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Xodó dos motociclistas, moto clássica atrai histórias e amizades

Motociclista pilota uma Honda CB 500F em São Paulo; foto é de 1973, mas tem muito colecionador que adoraria replicar este tipo de imagem em tempos atuais - Acervo UH/Folhapress
Motociclista pilota uma Honda CB 500F em São Paulo; foto é de 1973, mas tem muito colecionador que adoraria replicar este tipo de imagem em tempos atuais Imagem: Acervo UH/Folhapress

Cicero Lima

Especial para o UOL

26/08/2016 10h00

Quando o empresário Rafael Trevisan trocou sua Honda Varadero, ano 2008, por uma Honda CB 550F ano 1976, não imaginou que ficaria tão contente. Apesar de ter voltado 30 anos no tempo, sua “nova” moto o levou de encontro à essência do motociclismo.

Além de Rafael, outros motociclistas descobriram que os modelos antigos podem ser tão ou mais interessantes do que os atuais. Conheça duas histórias:

BMW R 100 GS 1992 do empresário Marcelo Resende - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
BMW R 100 GS 92 de Marcelo Resende
Imagem: Arquivo pessoal
Viagem prazerosa

Com mais de 30 anos de experiência, o empresário Marcelo Resende, 44, já percorreu diversos países com modelos aventureiros modernos, caso da KTM 990. Foi com uma BMW R 100 GS Paris Dakar de 1992, entretanto, que ele fez uma de suas viagens mais inesquecíveis.

“Rodei quase 2.000 km por Minas Gerais e São Paulo, e desfrutei bastante. Não é como uma moto nova, em que só precisamos abastecer e acelerar. Com uma clássica é preciso dosar o ritmo", comparou.

Foi justamente a velocidade mais cadenciada da viagem que permitiu a ele desfrutar da paisagem e conhecer mais pessoas. “A cada parada sempre vem alguém falar da moto. Como eu não tinha pressa os papos se prolongavam”. contou o morador de Belo Horizonte.

Consultor de vendas Eduardo Zilli já transferiu sua Honda CG 1983 para o nome do filho, Luiz Eduardo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Consultor de vendas Eduardo Zilli já transferiu sua Honda CG 1983 para o nome do filho, Luiz Eduardo
Imagem: Arquivo pessoal
Moto de família

Outro exemplo é do consultor de vendas Eduardo Zilli, 34, morador de Florianópolis (SC). Dono de uma Honda CG 125 1983 toda original e com placa preta, tomou uma decisão radical para mantê-la em família: transferiu a moto para o nome do filho Luiz Eduardo, de apenas 11 anos.

Zilli costuma rodar com a clássica "CGzinha" pelo litoral catarinense. “Os carros passam e buzinam. Muita gente vem conversar, alguns relembram de fatos marcantes. Minha Hondinha mais parece uma máquina do tempo”, brincou.

Ronco marcante

Por falar em viagem no tempo, a Honda CB 550F 1976 do empresário Rafael Trevisan é mais um exemplo de como estas máquinas marcaram a vida das pessoas. Segundo ele, o ruído do motor de quatro cilindros atrai muitos saudosistas. “Quando chego aos lugares as pessoas querem conhecer a moto só por ouvir o ronco”, contou.

Como todo veículo antigo a manutenção deve ser criteriosa. Regular o carburador, por exemplo, exige mão de obra especializada. Em caso de queda ou quebra é preciso muita garimpagem para encontrar as peças. Tudo bem: a procura também faz parte da “curtição”, pois nesta garimpagem sempre surgem novas histórias e amizades...

Cicero Lima é especialista em motociclistas e motocicletas.