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Buraco, óleo e até sinalização precária são armadilhas para motos; evite

Obra inacabada, lombada sem sinalização, desníveis... tudo pode derrubar motociclista - Vinicius Pereira/Folhapress - 19.11.2014
Obra inacabada, lombada sem sinalização, desníveis... tudo pode derrubar motociclista Imagem: Vinicius Pereira/Folhapress - 19.11.2014

Arthur Caldeira

Da Infomoto, exclusivo para o UOL

15/05/2015 08h00

A pesquisa "Causas de Acidentes com Motociclistas" feita pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a pedido da Abraciclo (associação que reúne os fabricantes de motos do país), apontou que 18% dos acidentes de trânsito na cidade de São Paulo são provocados pelas más condições da via. Os dados foram coletados em ocorrências envolvendo motocicletas na Zona Oeste de São Paulo, entre fevereiro e maio de 2013.

"Às vezes a sinalização 'Pare', por exemplo, não está legível no chão, ou o motociclista se envolve em acidente ao tentar desviar de um buraco", explica Osvaldo Negrini Neto, perito aposentado e professor de Física da Academia de Polícia de São Paulo, que colaborou com o estudo da FMUSP. "Nesses casos, se atribui culpa também à via", afirma.

Além de sinalizações irregulares e buracos, nosso sistema viário esconde outras armadilhas para quem circula sobre duas rodas e até mesmo em outros veículos. Infomoto e UOL Carros ajudam a identificar alguns desses perigos:

Tinta preta é usada para cobrir sinalização de asfalto de forma irregular - Infomoto - Infomoto
Tinta camufla sinalização antiga e reduz aderência entre pneu da moto e asfalto
Imagem: Infomoto

1. Tinta preta

Infelizmente, é um expediente bastante comum fazer a simples cobertura da sinalização antiga da via com tinta na cor preta, em vez de raspar e removê-la totalmente do asfalto. Geralmente de qualidade inadequada, fora das normas técnicas previstas, a tinta se converte em armadilha já que não oferece a mesma aderência que o material usado normalmente na sinalização de solo. Infelizmente, isso também acontece em alguns bairros de São Paulo, inclusive em algumas das ruas que receberam as ciclofaixas.

O resultado dessa prática foi sentido pelo motociclista Luiz Artur Cané, que foi surpreendido por repentina perda de aderência quando circulava pela Rodovia Fernão Dias, que liga os Estados de São paulo e Minas Gerais, em 2008. Cané conseguiu saltar da moto antes da queda e sofreu apenas algumas escoriações. Recentemente, a Justiça reconheceu a culpa da concessionária da rodovia, que terá de indenizar o motociclista.

Ao passar sobre a tinta preta, a roda da motocicleta gira em falso por conta da pouca aderência, o equipamento perde tração e o resultado pode ser um acidente, risco potencializado à noite, quando a "camuflagem" fica praticamente invisível, e em dias chuvosos, quando a água amplia a falta de aderência.

2. Muretas

Apesar de tentar evitar que veículos descontrolados deixem a pista e invadam outras áreas, muretas de proteção, muros e guard-rails metálicos acabam se convertendo em armadilha fatal para motociclistas e ciclistas. Em caso de queda, seguida de deslizamento, a tendência de ferimentos graves é potencializada pelos postes de fixação e seus "cantos vivos", que funcionam como lâmina no caso de um impacto em alta velocidade.

Em países da Europa, principalmente na Espanha, diversas campanhas populares levaram à norma que obriga a instalação de placas de proteção sobre os guard-rails, eliminando o risco de decepamento.

Grelha metálica sobre asfalto representa perigo para motos em São Paulo (SP) - Infomoto - Infomoto
Chapas e grelhas metálicas reduzem aderência e aumentam risco de queda
Imagem: Infomoto

3. Placas e grelhas metálicas

Muitas das obras viárias feitas nas grandes cidades demandam um longo tempo até seu término. Uma solução paliativa utilizada pelas empresas responsáveis é a fixação de placas metálicas sobre buracos, valas e dutos de acesso dos equipamentos, permitindo o fluxo dos veículos. Grelhas são ainda mais perigosas, já que as barras de aço vazadas, usadas como dutos de passagem de ar ou água, são quase sempre soluções permanentes.  

Para motos, qualquer intervenção metálica oferecer atrito reduzido com o pneu quando comparado ao asfalto. Ao passar sobre uma placa, o piloto deve evitar acelerar ou frear: a chance de queda é alta, principalmente com o piso molhado. O ideal é manter ritmo e direção constantes.

Bueiro sem tampa na rua Lavapés, em São Paulo (SP) - Moacyr Lopes Junior / Folha Imagem - 16.02.2006 - Moacyr Lopes Junior / Folha Imagem - 16.02.2006
Bueiro aberto ou desnível na via podem causar sérios acidentes
Imagem: Moacyr Lopes Junior / Folha Imagem - 16.02.2006

4. Bueiros e buracos

São comuns na cidade e servem de acesso às galerias de esgotos, cabos subterrâneos de energia elétrica e tubulações de gás. Infelizmente, a manutenção das tampas nem sempre é eficiente, deixando o vão ou buraco desprotegido.

Exposta, a galeria pode provocar acidentes graves e até fatais envolvendo usuários de veículos de duas rodas e também pedestres. Além da falta da tampa, o desnível entre o buraco e o asfalto também pode causar quedas. Redobre a atenção em vias com obras sinalizadas e evite passar sobre bueiros descobertos.

5. Degrau na pista

Após os serviços de recapeamento ou ampliação de faixas, muitas vezes o resultado é um desnível entre as faixas ou entre o acostamento e a pista de rodagem. Além disso, o asfalto fresado pelas máquinas de raspagem criando estrias longitudinais na via, que diminuem a área de contato dos pneus e causam a perda de aderência por conta dos detritos acumulados. 

Lombadas de tamanho ou posicionamento irregular e/ou mal sinalizadas -- a falta de critério no uso do obstáculo é comum inclusive em estradas -- também podem levar a perda de controle por parte do motociclista.

Seja pela falta de aderência, seja pelo desnível de superfície, o resultado pode ser um acidente com consequências sérias. Circule com cuidado nesta situação e evite mudanças abruptas de direção entre as faixas ou ao entrar e sair da rodovia.

Protesto em pedágio para motos em Itapecerica da Serra (SP) - Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem - 29.12.2008 - Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem - 29.12.2008
Piso escorregadio é o perigo das cabines de pedágio
Imagem: Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem - 29.12.2008

6. Cabine de pedágios

Na estrada, motos e os outros veículos têm tratamento diferenciado quando o assunto é pagamento de pedágio. As motos, geralmente pagam metade do preço dos carros, porém não podem usar o sistema e pagamento automático. Além de poupar tempo, a tecnologia oferece mais segurança já que as cabines de pedágios são perigosas para os motociclistas.

O piso é escorregadio, por conta do óleo e graxa deixados por outros veículos. Há ainda o risco de abalroamentos traseiros. A saída é ter sempre atenção.