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Kawasaki Ninja 650R e Yamaha XJ6F têm no motor sua grande diferença

Yamaha XJ6F (esquerda) e Kawasaki Ninja 650R têm preços e propostas semelhantes - Doni Castilho/Infomoto
Yamaha XJ6F (esquerda) e Kawasaki Ninja 650R têm preços e propostas semelhantes Imagem: Doni Castilho/Infomoto

Da Infomoto

01/04/2011 15h03Atualizada em 01/04/2011 15h49

Ciclística espartana, design atual e carenagem integral para dar um toque de esportividade e garantir conforto aos motociclistas que querem pegar a estrada. Completando a receita, um motor com a capacidade cúbica da vez no mercado brasileiro: 600 cm³. Assim podem ser resumidas a Yamaha XJ6F, apresentada ao Brasil no início de 2010, e a Kawasaki Ninja 650R, recém-lançada por aqui. Mas, por baixo da carenagem integral, as duas motocicletas escondem sua principal diferença: a arquitetura do motor.

Enquanto a Yamaha aposta em um motor de quatro cilindros em linha, a Kawasaki equipou sua Ninja 650R com um bicilíndrico paralelo. E não apenas o ronco -- agudo na XJ6F e mais grave na Ninja --, mas também o comportamento as diferenciam. Os números de desempenho (fornecidos pelas fábricas), porém, as aproximam.

O propulsor da Kawasaki Ninja 650R tem dois cilindros, comando duplo no cabeçote, refrigeração líquida e 649 cm³ de capacidade. Oferece 72,1 cavalos de potência máxima a 8.500 rpm e 6,7 kgfm de torque máximo a 7.000 rpm.

O motor quatro-cilindros da Yamaha XJ6F também conta com duplo comando no cabeçote (DOHC), 16 válvulas e arrefecimento líquido, mas produz mais potência -- 77,5 cavalos -- em giros mais altos -- 10.000 rpm --, como é característico dos motores com esta construção. E o torque máximo, 6,1 kgfm, a 8.500 giros, é menor que o da Ninja e em uma rotação mais alta.

Apesar dos valores nominais bastante próximos, a potência e o torque dos motores demonstram a personalidade diferente dos propulsores. Enquanto a Ninja privilegia o torque e a potência em baixos regimes, a XJ6F traz bastante emoção em altos giros. O que não quer dizer que o bicilíndrico da Kawasaki não “gire” bastante -- o limite de giros está nas 11.000 rpm. Significa apenas que o propulsor fica mais à vontade entre 2.000 e 9.000 rpm. Dessa forma, permite trocas menos constantes no câmbio de seis marchas, privilegiando uma tocada mais urbana.

Por outro lado, o motor da XJ6F também demonstra fôlego para se pilotar na cidade. A diferença é que ele pede mais rotações -- menos que as motos superesportivas, porém mais que a Ninja 650R. Na prática, isso significa uma tocada um pouco mais esportiva, com o motor trabalhando acima de 6.000 rotações.

ESTILO
Ambas têm projetos novos e seguem a tendência atual: motos fáceis de pilotar, utilizáveis no dia-a-dia e com vigor para encarar viagens. No desenho, seguem linhas diferentes, porém contemporâneas. A Yamaha XJ6F tem um conjunto óptico único, traços angulosos e porte de moto maior, completada por uma traseira minimalista. A Kawasaki trouxe para esta recente versão da 650R as linhas da família Ninja, com dois faróis na dianteira e a traseira também reduzida ao essencial.
A escolha no quesito beleza fica para o gosto de cada um.

A Yamaha peca em oferecer somente a cor preta. A Ninja 650R está disponível na cor preta e no tradicional verde.

As carenagens, além de conferirem um ar esportivo, garantem proteção aerodinâmica ao piloto. Neste ponto, ambas cumprem bem o objetivo: desviam o vento, oferecendo conforto no uso rodoviário. Já no uso urbano, as carenagens integrais não atrapalham a pilotagem. O único senão fica por conta das saídas de ar da Kawasaki Ninja 650R, que desviam o ar quente proveniente do motor diretamente para as pernas do piloto, incomodando em dias mais quentes.

Os painéis de instrumentos de ambas, embutidos na carenagem, também são completos: estão lá conta-giros, velocímetros e luzes de advertência, além de relógio e hodômetro. A Ninja conta ainda com uma única tela de cristal líquido totalmente digital, bastante atraente, enquanto a Yamaha usa conta-giros de leitura analógica, o que facilita a visualização.

CICLÍSTICA
Na parte ciclística as duas contam com um chassi tubular em aço. São peças de construção simples, porém proporcionam a estabilidade esperada para o desempenho das duas motocicletas. Não são rígidos como em motos superesportivas, com especificações mais top de linha, mas estão de acordo com a proposta da Ninja 650R e da XJ6F (modelos fáceis de pilotar).

Essa facilidade também vem da boa distribuição de peso em ambas. Elas se utilizam da mesma solução para baixar o centro de gravidade: um escapamento localizado no centro da moto, escondido sob o motor.

As suspensões são convencionais e espartanas em ambas: na dianteira, garfo telescópico sem ajustes e balança traseira monoamortecida. A diferença fica por conta do ponto de fixação: a Yamaha tem sistema monocross com amortecedor fixado no centro da balança, enquanto a Kawasaki optou por uma solução menos comum com o amortecedor fixado lateralmente. Detalhe que não influencia no funcionamento do conjunto.

O acerto das suspensões nos dois modelos privilegia o conforto em detrimento da esportividade. Absorvem as imperfeições do piso e garantem curvas divertidas. Mas não espere que elas se comportem como superesportivas.

Os freios também foram dimensionados de acordo com a proposta de uso e o desempenho dos dois modelos. A Yamaha XJ6F tem disco duplo de 298 mm com pinça de dois pistões, na dianteira; na traseira, disco único de 245 mm com pistão simples. A Ninja tem configuração semelhante, mas a forma e os diâmetros dos discos diferem: 300 mm na frente e 220 mm atrás, no formato margarida. Na prática, o funcionamento é comum: não assustam e param as motos com eficiência. De toda forma, vantagem para a Kawasaki, que oferece a opção do sistema com ABS.

CONCLUSÃO
Com propostas parecidas e especificações também, tanto Yamaha XJ6F quanto Kawasaki Ninja 650R são boas opções de compra no segmento de motos 600 cm³ com carenagem. Cumprem o que prometem, oferecem desempenho satisfatório e são versáteis, podendo ser usadas tanto no dia-a-dia como em viagens.

A diferença crucial está mesmo na motorização. Muitos motociclistas encantam-se com os quatro cilindros em linha como o da XJ6F, enquanto outros não têm essa idéia fixa e terão uma boa surpresa com o desempenho do bicilíndrico da Ninja 650R. A escolha é difícil até mesmo em função do preço. Atualmente, a Yamaha ainda está comercializando a XJ6F modelo 2010 em uma única versão (sem ABS) por R$ 30.000 -- vale dizer que para 2011 não haverá mudanças significativas. Já na tabela da Kawasaki, a Ninja 650R 2011 sai por R$ 27.770 sem ABS, e R$ 29.990 com o sistema antitravamento -- porém, o preço não traz o frete, que varia de acordo com a região.

As muitos quilômetros e diversas situações com os dois modelos, pode-se dizer que o tipo de uso é o fator determinante. Se for comprar uma motocicleta para rodar mais na estrada, opte pela Yamaha XJ6F e seu motor de quatro em linha; mas se o uso for muito mais urbano, fique com a Kawasaki Ninja 650R e seu bicilídrico paralelo. (por Arthur Caldeira)

FICHA TÉCNICA

Kawasaki Ninja 650R (ABS) Yamaha XJ6F
Dois cilindros paralelos, 649 cm³, quatro válvulas por cilindro, DOHC e refrigeração líquida.MotorQuatro cilindros em linha, 600 cm³, DOHC, 16 válvulas, quatro tempos, refrigeração líquida.
72,1 cv a 8.500 rpm.Potência máxima77,5 cv a 10.000 rpm.
6,7 kgfm a 7.000 rpm.Torque Máximo6,1 kgfm a 8,500 rpm.
83,0 x 60,0 mm.Diâmetro
e curso
65,5 x 44,5 mm.
11,3:1.Taxa de compressão12,2:1.
Injeção eletrônica; partida elétrica.AlimentaçãoInjeção eletrônica; partida elétrica.
Seis marchas, com transmissão final por corrente.CâmbioSeis marchas, com transmissão final por corrente.
Tipo diamante em tubos de aço.QuadroTipo diamante em tubos de aço.
Dianteira por garfo telescópico convencional com 41 mm de diâmetro e 120 mm de curso; traseira por balança monoamortecida regulável na précarga com 125 mm de curso.SuspensãoDianteira por garfo telescópico convencional, com 130 mm de curso; traseira por balança monoamortecida com 130 mm de curso.
Disco duplo de 300 mm de diâmetro em forma de pétala com pinça de dois pistões na dianteira; disco simples de 220 mm de diâmetro com pinça de um pistão na traseira.FreiosDisco duplo de 298 mm de diâmetro com pinça de dois pistões na dianteira; disco de 245 mm de diâmetro com pinça simples na traseira.
120/70-ZR17 (dianteira)/ 160/60-ZR17 (traseira).Pneus e rodas120/70 ZR17 (dianteira)/ 160/60 ZR17 (traseira).
2.100 mm (C) x 760 mm (L)x 1.200 mm (A); 1.410 mm (entre-eixos); 145 mm (altura do solo); 790 mm (altura do assento).Dimensões2.120 mm (C) x 770 mm (L) x 1.185 mm (A); 1.440 mm (entre-eixos); 140 mm (distância do solo); 785 mm (altura do assento).
208 kg.Peso215 kg.
15,5 litros.Tanque17,3 litros.

* Infomoto usou capacetes LS2, jaquetas e luvas Dainese