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Na faixa dos R$ 50 mil, Honda Africa Twin será nacional em 2016

Arthur Caldeira

Da Infomoto

06/11/2015 22h05

Embora atrasada, a Honda entra para valer no mercado de bigtrails com a nova Honda CRF 1000L Africa Twin, que tem abordagem mais off-road que as concorrentes, como a BMW R 1200GS, referência do mercado. Com menor peso, motor de menor capacidade e menos eletrônica embarcada, pode agradar aos mais aventureiros e puristas. Por outro lado, não traz diversos itens de conforto como manoplas aquecidas ou piloto automático, itens já incorporados ao segmento.

Preço competitivo deva ser uma vantagem da Honda. Nos Estados Unidos, o modelo com câmbio manual, ABS e HSTC (controle de torque) vai custar a partir de US$ 12.999, enquanto a BMW R 1200GS é vendida por US$ 16.175 em um pacote equivalente à versão Sport, montada e vendida no Brasil por R$ 60.900.

Como a intenção da Honda é nacionalizar a Africa Twin, o preço deverá ser competitivo para o segmento. Se mantida a mesma proporção do mercado norte-americano atualmente (e se o câmbio se estabilizar), podemos esperar a bigtrail da Honda chegando ao Brasil por um preço em torno de R$ 50.000.

Conjunto motriz

De acordo com a Honda, o caráter da nova Africa Twin começa pelo motor, projetado para render bem no asfalto e fora dele. Para isso o bicilíndrico paralelo de 998 cm³ utiliza o mesmo sistema de comando de válvulas SOHC Unicam da família CRF 250/450R, as máquinas de motocross da Honda.

Seu design contribui para as dimensões compactas do motor, que ainda traz cárter seco com tanque de óleo embutido para garantir a excelente distância livre do solo: 250 mm. Com a bomba de água acomodada dentro da caixa de embreagem, o motor é um dos mais compactos 1.000 cc já criados pela marca. Eixos balanceiros primários foram adotados para diminuir as vibrações características dos bicilíndricos.

Com intervalos de ignição de 270° (o tal virabrequim crossplane), a Honda almejou uma entrega linear do torque em uma ampla faixa de rotações até atingir seu pico de 10 kgfm a 6.000 rpm. Dotado de quatro válvulas por cilindro e alimentado por injeção eletrônica, o motor produz 95,1 cv de potência máxima a 7.500 rpm – que podem parecer pouco se comparado a outras bigtrails que, entretanto, têm motores de maior capacidade e são mais pesadas.

Para completar o conjunto motriz, duas opções de transmissão. Uma com embreagem "deslizante" e câmbio de manual de seis marchas; e outra versão com dupla embreagem automática, o tal DCT que, segundo a Honda, trará uma função off-road.

A marca confirma que haverá, portanto, três versões da Africa Twin: uma standard, praticamente sem controles eletrônicos; outra equipada com câmbio manual, freios ABS e HSTC, que permite selecionar o torque transferido à roda traseira em três níveis -- mas que pode ser traduzido simplesmente como controle de tração para evitar que a roda traseira derrape; e ainda a versão com dupla embreagem (DCT), ABS e o HSTC.

Ciclística

O quadro tipo berço semiduplo feito em aço foi escolhido por proporcionar equilíbrio perfeito entre estabilidade em altas velocidades e agilidade no fora-de-estrada. Afinal, praticamente todas as motos trail utilizam esse tipo de quadro, o que deixa claro a intenção da Honda em fazer da nova Africa Twin uma moto que realmente possa andar na terra.

Na dianteira, os garfos telescópicos invertidos Showa com tubos de 45 mm são completamente ajustáveis. Dois discos de 310 mm em formato de "pétala" com pinças Nissin de quatro pistões completam o conjunto dianteiro. Na traseira, um amortecedor hidráulico da mesma Showa oferece ajuste na pré-carga da mola, com um único disco de freio de 256 mm e pinça de um pistão.

Confirmando sua vocação mais off-road, a Africa Twin pegou emprestada as rodas raiadas com aros de alumínio que equipam a CRF 450R Rally, nas medidas 21 x 2.15 na frente; e 18 x 4.00, atrás. De acordo com a Honda, essas medidas permitem a instalação de diversos pneus off-road, além dos de uso misto nas medidas 90/90-21 e 150/70-18, que vêm de série.

Seguindo a filosofia de uma aventureira sem limites, a nova Africa Twin foi projetada com pouca roupagem plástica, para reduzir o peso e ainda assim dar proteção aerodinâmica ao piloto. O conjunto óptico duplo na dianteira usa LEDs, assim como a lanterna traseira.

O corpo esguio e o baixo peso a seco (208 kg na versão standard e 212 kg com ABS) deixam claro que o objetivo da Honda foi criar, na medida do possível, uma moto ágil para o fora-de-estrada. Para isso o banco oferece duas posições de ajuste: 870 e 850 mm de altura, praticamente a mesma da trail Yamaha XT 660R. Porém, com um tanque bem maior com capacidade para 18,8 litros. De acordo com dados divulgados pela Honda, o consumo médio fica em torno de 21 km/l, o que resultaria em uma autonomia de quase 400 km.