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Triumph Tiger 800 XC, nacionalizada, tem bom desempenho e preço competitivo

Com boa posição de pilotagem, parabrisa e tanque de 19 litros, a Tiger 800 XC é boa pedida para viagens - Doni Castilho/Infomoto
Com boa posição de pilotagem, parabrisa e tanque de 19 litros, a Tiger 800 XC é boa pedida para viagens Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Arthur Caldeira

Da Infomoto

21/11/2012 18h07

A Triumph Tiger 800, na versão XC, mais aventureira, pode ser considerada o cartão de visitas da marca inglesa em sua chegada ao Brasil. A trail não é tradicional como a Bonneville T100 ou a naked Speed Triple 1050 -- as outras duas motos também montadas em Manaus (AM) -- e apesar de ter sido lançada em 2010, já ocupa o posto de moto mais vendida da Triumph em todo o mundo. Para descobrir o motivo de tanto sucesso, rodamos com o modelo por estradas inglesas e também a testamos na pista, no lançamento oficial da marca no país.

Justamente por suas rodas raiadas de 21 polegadas, na dianteira, e 17, na traseira, a versão XC escolhida para ser vendida no Brasil tem o caráter mais aventureiro. Conta com protetores de mão e de motor de série, suspensões de longo curso e um resistente quadro em aço. Mas seu grande diferencial frente à concorrência é o motor de três cilindros com 94 cv.

TORQUE SEMPRE
Apesar de derivado do motor tricilíndrico da esportiva Daytona 675, o propulsor projetado para a Tiger 800 teve mais de 80% do seu interior alterado. Com refrigeração líquida e quatro válvulas por cilindro com duplo comando no cabeçote (DOHC), o motor é alimentado por injeção de combustível multiponto.

Sua potência de 94 cv (a 9.300 rpm) é superior à da BMW F 800GS, sua principal concorrente, que tem 85 cv. Ainda mais interessante é sua curva de torque, praticamente plana, o que faz da Tiger 800 XC uma moto bastante divertida de se pilotar.

A ideia de que o motor de três cilindros seja um meio termo entre o torque do bicilíndrico e a potência dos motor de quatro cilindros vai além do marketing. Seu torque já está disponível quase por inteiro a partir das 2.500 rpm -- o máximo de 8,06 kgfm aparece a 7.850 rpm.

Com isso, a Tiger 800 XC permite uma condução mais tranquila e suave até 5.000 e 6.000 giros, quando o motor acorda e mostra seu lado mais esportivo: as rotações parecem crescer mais rapidamente. Na reta da pista da Fazenda Capuava, no interior de São Paulo, Infomoto bateu a marca de 187 km/h -- a velocidade máxima da moto gira em torno de 210 km/h.

O câmbio de seis marchas, principalmente na estrada, é preparado para distribuir ainda melhor torque e potência. Com trocas suaves e macias, agrada tanto àqueles que querem uma pilotagem mais tranquila quanto aos motociclistas que buscam esportividade. Destaque também para a embreagem multidisco, banhada a óleo, macia e de funcionamento irrepreensível. Veja a ficha técnica:

Triumph Tiger 800 XC
+ Motor: Tricilíndrico, DOHC, 12 válvulas, refrigeração líquida.
+ Potência: 94 cv a 9.300 rpm.
+ Torque: 8,06 kgfm a 7.850.
+ Câmbio: Seis marchas.
+ Alimentação: Injeção eletrônica.
+ Dimensões: 2.215 mm x 865 mm x 1.390 mm (CxLxA).
+ Peso: 215 kg.
+ Tanque: 19 litros.
+ Preço: R$ 39.900.

CICLÍSTICA ROBUSTA, PORÉM ÁGIL
Dotada de um quadro tubular de aço em treliça, feito para ser resistente, a Tiger 800 XC usa aros de alumínio com raios (21 polegadas na frente e 17 atrás) e suspensões de longo curso -- garfo telescópico invertido com 220 mm de curso, na dianteira, e monoamortecedor com 215 mm de curso fixado por links na balança traseira, de alumínio, ambos da marca Showa. Ou seja, especificações dignas de uma moto feita para enfrentar qualquer caminho.

O interessante é que, mesmo com essa ciclística trail, a Tiger 800 XC é uma moto bastante ágil nas mudanças de direção e nas curvas. Com um "corpo" esguio, que permite um bom encaixe das pernas, pedaleiras bem posicionadas e um guidão não tão largo assim (865 mm) pode-se contornar curvas de uma forma bem radical. Na pista, onde a moto foi apresentada no Brasil, não era raro a pedaleira ralar no chão, tamanho o ângulo de inclinação da moto. Claro que os pneus Pirelli Scorpion Trail, mais on do que off-road, também têm responsabilidade pelo bom nível de aderência nas curvas.

Já nas estradas inglesas, as suspensões de longo curso e ajustáveis mostraram-se aptas para absorver lombadas e imperfeições do piso asfaltado com excelência. O conjunto também é adequado para encarar estradas de terra sem problemas.

Com relação ao sistema de freios, a Triumph também não economizou: instalou dois discos duplos flutuantes de 308 mm na dianteira, mordidos por pinças também flutuantes de dois pistões da Nissin; e um disco simples de 255 mm com pinça flutuante de pistão único, na traseira. Para completar o pacote, sistema antitravamento (ABS) de série.

A boa notícia para os pilotos mais ousados no off-road é que o ABS pode ser desativado. Proporcionando frenagens seguras e precisas, o conjunto de freios dá conta de parar os 215 kg da trail inglesa.

CONJUNTO "AJUSTÁVEL"
Elogiada pela imprensa estrangeira e também agraciada com bons números de venda em todo o mundo, a Tiger 800 XC tem a clara proposta de ser uma aventureira para longas viagens. Por isso, o tanque de combustível tem capacidade para 19 litros -- o maior reservatório entre as motos do segmento -- e a boa posição de pilotagem é ereta.

O pequeno para-brisa oferece alguma proteção aerodinâmica e a versão XC ainda traz bagageiro de série, além de uma vasta gama de acessórios que estará disponível aos consumidores brasileiros em breve.

  • Doni Castilho/Infomoto

    A nova Triumph Tiger 800 XC tem rodas de alumínio com raios de 21 polegadas na dianteira e 17 na traseira; apesar das especificações típicas de moto trail, o modelo contorna curvas com esportividade

O único problema talvez seja o banco: confortável, porém com pouca espuma para jornadas de muitos quilômetros. Sua altura em relação ao solo, porém, é bastante democrática: começa em 865 mm e pode ser abaixada para 845 mm -- o que, juntamente com a regulagem de guidão, permite ao motociclista ajustar a Tiger 800 ao seu biótipo.

Outra qualidade de uma moto feita para viajar é o completo painel de instrumentos. A pequena tela de cristal líquido traz velocímetro, além de medidor de combustível e computador de bordo. Ao lado, um grande e analógico conta-giros tem fácil leitura. Além disso, a moto conta com um gerador que permite aos pilotos utilizarem, com segurança, acessórios elétricos extras, como GPS e luzes auxiliares, por exemplo.

MERCADO
Depois de rodar com a Triumph Tiger 800 XC em duas situações -- pista e estrada -- é fácil entender o porquê de o modelo ter assumido a liderança de vendas entre as motos da marca inglesa globalmente. Versátil, com desenho de bom gosto e bastante eficiente ao que se propõe, a moto também surpreende com sua facilidade de pilotagem e pelo comportamento elástico de seu motor.

Nacionalizada e com um preço competitivo, a R$ 39.900, a Tiger 800 XC chega para brigar diretamente com a BMW F 800 GS, cotada a R$ 42.900 e, não por acaso, o modelo mais vendido da fábrica alemã no Brasil. Sem andar nas duas motocicletas em situações semelhantes, fica difícil afirmar qual é a melhor opção ou mesmo se o preço mais em conta vale a pena. Porém, vale ressaltar que a BMW apressou-se em modernizar sua F 800 GS no exterior para enfrentar a forte concorrência inglesa.