumentando a confiança nas curvas e a estabilidade em velocidades mais altas.