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BMW R nine T é naked clássica com desempenho empolgante

Arthur Caldeira

Da Infomoto

19/06/2014 14h44

Lançada nas últimas semanas, a R nine T (pronuncia-se "ninety", de noventa em inglês) foi a maneira que a BMW encontrou para celebrar seus 90 anos de produção de motocicletas. Mostrada ao mundo no final do ano passado, o modelo desembarca no Brasil por R$ 61.500 mesclando o clássico motor boxer com a transmissão por eixo-cardã e oferecendo diversas possibilidades de customização.

Além do consagrado conjunto motriz, a R nine T resgata um design simples, sem carenagem, com a tradicional cor preta (única opção) das primeiras BMW. Ela deixa de lado até mesmo os aparatos tecnológicos de motos mais modernas, como o controle de tração, para trazer de volta a essência simplista do motociclismo.

AO GOSTO DO FREGUÊS
Embora lembre a R 1200 R, naked mais "moderna" da marca, a nine T traz um chassi completamente novo. Em seu desenvolvimento a principal preocupação foi criar um quadro que permitisse aos consumidores personalizarem a motocicleta de acordo com seu gosto. Tubular em aço, ele incorpora o motor boxer como parte estrutural e é composto basicamente por duas peças: uma seção frontal com a coluna de direção e uma parte traseira para a fixação do monobraço. O subquadro, que sustenta o assento da garupa, tem fácil remoção, permitindo que se opte por uma configuração somente para o piloto -- há como acessório um suporte do escapamento duplo e uma tampa de alumínio para criar um visual parecido com o das primeiras café racers.

O escapamento, desenvolvido pela Akrapovic, foi projetado para ter dois estilos diferentes, que são vendidos à parte como acessório. Tudo para que o motociclista possa deixar a moto com sua cara. Esta filosofia de customização, até então associada à marcas como a Harley-Davidson,  faz sua estreia em motos da marca alemã. Esse conceito e a atenção aos detalhes aparecem no farol frontal, clássico e redondo, que traz ao centro um pequeno emblema da BMW -- cuidado de acabamento comum nas Harley.

MODERNA EM ROUPA CLÁSSICA
O novo quadro, além de modular, abandona a exótica suspensão dianteira telelever (que usa apenas um amortecedor) das atuais motocicletas da BMW para dar lugar a um garfo telescópico invertido com bengalas douradas, emprestado da S 1000 R, mas sem os ajustes. Na traseira, o monobraço com um amortecedor traz o eixo-cardã incorporado -- trata-se do sistema paralever, que tem ajuste da pré-carga da mola. 

Nos freios, mais toques de modernidade: discos duplos flutuantes dianteiros de 320 mm, mordidos por pinças de quatro pistões com fixação radial, e disco simples (também flutuante) traseiro de 265 mm com pinça de pistão duplo.

O clássico painel, com dois mostradores redondos, velocímetro e conta-giros, vem da naked R 1200 R. No centro dele existe uma tela de cristal líquido, mas sem a grande quantidade de informações do computador de bordo (há apenas relógio, hodômetro, média de consumo e velocidade, além da autonomia). A eletrônica embarcada de outras BMW com diversos modos de pilotagem e controle de tração dá lugar apenas ao sistema de freios ABS (obrigatório na Europa).MOTOR VIGOROSO
Em vez de utilizar o propulsor de refrigeração líquida presente nas R 1200 GS e RT, a fábrica optou pelo tradicional motor bicilíndrico boxer (em que os cilindros são opostos), de 1.170 cm³ e refrigeração a ar. Produz 110 cv de potência máxima (a 7.550 rpm), que podem fazer a moto ultrapassar 200 km/h. Porém é o excelente torque de 12,15 kgfm (6.000 rpm) que torna a pilotagem da nine T prazerosa. Sem a necessidade de muitas trocas de marcha (o câmbio tem seis marchas), o modelo tem arrancadas divertidas.

Aliás, de nada adiantaria todo esse estilo se a R nine T não fosse divertida. A BMW também acertou nesse quesito. A ergonomia é típica das nakeds: o banco, a apenas 78,5 cm do solo, e a posição de pilotagem ereta, graças ao largo guidão de alumínio, fazem com que o piloto se sinta bem à vontade. O ronco do motor é grave e instigante -- quem curte motor boxer vai se divertir ao girar a manopla com o câmbio em ponto neutro. O charme não para por aí: a nine T ainda balança de um lado para outro como as antigas BMW.

Logo é possível notar que há força de sobra para carregar os 222 quilos da moto. Mudanças de direção são fáceis de executar e curvas são contornadas com naturalidade. As suspensões -- ambas com 120 mm de curso -- se mostraram macias e com boa dose de amortecimento. As frenagens são eficazes e progressivas. O propulsor pode não empolgar fanáticos por "velocidades finais", mas o torque abundante faz com que a nine T arranque rapidamente e deixe quase tudo para trás. Os 110 cv são mais que suficientes para se manter no limite legal. Acima disso, como toda naked, faz falta a carenagem.

Talvez a única crítica vá para o preço salgado, algo inevitável em motos da BMW Motorrad. Ela é cara para padrões naked -- até mesmo dentro da própria marca. Há outras motos do segmento a preços menores que ofereçam mais opções, mas sem o estilo clássico e as possibilidades de customização.

BMW R nine T - Divulgação - Divulgação
Seus 110 cv são suficientes; torque de 12,15 kgfm é o real poder da R nine T
Imagem: Divulgação