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Harley-Davidson celebra 110 anos com desfile de 7.000 motos

Arthur Caldeira

Da Infomoto, em Milwaukee (EUA)

06/09/2013 13h15

Sob o forte sol de fim de tarde em Milwaukee (EUA), milhares de motociclistas se aglomeravam em frente ao Museu da Harley-Davidson. Willie G. Davidson, neto de um dos fundadores, e dois de seus filhos, Bill e Karen, faziam a contagem regressiva para o início oficial das comemorações de 110 anos da mais famosa marca norte-americana de motocicletas.

Uma bandeira do Peru, alguns membros de um motoclube da Indonésia, coletes com a bandeira do México, bandanas com as cores de Porto Rico e uma bandeira brasileira. Fãs de todas as partes do mundo.

Claro, incontáveis referências à bandeira dos Estados Unidos também. A contagem parecia uma catarse coletiva. Após o “zero”, ao invés de um "Feliz Aniversário", surge no letreiro "Bem-vindos ao lar".

Uma saudação às 150 mil pessoas, segundo estimativas da Harley, que rumaram à capital do estado de Wisconsin -- cidade-sede da fábrica, desde que a marca surgiu em 29 de agosto de 1903. “Esta festa de 110 anos não é para a empresa, mas para celebrar nossos clientes", afirmou Keith Wandell, presidente mundial da marca.

Se esse local, onde há 110 anos quatro homens fundaram a Harley-Davidson Motor Company, não significa nada para você, então não vai adiantar explicar, diriam os mais aficionados.

Durante os quatro dias da festa, que terminou domingo (1), o ronco dos motores V2 tomou conta da cidade à beira do Lago Michigan, no norte dos Estados Unidos.

Cerca de 7.000 motos participaram do desfile no sábado (31). A reportagem encontrou apenas duas scooters e três motos japonesas durante as festividades. A região estava tomada de harleiros, como gostam de ser chamados. Alguns chegam até a dizer que não gostam de moto, mas sim da Harley-Davidson.

  • Arthur Caldeira/Infomoto

    "Harlistas", fãs da marca norte-americana cruzam ponte sobre o lago Michigan durante desfile

PAIXÃO
Estar em Milwaukee tem um significado especial, uma volta às origens, para aqueles que vêem na sigla H-D mais que uma motocicleta.

Entre as atrações, shows com estrelas do rock como Aerosmith, Lynyrd Skynyrd, ZZ Top e Kid Rock, festas nas ruas da cidade no melhor estilo encontro de motociclistas, e até uma edição do Ultimate Fighting Championship (UFC) com lutadores locais.

Os fãs dizem que é difícil explicar a paixão pela marca. Ela leva a loucuras. Como a de Eurélio Lima e Juliana de Souza, de Londrina (PR). O casal rodou 3.200 km em uma Electra Glide Ultra Classic de Miami até Milwaukee para participar da festa. Eles faziam parte de um grupo de 170 brasileiros que alugaram 86 motos. “Já fizemos outras viagens de moto nos EUA, sempre de Harley. As estradas aqui são boas e o astral tem tudo a ver com a marca”, afirma Lima.

O mesmo sentimento contagiou o motorista de caminhão Ken Burgardt, morador local. “Milwaukee, além das cervejas, é Harley-Davidson”, diz em referência às cervejarias que também fazem a fama da cidade.

Ken estava com a mulher e os três filhos recebendo harleiros. Um deles, Robert, de quatro anos, saudava os motociclistas com um cartaz que dizia: "Welcome Home, Harley Riders" (bem-vindos ao lar, pilotos de Harley, em tradução literal do inglês).

"Não posso sair com minha Super Glide 1984 sem levá-lo para passear, se não ele fica chorando", revela Burgardt.

HISTÓRIA
A Harley-Davidson é um ícone americano. Não é a única fábrica de motos nos EUA, mas é sem dúvida a mais famosa. A identidade com a América foi reforçada nos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando muitos soldados tornaram-se motociclistas depois de pilotar a WLA 1942, praticamente a moto oficial do exército norte-americano.

Ainda hoje isso pode ser visto nas diversas bandeiras americanas que tremulam nos bauletos das motos da família touring, as maiores do line-up, ou em bandanas nas cabeças dos motociclistas.

Os fãs que optam pela marca não buscam apenas motos, mas o estilo de vida que está associado a ela. Durante a festa, não importava a origem ou a língua. O logotipo da marca na roupa ou até na pele era suficiente fazer amigos.

O jornalista viajou a convite da Harley-Davidson do Brasil