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Moda do envelopamento começa a chegar às motocicletas

Alfonso Pantalena com uma BMW e Frederico De Cunto com uma Kasinski, ambas envelopadas - Doni Castilho/Infomoto
Alfonso Pantalena com uma BMW e Frederico De Cunto com uma Kasinski, ambas envelopadas Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Da Infomoto

22/09/2011 13h17

Não é mais surpresa ver um carro fosco parado bem ao seu lado no farol, certo? O envelopamento de carros, principalmente modelos esportivos, SUVs e picapes, já virou moda no Brasil e as empresas que prestam esse tipo de serviço têm trabalhado muito para atender o consumidor, que está cada dia mais exigente e antenado nas novidades. Um cliente busca a exclusividade, o outro quer proteção, e tem ainda aquele que almeja rejuvenescer seu veículo. A novidade é que a adesivagem já chegou às motocicletas.

A aplicação nas motocicletas é trabalhosa, mas elas já começam a ser vistas pelas ruas das grandes cidades. O envelopamento de uma moto custa entre R$ 700 e R$ 1.500.

Para entender se vale a pena, e se os audaciosos proprietários de uma moto envelopada estão satisfeitos, acompanhamos dois motociclistas que optaram pela adesivagem, e ainda conhecemos de perto como trabalha a loja pioneira deste serviço em São Paulo, responsável por verdadeiras "metamorfoses ambulantes".

O PROCESSO
Logo ao entrar na Preto Fosco, instalada no bairro do Itaim, zona sul da capital paulista, fica fácil entender as dimensões (e as dificuldades) do envelopamento. Um retrovisor prata era o que tinha sobrado de uma Mercedes-Benz SLK 55, que naquele momento estava quase toda branca fosca (apesar do nome da loja). Uma observação: se sua ideia é mudar a cor da sua moto, não se esqueça de alterar a documentação também -- isso é imprescindível para o proprietário não receber uma multa.

Antes de botar a mão na massa, alguns lembretes: a moto deve estar limpa e lavada. Com uma bobina -- nome dado ao rolo do adesivo -- na mão e um "secador de cabelo" na outra, o funcionário começa a transformar o veículo. E é aí que as diferenças entre motos e carros começam.

"Moto é complicado", diz Paulo Surya, proprietário da Preto Fosco. A dificuldade começa pelo tanque de combustível, muito arredondado, o que exige remendar os adesivos, dificultando o processo e aumentando o número de horas trabalhadas. Para ser ter uma ideia, uma motocicleta leva de dois a três dias para ser envelopada -- o mesmo tempo gasto com um Hyundai i30 (hatch médio). Para lavar a moto depois da adesivagem, usa-se somente água corrente e sabão neutro.

A dificuldade extra fica evidente no preço final do serviço. "Hoje eu pintaria minha moto", confessa Alfonso Pantalena, 57 anos, proprietário de uma BMW R 1200 RT ano 1999. Não que o envelopamento realizado em sua BMW tenha ficado ruim -- mas entre pagar quase o mesmo valor (R$ 1.150) para adesivar ou pintar, Pantalena hoje optaria pela pintura.

"Mudar a cor da motocicleta é realmente complicado. Além do problema da documentação, o serviço não fica 100% perfeito, já que todas as emendas precisam ser caprichosamente executadas para não evidenciar a cor original que está embaixo", analisa o motociclista. Ele trocou o verde original para o preto fosco. Apesar da crítica, ele gostou do resultado: sua BMW passou por um processo de rejuvenescimento. "E isso não tem preço", conclui Pantalena.

A reportagem falou também com Frederico De Cunto, 38 anos, dono de uma Kasinski Mirage 650. Mais ousado, ele optou pelo preto fosco e ainda pediu que alguns detalhes da moto recebessem um adesivo que imita fibra de carbono. Ele gostou do resultado, "mas faltam mecanismos, ferramentas ou técnicas para deixar a moto 100%", ressalvou.

EM CARROS, FEBRE ESTÁ ALTA

  • Divulgação

    Uso de adesivos em carros está em alta, e empresas correm atrás para atender à demanda

CORRERIA
Paulo Surya, dono da Preto Fosco, admite: "Estamos numa correria tão grande que não consegui ainda me estruturar para receber as motos, embora elas não parem de chegar". As empresas do ramo começaram a receber mais pedidos do que planejavam, e isso fez com que as motos ficassem para trás. "Vou fazer um balcão para apoiar os tanques e as carenagens das motos, e aí ficará muito mais fácil", diz Surya.

Apesar da sinceridade do proprietário, as motos não param de chegar à loja. Até um scooter Citycom 300i, da Dafra, estava passando por este tipo de customização. Neste caso, o dono optou por fazer detalhes em fibra de carbono, mas manteve o branco original do modelo.

As tendências não param por aí. Até "tatuagem" nos veículos podem ser feitas. Os adesivos, em contraste com a pintura original, marcam a lataria e formam o desenho que o interessado escolher.

Paulo Surya chamou a atenção também para uma película incolor, que, segundo ele, já está sendo muito utilizada na Europa. Com ela, o proprietário do veículo opta pela proteção, já que ficará praticamente invisível sobre a lataria (inclusive de uma moto).

CONCLUSÃO
A gama de cores dos adesivos para veículos é imensa, e o grau de customização só depende da criatividade (e do bolso) do cliente. Mas cuidado para não se arrepender. Apesar de o envelopamento ser somente um adesivo e, no pior dos casos, basta retirá-lo, escolha com cautela a sua customização. É como uma tatuagem: ela pode ser tirada, mas o trabalho é proporcional.

O fato é que o envelopamento para motos já é uma realidade, mas o processo ainda precisa ser aperfeiçoado, devido as peculiaridades de suas peças. (por André Jordão)