Topo

MV Agusta Brutale 800, R$ 47.000, faz jus à herança agressiva da família

Roberto Brandão Filho

Da Infomoto

09/09/2014 09h00

Montada por sistema CKD na fábrica da Dafra, em Manaus (AM), a MV Agusta Brutale 800 faz a estreia dos modelos de três cilindros da marca italiana no Brasil. O desenho da nova máquina segue as linhas da Brutale 1090, já conhecida do público brasileiro: o desenho do tanque com entradas de ar, as aletas que protegem o radiador e o farol excêntrico, por exemplo, são itens herdados da irmã maior, assim como o monobraço que segura a roda traseira.

Já o escape abre mão dos dois canos longos para adotar uma ponteira tripla mais curta, próxima ao quadro. Cheia de recursos eletrônicos, a moto já está à venda nas concessionárias da marca por um preço sugerido de R$ 47.000, e com duas opções de cores: vermelho metálico com prata e branco perolizado com vermelho.

Com itens como freios ABS (antitravamento), controle de tração, acelerador eletrônico e diferentes mapas de motor, a Brutale 800 se diferencia de suas concorrentes no pacote tecnológico e também no preço, bastante superior: várias outras nakeds de capacidade cúbica semelhante, como Kawasaki Z800 (R$ 39.390), Suzuki GSR 750 (R$ 36.900), BMW F 800 R (36.900) e Ducati Monster 796 (R$ 33.900), estão na faixa entre R$ 30 mil e R$ 40 mil. 

Motor MV Agusta Brutale 800 - Mario Villaescusa/Infomoto - Mario Villaescusa/Infomoto
Motor tricilíndrico gera 125 cv de potência e 8,25 kgfm de torque. É bastante para uma moto que pesa 167 kg a seco
Imagem: Mario Villaescusa/Infomoto
O PODER DOS TRÊS CILINDROS
Diferente de outros modelos da marca presentes no país, a Brutale 800 nacional traz um motor três-cilindros em linha, de 798 cm³, capaz de gerar 125 cv de potência (a 11.600 rpm) e 8,25 kgfm de torque (a 8.600 giros). Combinado com o acelerador eletrônico, toda essa força é entregue de maneira rápida e até um tanto agressiva, pegando de surpresa os pilotos menos experientes.

Por isso, a montadora equipou o modelo com o sistema MVICS (Sistema de Integração de Veículo e Motor, na sigla em inglês), que abrange controle de tração em oito níveis, o já citado acelerador eletrônico e quatro modos de pilotagem. De acordo com a fabricante, o propulsor traz ainda um avanço tecnológico visto pela primeira vez em uma motocicleta de série, o virabrequim contrarrotativo, que reduz a vibração em desacelerações.

Durante teste no campo de Provas da Pirelli, em Sumaré (SP), a naked provou que o objetivo de criar um produto agressivo, veloz e ágil foi bem-sucedido. Sem o controle de tração e freios ABS, controlá-la é tarefa exclusiva para pilotos profissionais. As arrancadas em primeira marcha fazem jus à herança da família Brutale; e, como a relação é bem curta até a terceira velocidade, e as trocas são feitas com auxílio de um sistema de troca eletrônica que dispensa a embreagem, a naked insiste em ficar com as rodas dianteiras descoladas do chão até a terceira marcha.

É nessa situação que surge o grande o seu ponto negativo: a falta de um amortecedor de direção faz o guidão oscilar de um lado para o outro, dificultando o controle. Isso, claro, em um circuito fechado, onde o modelo estava sendo levado ao limite. Em um cenário de condução menos exigente, nas ruas e estradas, o problema talvez não se manifeste.

QUASE SUPERESPORTIVA
Por conta de seu chassi de estrutura mista, construído em treliça de tubos de aço combinada com duas placas de liga de alumínio, a Brutale 800 mostrou-se muito ágil nas mudanças rápidas de direção. A suspensão dianteira usa garfos invertidos da Marzocchi, enquanto a traseira é formada por monobraço da Sachs. O conjunto permite regulagens na compressão, retorno e pré-carga de mola, tornando-a ajustável para qualquer tipo de motociclista e condições.

"Ziguezagueando" a motocicleta com a configuração padrão, a resposta foi boa: para onde a frente apontava, a traseira seguia a mesma linha, contornando a curva em alta velocidade. As dimensões reduzidas -- 2,08 centímetros de comprimento, 72,5 cm de largura e apenas 1,38 cm de entre-eixos -- contribuem para a boa maneabilidade. 

MV Agusta Brutale 800 - Mario Villaescusa/Infomoto - Mario Villaescusa/Infomoto
Além dos vários itens eletrônicos, sistemas de suspensão e freios são eficientes o bastante para ajudar a domar fera de 800 cc
Imagem: Mario Villaescusa/Infomoto
A leveza da moto (somente 167 quilos a seco) e o assento a 81 cm do solo também facilitam a vida dentro dos grandes centros urbanos, embora a camada de espuma seja de baixa espessura. A posição de pilotagem, assim como a personalidade do motor, está bem esportiva, com pedaleiras altas que deixam o piloto inclinado, apesar do guidão largo e recuado.

Os de freios, com auxílio de ABS de série, é próximo àqueles utilizados em superesportivas. Na dianteira, dois discos flutuantes de 320 mm são mordidos por pinças radiais monobloco Brembo, com quatro pistões. Na traseira, disco único de 220 mm de diâmetro acionado por pinça Brembo de duplo pistão. Fora do papel, isso significa segurança e muita precisão.

Durante exercício de frenagem no campo de provas, a motocicleta se estabilizou rapidamente ao pressionar, com força e de maneira simultânea, o manete dianteiro e o pedal traseiro a 150 km/h, chegando à imobilidade antes mesmo do limite esperado. Ao repetir o exercício só com o freio dianteiro, a traseira levantou um pouco do solo, mas a frenagem também foi segura e eficiente.

Depois da Brutale 800, a MV Agusta trará ao Brasil outras duas tricilíndricas para montar em Manaus: F3 e Rivale. Com esses modelos, os representantes da fabricante no país esperam alavancar significativamente a participação da marca no mercado nacional.