Topo

Lambretta retorna ao mercado com muita história na garupa

<b>Lambretta retoma visual consagrado mundialmente no pós-guerra do século 20</b> - Divulgação
<b>Lambretta retoma visual consagrado mundialmente no pós-guerra do século 20</b> Imagem: Divulgação

Da Infomoto

18/11/2010 18h49

Depois de 30 anos de aposentadoria, a saudosa Lambretta está de volta à linha de produção. O veículo que fez sucesso ao redor do mundo nas décadas de 1950 e 1960 foi relançado pelo grupo italiano Motom durante o Salão de Motos de Milão -- Eicma 2010, megaevento motociclístico realizado no início de novembro na Itália. Com visual retrô, agora este ícone da mobilidade ganhou rodas de 12 polegadas (com freio a disco na dianteira), partida elétrica e motor com alimentação por injeção eletrônica. Os novos modelos LN 125 e LN 151 estão equipados com propulsores quatro tempos, bem diferentes do que era usado na época de seu lançamento.

A sabedoria popular diz: "Se a vida lhe der um limão, faça uma limonada". Ferdinando Innocenti tinha uma fábrica de tubos de aço em Milão, na Itália, que foi bombardeada e destruída durante a Segunda Guerra Mundial. Em vez de desistir, o empreendedor usou este revés para fazer uma das melhores "limonadas" da história mundial.

Com o final da guerra, Ferdinando começou a reconstruir sua fábrica e ao mesmo tempo percebeu que a população precisava de um meio de transporte barato e econômico. Unindo forças com o engenheiro Pierluigi Torre, surge a primeira Lambretta. Diferente da Vespa, sua rival histórica, a primeira versão construída por Innocenti tinha o motor totalmente aparente.

SIMPLES E EFICIENTE
As primeiras Lambrettas usavam quadro em tubos de aço e as molas sob o banco faziam o papel da suspensão traseira. Já o pequeno tanque de combustível ficava sob o selim. Para impulsionar o conjunto, um motor de dois tempos de 125 cm³ de capacidade cúbica. As principais vantagens do modelo eram custo mais acessível, baixo consumo (acima dos 33 km/l), além de ter uma plataforma e um miniescudo frontal que serviam para apoiar e proteger os pés da chuva e da neve.

A ideia de um veículo urbano de baixo custo se espalhou pelo mundo nas décadas de 50 e 60. Assim, a marca autorizou a abertura de fábricas da Lambretta na Índia, Argentina, Congo, Espanha, Colômbia, Indonésia, Sri Lanka, Formosa, Paquistão, Turquia, França e até no Brasil. Em 1955, o bairro paulistano da Lapa recebeu uma das primeiras fábricas de veículos do país. Começava assim a paixão do brasileiro pela simpática motoneta (modelo hoje mais conhecido como scooter).

PAIXÃO NACIONAL
De acordo com João Tadeu Boccoli, expert em motocicletas clássicas, tanto a Lambretta como a Vespa nasceram da necessidade de transporte barato, numa Europa destruída pela 2ª Guerra e sem dinheiro na praça para grandes luxos. "Os principais fatores da paixão por esses veículos são a durabilidade, o requinte nos detalhes visuais e o estilo inconfundível. Isso sem falar na facilidade de condução", explica Boccoli, dizendo que o nome Lambretta vem do rio Lambro, que passava próximo à fábrica de Innocenti.

Em encontros de motos clássicas é raro encontrar uma Lambretta, pois sua produção teve vida curta se comparada com a da Vespa. Com bom humor, Boccoli completa dizendo que "os bons mecânicos de Lambretta já estão consertando motonetas no céu".

Se o mercado de scooters está em crescimento no Brasil, nada mais natural do que trazer de volta os modelos clássicos -- o que ainda não está confirmado. Aliás, quem também está retornando ao mercado europeu é a Vespa PX, equipada com motor dois tempos de 125 e 150 cm³ de capacidade. Quem sabe, em breve, faremos um comparativo entre as "novas-velhas" Vespa e Lambretta? (por Lucas Rizzollo)