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Ducati Diavel feita no Brasil tem desempenho surpreendente

Apesar do porte imponente, a Ducati Diavel nacional surpreende pela força e maneabilidade - Doni Castilho/Infomoto
Apesar do porte imponente, a Ducati Diavel nacional surpreende pela força e maneabilidade Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Arthur Caldeira

Da Infomoto

09/05/2013 19h50

Surpreendente. Não há adjetivo melhor para definir a Ducati Diavel Carbon. Como não ficar surpreso ao saber que ela acelera de 0 a 100 km/h em 2,6 segundos, mais rápido até que a superesportiva Panigale 1199?

Acredita também que a Diavel é a Ducati que faz a menor distância de frenagem?

Não são apenas seus números de desempenho que impressionam. Seu comportamento dinâmico também. Afinal, com 205 kg, quase 1,60 metro de entre-eixos, pneu traseiro de 240 mm largura e garfo dianteiro alongado, a moto aparenta ser "pesada". Não é.

Apresentada pela Ducati em 2010, a Diavel -- agora montada no Brasil, na fábrica da Dafra em Manaus (AM) -- surgiu da ideia de se construir um modelo que atendesse aos instintos mais básicos dos motociclistas: aceleração estonteante, design imponente e ciclística precisa. Os projetistas da marca conseguiram.

Usando motor esportivo -- o Testastretta 11º, derivado dos propulsores que equipam as superesportivas da marca --, a Diavel conseguiu unir o tradicional quadro em treliça em um desenho longo e baixo como o de modelos custom. Uma mescla que faz dela uma moto  praticamente sem classificação.

SEGURE-SE
Originalmente utilizado na superesportiva 1198, o motor de dois cilindros em "L" (um "V" a 90°) e 1.198,4 cm³ produz 162 cv e fortes 13 kgfm de torque. São números impressionantes em superesportivas -- e ainda mais em uma moto com visual custom.

Para controlar tamanha força, a Ducati equipou a moto com acelerador eletrônico, controle de tração (com cinco níveis) e três modos de pilotagem: Urban, que limita a potência a 100 cv; Touring, com 162 cv, mas com resposta mais suaves; e Sport).

O ronco do motor parece um rugido furioso. A resposta do acelerador é instantânea e parece não acabar. Arrancar em primeira ou segunda marcha não faz diferença. Girei o acelerador com a palma da mão algumas vezes em primeira marcha e, apesar do controle de tração, foi possível ouvir um pequeno "grito" do enorme pneu de 240 mm tentando aderir ao chão -- e ainda sentir um leve cheiro de pneu queimado.

Porém, diferentemente de outras power cruiser com muito torque em baixa (mas pouco ímpeto em altos giros), o motor dessa italiana parece não acabar. Foi preciso uma longa reta para chegar nos 9.500 giros, onde se extrai a potência máxima, e mesmo assim não pareceu faltar fôlego. O propulsor sente-se à vontade rodando a 2.000 giros em marchas altas ou acelerando a 9.000 rpm.

Se as esportivas seduzem pelos altos giros e as custom por seu torque massivo, a Diavel faz os dois. E bem.

Já o modo Urban é, de fato, mais confortável e apropriado para a cidade. Com menos potência e respostas mais suaves no acelerador, ele cansa menos no trânsito. Sem dizer que é sempre bom contar com controle de tração mais atuante. Ainda mais quando se tem 13 kgfm de torque.

Na estrada, o modo Touring, no qual apenas o acelerador responde menos bruscamente, oferece conforto para a garupa e gera economia de combustível.

Ducati Diavel Carbon
+ Motor: Dois cilindros em "L", 1.198,4 cm³, 4 válvulas/cilindro, refrigeração líquida.
+ Potência: 162 cv a 9.500 rpm.
+ Torque: 13 kgfm a 8.000 rpm.
+ Câmbio: Seis marchas.
+ Alimentação: Injeção eletrônica.
+ Dimensões: 2.235 mm x 860 mm x 1.192 mm (CxLxA).
+ Peso: 234 kg em ordem de marcha.
+ Tanque: 17 litros.
+ Preço: R$ 69.900 (Carbon) e R$ 58.900 (Standard)

VISUAL CUSTOM, DESEMPENHO ESPORTIVO
Famosa por suas esportivas, a Ducati assegurou que, apesar do visual custom, a Diavel ofereceria conforto, desempenho e ciclística ágil, quase como o de uma esportiva. Como optou por quadro em treliça, bastante semelhante ao utilizado em outros modelos da marca, a Ducati conseguiu fazer da imponente Diavel uma moto relativamente fácil de ser conduzida.

Em função do largo pneu traseiro e da longa distância entre-eixos, manobras em baixas velocidades são lentas, mas bem equilibradas e naturais. Já em curvas em velocidades mais altas, a Diavel demonstra maneabilidade incrível. Claro que não muda de direção com a mesma facilidade que uma naked de 600 cc, mas inclina com naturalidade impressionante.

Nesta versão Carbon, avaliada, que traz rodas Marchesini forjadas e pesa 5 kg a menos do que o modelo standard (exatos 205 kg, 234 kg em ordem de marcha), até mesmo retornos podem ser feitos com segurança. As suspensões também são especiais na Carbon: na dianteira, garfo telescópico Marzocchi de 50 mm de diâmetro, ajustável e recoberto com material para reduzir atrito; já na traseira, grande monobraço de alumínio com amortecedor completamente ajustável e também com fácil ajuste da pré-carga da mola.

O acerto mais rígido do conjunto de suspensões é um dos responsáveis pelo bom desempenho da moto em curvas e pela excelente estabilidade em altas velocidades. Mas, por outro lado, ele também faz a Diavel "pular" demais em asfalto imperfeito como o nosso.

Outro fator que auxilia o "ataque" às curvas é sua posição de pilotagem ereta, bem parecida com a da Monster, a naked da Ducati. Costa ereta, pernas flexionadas e retas com o largo guidão ao alcance das mãos. O banco com formato curvo também acomoda bem o piloto e dá certa sustentação para as costas. As pedaleiras posicionadas mais altas, em função da posição, nem chegam a raspar no asfalto, como acontece em motos custom.

O conjunto de freios é outro detalhe ciclístico digno de superesportiva, ou até melhor. Segundo a Ducati, a Diavel só perde na distância de frenagem para as motos de competição da marca. Pudera: na frente, são dois enormes discos semiflutuantes de 320 mm de diâmetro mordidos por duas pinças de quatro pistões da Brembo, fixadas radialmente. Atrás, a moto usa disco de 265 mm com pinça flutuante de dois pistões. Ambos contam com ABS que, assim como o controle de tração, pode ser desligado.

  • Doni Castilho/Infomoto

    Posição de pilotagem mais ereta com pedaleiras elevadas evitam raspadas no chão em curvas

QUEM SE IMPORTA?
Mas é claro que há imperfeições. Além da já citada suspensão rígida, em altas velocidades faz falta alguma proteção aerodinâmica. O espaço para a garupa também não é dos mais confortáveis. As pedaleiras, retráteis, estão inteligentemente escondidas sob a curta rabeta traseira, assim como a alça.

Um detalhe é a ausência de pontos para se fixar bagagem. Quer viajar? Improvise: mochila nas costas (não recomendável se a jornada for longa) ou elásticos. A questão da bagagem é tão crítica que, para 2013, a Ducati apresentou a versão Strada, com bolsas laterais, para-brisa, banco mais macio e encosto para o carona.

O painel dividido em duas telas de LCD tem também muitas informações. A maior, sobre o guidão, mostra velocidade, giros do motor, relógio e temperatura do propulsor. Já a tela de alta definição que fica sobre o tanque permite visualizar a marcha engatada, modo de pilotagem e ainda o nível do controle de tração, além dos hodômetros e um computador de bordo -- que mostra a velocidade média e o consumo. A navegação é feita por comandos no punho esquerdo. E a partida é "Keyless", ou seja, sem chave. Só falta um marcador de combustível.

Outro "problema" é que a Diavel não se encaixa em nenhum segmento. Visual custom, desempenho esportivo e posição de pilotagem de naked. Para a Ducati, trata-se de um novo estilo que pode deixar motociclistas e fãs da marca confusos. Mas quem se importa? A moto surpreende.