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Harley-Davidson Blackline tem jeito retrô e pilotagem sofrida

Softail tem ABS de série e pintura inspirada nas custom do passado, mas é dura e difícil de manobrar - Doni Castilho/Infomoto
Softail tem ABS de série e pintura inspirada nas custom do passado, mas é dura e difícil de manobrar Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Roberto Brandão Filho

Da Infomoto

25/04/2013 20h24

Integrante da linha Dark Custom, a Harley-Davidson FXS Blackline 2013 desembarca no Brasil com a opção Hardy Candy Custom. Customizada de fábrica, tem estilo agressivo e retrô, que remete às choppers da Califórnia dos anos 1960 e 1970. A moto recebeu capa do farol dianteiro na cor preta, velocímetro simples montado sobre braçadeira tripla, tampa do filtro de ar redonda e tanque de óleo preto no formato ferradura. Esses detalhes são remanescentes das peças e acessórios da Harley-Davidson antes da Segunda Guerra Mundial. 

Fora isso, os pequenos gráficos no tanque de combustível são inspirados no estilo "low rider" de 1977, enquanto os cilindros pretos com cabeçotes em cinza são similares aos encontrados nos motores Panheads e Shovelheads dos anos 1950 e 1960.

Sua beleza e estilo “old school” atraem olhares de todos, principalmente pela exclusiva coloração dourada e brilhante do modelo, que pode ser encontrado na rede de concessionárias da marca por um preço sugerido de R$ 44.700. Existem ainda outras três opções de cores para a Blackline, com preços menores. Há um senão: a FXS presa mais pelo estilo que pelo conforto. De toda forma, não existe no mercado outra custom com a mesma proposta. Muito menos com o mesmo estilo.

MINIMALISTA
Segundo a Harley-Davidson, o estilo minimalista da Blackline veio da análise de hot rods e motos customizadas. Os primeiros passos foram cortar a traseira ao máximo (chopped), com a lanterna separada em duas peças colocadas junto aos indicadores de direção, e equipá-la com guidão "split drag", bem estreito, em referência clara aos entusiastas da customização, principalmente nas oficinas de "old school".

O painel de instrumentos de peça única, montado no meio do guidão, tem as informações básicas: velocímetro analógico, hodômetros parciais e total, autonomia, marcha engatada e relógio. Não há indicador de nível de combustível, apenas uma luz indicadora de reserva.

Também há participação da engenharia nesta moto com estilo vintage. A Blackline tem a aparência de uma rabo-duro, mas com a suspensão traseira escondida na horizontal, bem abaixo do banco. Este detalhe a torna mais bonita e atraente, porém deixa o conforto do condutor um pouco de lado, algo típico deste tipo de projeto.

A pintura dourado brilhante, chamada de Coloma Gold Flake, é inspirada na cidade de Coloma, primeiro local onde foi encontrado ouro na Califórnia, em 1848.Para se chegar ao tom único, são utilizados flocos de metal com geometria única aplicados sobre camada de resina resistente e brilhante. Tudo é polido para ficar perfeitamente liso -- o processo é repetido até oito vezes em cada peça -- e o acabamento da última camada é feito com resina transparente e brilhante.

DESEMPENHO
A FXS Blackline Hard Candy Custom é equipada com motor Twin Cam 96B de 1.585 cm³ com arrefecimento a ar. O propulsor é contrabalanceado e oferece muita força, principalmente em baixas rotações, graças a seu torque de 12,1 kgfm. O nível de vibração é alto, mas em sexta marcha e em velocidades mais altas, esta sensação desaparece, característica comum aos motores V2 da Harley-Davidson.

O 96B evoluiu dos antigos motores Flathead, Knucklehead, Panhead, Shovelhead, Evolution e Twin Cam 88. Segundo a marca, o consumo médio de combustível é 16,6 km/l e o tanque da Blackline tem capacidade para 18,9 litros de gasolina.

Dura demais, a embreagem torna o engate da primeira marcha ser complicado e barulhento, mas motor e transmissão passam a trabalhar bem da segunda marcha em diante, com engates precisos, desde que se faça a utilização ideal de acelerador, embreagem e câmbio.

Os freios dianteiros também são duros de acionar e demoram um pouco para morder o disco de 292 mm de diâmetro, mesmo com quatro pistões. Já o traseiro responde bem. O lado bom, é que a Blackline vem de fábrica equipada com sistema ABS (antiblocante) e assim fica mais fácil conduzir a máquina de 294 kg a seco durante a frenagem.

A posição de pilotagem mais agressiva, proporcionada pelo baixo banco, pedaleiras avançadas e guidão, não é das melhores. Em longas viagens, pode ser exaustivo permanecer mais de uma hora sobre a motocicleta -- braços e pernas muito esticados cansam o condutor e causam dores nas costas. Pilotos com menos de 1,80 m de altura se sentirão desconfortáveis depois de algumas dezenas de quilômetros rodados. Tudo em nome do estilo.

A suspensão traseira com pouco curso reduz a absorção do impacto, que acaba sendo feita pelas costas do condutor. Já a suspensão dianteira, do tipo garfo telescópico, faz um bom trabalho. Embora tenha banco e pedaleiras para a garupa, é impraticável dar carona a alguém com a Blackline. Claramente, o espaço para o passageiro é só quebra-galho, utilizado apenas em caso de necessidade.

De um jeito ou de outro, riscar o asfalto com as pedaleiras será algo comum em qualquer curva, seja ela aberta ou fechada. Para isso não acontecer, o piloto deve contornar as curvas em velocidades baixas, com calma, seguindo o "manual custom de pilotagem". Dentro da cidade, ela passa com facilidade pelo corredor graças ao guidão estreito. Porém, manobrá-la não é tão simples. Com comprimento total de 2,41 m, qualquer manobra, mesmo dentro de garagens, exige paciência e força.