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KTM 1190 Adventure melhora no asfalto; problema é pagar R$ 79.000

Arthur Caldeira

Da Infomoto

10/04/2015 19h50

Muita coisa mudou desde a primeira KTM 950 Adventure, lançada em 2003, até a atual geração, chamada de 1190 Adventure e recém-chegada ao Brasil, importada, por R$ 79.000. Não foi apenas o motor LC8, um V2 maior e mais potente: a bigtrail se tornou mais confortável, completa e versátil, pois melhorou muito no asfalto sem abdicar das qualidades no fora-de-estrada. De quebra, ganhou controle de estabilidade -- desenvolvido pela Bosch --, item raro para uma motocicleta.

Para aprimorar o desempenho em vias pavimentadas, a KTM reduziu as rodas para 19 polegadas na dianteira e 17 na traseira, e passou a usar aros de alumínio e raios centrais que permitem o uso de pneus radiais. Já o assento foi ampliado e agora pode ser ajustado em duas posições (860 mm e 875 mm). Com essas mudanças, o modelo ficou mais ágil e confortável para longas viagens na estrada -- especialmente para pilotos baixinhos --, sem comprometer a distância livre do solo (22 cm) e as incursões off-road.

Com peso baixo (217 quilos a seco), chassi resistente (quadro de treliça em cromo-molibdênio e balança traseira em alumínio) e excelentes suspensões WP (garfo telescópico invertido de 48 mm na dianteira, e monoamortecedor fixado diretamente à balança traseira, ambos com 190 mm de curso), a 1190 Adventure consegue superar quase todos os obstáculos sem dificuldades. 

KTM 1190 Adventure - Mario Villaescusa/Infomoto - Mario Villaescusa/Infomoto
Protetor de cárter não deixa esconder espírito "lameiro" da 1190 Adventure
Imagem: Mario Villaescusa/Infomoto
O desempenho melhorou ainda mais com os auxílios do sistema EDS -- que permite ajustar eletronicamente pré-carga da mola, compressão e retorno --, do acelerador eletrônico -- em quatro modos: Sport, Street (ambas com potência em 150 cv), Rain e Off-Road (potência limitada a 100 cv) --, do controle de tração e do já mencionado controle de estabilidade (que atua levando em conta velocidade e ângulo de inclinação). Os comandos de todas essas assistências estão acessíveis de forma simples no guidão, e podem ser facilmente visualizados nas duas telas LCD do painel.

Em relação ao conforto, o modelo só peca por não oferecer espuma mais densa no assento e piloto automático, item já existente em algumas concorrentes.

Dócil até certo ponto

Ao ter a capacidade cúbica aumentada para 1.195 cm³, o propulsor LC8, bicilíndrico de arrefecimento líquido, mostrou diversos avanços: a potência chegou a 150 cv (a 9.500 rpm), a mesma da Ducati Multistrada 1200, e o torque, a 12,75 kgfm. O torque máximo só aparece a 7.500 giros, mas a 1190 Adventure tem força suficiente para boas retomadas às 2.000 rotações. É preciso superar 5.000 rpm, contudo, para as respostas ficarem realmente agressivas, o que deixa a bigtrail dócil em baixos giros e vigorosa nas rotações mais altas.

O câmbio de seis velocidades possui engates precisos e suaves, além de bom escalonamento. As duas últimas marchas são overdrive e reduzem a vibração do motor -- um dos únicos defeitos da bigtrail, especialmente acima de 8.000 giros. A embreagem, munida de acionamento hidráulico e sistema anti-deslizante, funciona de forma macia e sem trancos nas reduzidas.

Ficha técnica - KTM 1190 Adventure

  • Preço: R$ 79.000
  • Motor: V2 de 1.195 cm³; DOHC; refrigeração líquida
  • Potência: 150 v (a 9.500 rpm)
  • Torque: 12,75 kgfm (a 7.500 rpm)
  • Câmbio: seis marchas
  • Dimensões: 2.263 mm (c) x 893 mm (l) x 1.447 mm (a)
  • Peso: 217 kg (a seco)
  • Tanque de combustível: 23 litros

Se no off-road a 1190 Adventure não deixa na mão, e na estrada o desempenho é quase esportivo, na cidade a maneabilidade é até boa para seu porte. O problema é que as vibrações e o calor excessivo vindo do motor incomodam. Ao fim do teste de 500 quilômetros, com uso de gasolina comum, o consumo foi razoável: entre 16,3 e 17 km/l. Como o tanque tem capacidade de 23 litros, a autonomia passou de 350 km. 

Pela lista de equipamentos e desempenho, a 1190 Adventure é uma bigtrail bastante recomendável. Seu maior problema é o preço: são quase R$ 10.000 a mais que a BMW R 1200 GS, líder do segmento (que é nacionalizada e vendida a R$ 69.900). Para quem quer versatilidade e estilo, sem se importar com a diferença de valor, vale o investimento.