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Kawasaki ER-6n 2013 prova que dá para melhorar time que está ganhando

Bandida: a Kawasaki deixou ainda melhor a naked ER-6n, que ganhou visual invocado - Doni Castilho/Infomoto
Bandida: a Kawasaki deixou ainda melhor a naked ER-6n, que ganhou visual invocado Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Arthur Caldeira

Da Infomoto

10/08/2012 12h31

Não era necessário, mas mesmo assim a Kawasaki insistiu em atualizar a ER-6n. Renovar completamente a naked foi mais um capricho da marca do que uma real necessidade e demanda dos clientes. Afinal, o modelo anterior era uma das motos mais racionais e bem resolvidas da categoria. Com uma proposta claramente urbana, tinha motor com excelente torque em baixa e fôlego suficiente para girar alto; muito ágil e fácil de pilotar, além de econômica e com um preço atrativo para uma motocicleta de 600 cc.

Porém, quando o novo modelo foi apresentado no Brasil, a justificativa da marca foi de que pesquisas indicaram que "os consumidores buscavam uma moto mais acessível". Ficou a dúvida se isso era realmente possível. E a Kawasaki foi tirar isso a limpo.

Certamente, o novo visual da ER-6n está mais harmonioso, principalmente no conjunto óptico frontal que traz o painel embutido. Mas a versão anterior já era bonita. Para 2013, o motor manteve-se o mesmo dois cilindros em linha, mas uma nova central eletrônica promete ainda mais torque em baixas e médias rotações. O quadro foi totalmente remodelado, além das suspensões que ganharam mais alguns milímetros de curso cada uma. O guidão ficou 20 mm mais largo e o tanque foi posicionado mais a frente, tudo para torná-la ainda mais ágil.

NA PRÁTICA
Logo ao subir na naked já é possível notar as mudanças ergonômicas. Além do guidão mais largo e elevado, o banco ficou mais estreito e facilitou ainda mais apoiar os pés no chão -- característica útil em uma moto urbana que pretende atender a pilotos com biótipos diferentes. E mesmo os mais altos não se sentirão “apertados” na nova ER-6n.

O novo painel -- além de combinar mais com a moto -- facilita a leitura das informações: ao contrário do modelo anterior, neste o conta-giros é analógico e o velocímetro digital. Outra novidade bem-vinda é o computador de bordo, que informa consumo instantâneo, médio, autonomia, além do aviso do modo “Eco”, que se acende quando a moto está sendo conduzida de maneira mais suave.

O motor de 649 cm³ de capacidade não sofreu mudanças internas. Alimentado por injeção eletrônica, com refrigeração líquida e duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC), ele oferece os mesmos 72,1 cv a 8.500 rpm e 6,5 kgfm de torque a 7.000 rpm. Porém, a marca reprogramou a ECU (unidade de central eletrônica) para melhorar a entrega de potência e torque em médios giros. Ainda mais, pois o modelo anterior já era um primor nesse quesito. Além disso, o novo sistema de exaustão contribui para um melhor fluxo de gases.

Mesmo após alguns dias rodando com a nova ER-6n, as mudanças do motor são difíceis de serem notadas. O fato é que a alimentação do propulsor continua perfeita. Não parece haver “buracos” na aceleração e a ER-6n chega a parecer uma moto automática.Tanto faz acelerar em segunda, terceira ou quarta marchas, o motor responde com o mesmo fôlego e disposição.

CICLÍSTICA MELHOR
O novo quadro e suspensões melhoraram na nova ER-6n. O chassi de tubo duplo, renovado, além de mais atraente, deixou a moto mais estável, principalmente em altas velocidades. O conjunto de suspensões é um certeiro, apesar do curso mais longo -- 5 mm no garfo dianteiro e 2 mm na balança traseira -- e deixou a moto mais macia. A ER-6n 2013 ficou ainda melhor nas curvas.

No modelo anterior, uma reduzida brusca na entrada ou uma aceleração mais brusca na saída da curva gerava certo desequilíbrio no conjunto. Um “defeito” que foi corrigido no novo modelo. Defeito entre aspas mesmo, porque é sempre bom lembrar que a ER-6n é uma naked urbana sem a menor intenção de ser esportiva.

No quesito freios não há novidades: na dianteira, disco duplo em formato de margarida com 300 mm; e disco simples de 220 mm, na traseira. Para 2013, a unidade central do ABS ganhou processador mais avançado. Apesar dos bons componentes, o ABS é intrusivo e atua cedo demais: basta colocar o pé no freio traseiro para sentir o pedal trepidar, indicando que o sistema entrou em ação.

FICHA TÉCNICA: Kawasaki ER-6n 2013

Motor:Dois cilindros paralelos, quatro válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas no cabeçote e refrigeração líquida.
Potência:72,1 cv a 8.500 rpm.
Torque:6,5 kgfm a 7.000 rpm.
Câmbio:Seis marchas.
Alimentação:Injeção eletrônica.
Tanque:16 litros.
Suspensão:

Garfo telescópico de 41 mm de diâmetro com 125 mm de curso (dianteira). 
Balança monoamortecida regulável na précarga com 135 mm de curso (traseira).

Freios:Disco duplo em formato margarida com 300 mm de diâmetro e pinça de dois pistões (dianteiro). 
Disco simples em formato margarida com 220 mm de diâmetro e pinça de um pistão (traseiro).
Chassis:Tubos duplos de aço
Dimensões:2.110 mm x 770 mm x 1.110 mm (C x L x A); 130 mm (altura do solo); 805 mm (altura do assento); 1.410 mm (entre-eixos).
Peso:206 kg.

DEU CERTO!
Melhorias são sempre bem-vindas e na nova ER-6n as modificações feitas pela Kawasaki realmente deixaram a moto melhor. O novo painel traz informações precisas sobre a autonomia e consumo e ajudou a fazer dessa naked uma das motos mais práticas do mercado -- além de ser luxuosa no segmento de 600 cc.

Ela serve tanto para uso diário como para viagens -- claro que a ausência de carenagem não permite velocidades altas por muito tempo, mas para rodar até 120 km/h o conjunto óptico desvia bem o vento. De quebra, a moto ainda ganhou ganchos sob a rabeta para se amarrar bagagem. E o tanque, agora com 16 litros de capacidade (era de 15,5 l), proporciona uma autonomia em torno de 340 km (o consumo médio variou entre 21 e 22 km/l. bem próximo ao do informado no painel, de 22,7 km/l).

E, por fim, seu novo visual, com linhas mais angulosas, ficou mais atraente e harmônico. Prova disso é que a moto despertou a atenção de curiosos nos semáforos e postos de gasolina: muitos queriam saber que modelo era aquele. A melhor notícia é que o preço do modelo 2013 não subiu tanto: a ER-6n 2013 com freios ABS sai por R$ 28.880 nas cores amarela, preta e verde. Já a versão standard, sem os freios ABS, custa de R$ 25.990. Eis um bom exemplo de que em time que está ganhando é possível, sim, se mexer.