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Roteiro de moto a Cristina (MG) revela tesouro histórico e café "nota mil"

Aldo Tizzani

Da Infomoto

17/04/2014 21h03

Minha missão era rodar de São Paulo (SP) até São Lourenço (MG) para acompanhar mais uma edição do Megacycle, um dos encontros motociclísticos mais tradicionais do país. Mas este trajeto de cerca de 300 quilômetros pode levar também a outros lugares, pessoas e histórias. Antes de chegar ao destino, resolvi conhecer Cristina. Não, ela não é uma mulher comum, nem uma celebridade instantânea...

DESCUBRA CRISTINA
Esta pequena cidade está encravada entre as montanhas do Sul de Minas. Pouco conhecida, foi fundada há 213 anos e emancipada politicamente há 160. O nome é uma homenagem à imperatriz Tereza Cristina, mãe da Princesa Isabel, que seu hospedou na residência do conselheiro do império Joaquim Delfino da Luz, um dos filhos mais ilustres desta região do Estado.

Atualmente, Cristina faz parte do circuito turístico do Sul de Minas, que se caracteriza por montanhas íngremes, uma infinidade de riquezas naturais, berço de uma rica culinária e lugar de gente simples e hospitaleira. Destaque ainda para o café "nota mil": considerada o ouro da cidade, a bebida tem atraído muitos estrangeiros em função de seu diferenciado e encorpado sabor.

Casarões do período imperial, ruas tranquilas e íngremes e bate papo carregado de "mineirês" nas pracinhas. Os homens jogam dominó e cartas, enquanto donas de casa ficam nas janelas vendo o tempo passar… Com pouco mais de 10 mil habitantes, a cidade é simples, acolhedora e de certa forma bucólica.

CHICO CASCATEIRO
A primeira parada foi no Museu do Trem, logo na entrada da "Cidade Imperatriz" com seus calçamento de paralelepípedos. Lá é possível ver fotos antigas do município e vários objetos usados na ferrovia e também utensílios domésticos, máquinas de escrever e de fotografia. Do lado de fora do museu, uma locomotiva do tipo Consolidation, fabricada nos Estados Unidos em 1911 pela Baldwin Locomotive Works faz a conexão com o passado. Ela circulava nas linhas que ligavam Três Corações, Itajubá, Soledade, Varginha e Machado, nas primeiras décadas do século passado.

Em frente, fica a antiga estação de trem, principal ponto do período em que o transporte ferroviário foi fundamental para o desenvolvimento econômico da região. Seguindo em direção à praça Santo Antônio, pela rua da Estação, o turista observará a fachada de antigos casarões e conhecerá obras do artista português Chico Cascateiro.

O tour se completa na tradicional rua Direita até o adro da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, local de onde é possível ver as montanhas que protegem o município. Descendo, sentido centro, parada obrigatória no parque urbano da Cachoeira da Gruta, local de descanso e também contato com a natureza e suas águas cristalinas.

Para José Célio Mendes, presidente do Comtur (Conselho Municipal de Turismo), a cidade precisa atrair mais turistas em função de sua história, belezas naturais e também pelo roteiro de cafés especiais. "Com clima de montanha, a cidade é simples e acolhedora. Oferece várias opções de passeios, dos banhos nas cachoeiras até visitação às fazendas históricas", enumera.

DIVERSÃO NA ESTRADA
Cristina fica, literalmente, entre duas das principais estradas do país, as rodovias presidente Dutra e Fernão Dias. Escolhi a segunda opção. O trecho paulista da estrada, que vai até Vargem, apresenta péssimas condições de piso e sinalização, isso sem falar nos trechos em obras e ângulos errados na inclinação das curvas. O motociclista precisa tomar muito cuidado com o excesso de caminhões e óleo na pista. Na chuva, redobre a atenção e diminua a velocidade.

De Extrema, primeira cidade mineira, até Pouso Alegre, a Fernão muda radicalmente. Piso em boas condições, bem sinalizada. Nem parece a mesma rodovia. Não esqueça: na BR-381 cobra-se pedágio de motos (entre R$ 0,70 e R$ 0,75, dependendo do trecho).

Mas a alegria começa quando seguimos sentido Itajubá, pela MG-459. Apesar de pista de mão simples, a estrada tem asfalto em bom estado de conservação e muitas curvas, subidas e descidas e algumas retas. Pura diversão! O motociclista pode relaxar apreciando as belas montanhas e sentindo aquele cheirinho de "capim gordura".

Depois de Piranguinho seguimos pela MG-347 até Cristina. A estrada -- também de mão simples -- apresenta asfalto mais poroso, mas o nível de diversão fica cada vez melhor. Curvas, curvas em "S" e dá-lhe adrenalina. Mas se você rodar por estes lados, não se esqueça de obedecer a sinalização, já que as duas estradas -- MG-459 e MG-347 -- cruzam trechos urbanos de vários municípios. Respeite também o limite de velocidade, que neste percurso varia de 80 a 110 km/h.

SOBRE A NC 700X
Neste roteiro, além de conhecer Cristina, pude experimentar a Honda NC 700X, que impressionou pelo desempenho e baixo consumo. Essa crossover, com corpo de trail e pneus de perfil esportivo calçados em rodas 17" custa R$ 29.990 na versão com freios C-ABS e superou as expectativas. Confortável e ergonômica, a NC 700X foi também econômica: fez, na média, 27 km/l.

Roteiro de moto a Cristina (MG) - Mario Villaescusa/Infomoto - Mario Villaescusa/Infomoto
Na estrada, a versátil Honda NC 700X fez 27 km/l de combustível
Imagem: Mario Villaescusa/Infomoto
O responsável por esta proeza é o motor bicilíndrico em linha de 669,6 cm³ , inclinados a 62°, com único comando no cabeçote (SOHC), quatro válvulas por cilindro e refrigeração líquida. Produz 52,5 cavalos de potência máxima a 6.250 rpm e oferece torque máximo de 6,3 kgfm a 4.750 rpm. Esta configuração -- que na verdade é um motor do Honda Fit "cortado" ao meio -- privilegia o torque em uma ampla faixa de giros. Uns acham gambiarra, outros reengenharia. Acredito em soluções práticas em busca de baixa emissão de ruídos e ausência de vibrações.

A versão utilizada nesta viagem estava equipada com freios Combined ABS (C-ABS). O sistema reúne ABS (Anti-lock Brake System) e o CBS (Combined Brake System). Enquanto o primeiro evita o travamento das rodas em frenagens bruscas, facilitando o controle do veículo em situações de emergência e permitindo manter seu controle direcional, o segundo distribui a força de frenagem entre as rodas dianteira e traseira. Só o fato de saber que a moto conta com o ABS já transmite -- até que inconscientemente -- maior confiança e segurança.

Com um desenho moderno, banco largo e macio, um dos principais diferenciais da moto é o compartimento para capacete ou bagagem no lugar do tanque de combustível, que foi posicionado na traseira para contribuir com a centralização de massas e fazer dela uma moto ágil, fácil de pilotar e muito boa de curva.