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Yamaha Fazer sente peso da idade ao encarar nova Honda Twister

Arthur Caldeira<br>Guilherme Silveira

Da Infomoto

30/11/2015 18h27

Com dez anos de estrada, a Yamaha Fazer 250 finalmente encontrou uma concorrente à altura: a CB Twister. Ressuscitada no Salão Duas Rodas, a street de 250 cc da Honda chegou ao mercado por R$ 13.050, já em configuração flex. A versão testada conta com freios ABS, o que eleva a etiqueta a R$ 14.550. De qualquer forma, ela sai na frente da veterana rival já neste quesito, visto que esta cobra R$ 13.620 e não oferece o auxílio antitravamento das rodas.

Em comparativo que alternou trechos urbanos e mais de 200 quilômetros na estrada (entre rodovias de pista simples e dupla), a Fazer mostrou ter sentido o peso da idade quando colocada frente a frente com uma oponente mais nova, apesar de ter sido reestilizada. Novas aletas no tanque, farol emoldurado, painel totalmente revisto, grafismos mais elaborados... Nada disso conseguiu deixar o modelo da Yamaha com visual tão agressivo e moderno quanto o da Twister, cujo desenho se inspira na irmã maior CB 500F.

Ambas adotaram lanterna traseira de LED, em formato pontiagudo, além de tampas de abastecimento tipo “aviação”, bom acabamento e comandos ergonômicos e simples nos punhos. Porém, o painel da Honda se sobressai: é maior e escuro, como a tela de um smartphone, e dá acesso fácil aos dados. Nem a iluminação por LED e a luz Eco -- que indica o giro correto para pilotar de maneira econômica -- tira do quadro da Yamaha o aspecto de projeto mais antigo.

Mais nova e moderna

O tom deste comparativo será sempre assim: tudo que a Fazer oferece, por mais qualidade e confiabilidade que tenha, acaba superado pelo projeto mais moderno da Twister. É o caso da posição de pilotagem, que na Yamaha oferece conforto e boa ergonomia (o banco facilita o deslocamento do corpo em curvas), mas acaba comprometida pela base larga do tanque, que obriga o condutor a rodar com as pernas abertas.

Na Twister, o chassi esguio deixa os joelhos colados ao tanque. O assento também é mais baixo (78,4 cm contra 80,5 cm) e duro, e o guidão recuado permite postura mais ereta. O peso em ordem de marchas empata: 137 quilos para cada.

Sistemas de suspensão são semelhantes: dianteira com bengalas telescópicas sem ajustes e balança traseira monoamortecida. O que muda são os ajustes. Enquanto a Fazer usa uma só mola, sendo mais progressiva para absorver desníveis (embora macia até demais), a Honda optou por duas (uma menor, para obstáculos pequenos; outra mais comprida, para segurar grandes impactos) em um amortecedor fixado diretamente à balança. Tal solução elimina manutenção posterior para engraxar ou trocar rolamentos, além de conferir rigidez.

Em curvas de raio fechado, os pneus mais largos e radiais (sem câmara) da Twister, assim como a suspensão mais dura, transmitem maior segurança. Freios a disco bem modulados nas duas rodas garantem paradas seguras, porém com outra vantagem para a Twister: esta já aderiu ao sistema ABS, que será obrigatório no Brasil

Motor e câmbio

Construído com comando simples para as quatro válvulas -- a antecessora CB 300 usava duplo comando, rendendo melhor em altos giros --, o motor da nova Twister gera 22,6 cv de potência (a 7.500 rpm) e 2,28 kgfm de torque (a 6.000 rpm) com etanol, enquanto o da concorrente chega a 20,9 cv (a 8.000 rpm) e 2,1 kgfm (a 6.500 rpm), também usando combustível vegetal.

Os números não mentem: suave e elástico, o propulsor da Honda entrega desempenho melhor para arrancadas e retomadas. Na cidade a diferença é discreta, mas na estrada fica gritante: enquanto a Twister se segura de forma estável e a 6.000 rpm em 100 km/h, a Fazer quase chega ao ponto de corte das rotações e vibra muito mais.

O câmbio de seis marchas também contou a favor da Twister, por oferecer relação mais bem escalonada que a da caixa de cinco velocidades da Fazer. Neste quesito, o produto da Yamaha só é vantagem para quem não gosta de cambiar (sobretudo no uso urbano), pois permite andar em uma faixa maior de rotações com a mesma marcha.

Em capacidade do tanque a Fazer ganha (18,5 contra 16,5 litros), mas o conjunto mais moderno e bem ajustado permitiu que a Twister apresentasse autonomia de quase 34 km/l, contra 30 km/l da rival. No fim, ambas conseguiriam rodar cerca de 550 km sem precisar reabastecer.

Ao final do comparativo, não resta dúvida: o projeto mais moderno da Twister é superior. Apesar da reestilização, a Fazer não tem mais como esconder a dura realidade: ela está ficando velha.