Grande, confortável e tecnológico, Burgman assusta no preço

Da Infomoto

À primeira vista, o maxi-scooter Suzuki Burgman 650 Executive impressiona. São exatos 2,26 m de comprimento e 1,6 m de entre-eixos. Ao sentar no largo banco, os comandos nos punhos são tantos que até assustam o piloto. Precisamos de uns cinco minutos até entender para que servia cada um deles. Não perca a conta: no punho esquerdo, além do tradicional controle do farol alto e baixo, lampejador, pisca e buzina, ficam localizados o controle dos espelhos retrovisores, que podem ser recolhidos eletricamente, a seleção de câmbio esportivo (power), o botão para se escolher entre câmbio automático ou manual e os botões para subir ou diminuir as marchas.

Fotos: Renato Durães/Infomoto

Comprido (2,26 m) e muito confortável, o Burgman só trata mal o bolso do piloto: custa R$ 52.235


Cansou? Ainda tem mais. O punho direito, juntamente com o botão de partida e o botão corta-corrente, abriga também o pisca-alerta e o controle para subir ou descer o pára-brisa. Mas não são botões à toa. Mostram que o Burgman 650 se diferencia da maioria dos maxi-scooters em todo o mundo. Uma boa maneira de se conhecer esse luxuoso veículo de duas rodas é entender o funcionamento de cada um desses comandos.

MOTOR E CÂMBIO
Para empurrar os 245 kg (a seco) do Burgman Executive há um potente motor de dois cilindros paralelos, com comando duplo no cabeçote (DOHC), refrigeração líquida e 638 cm³ de capacidade. Alimentado por injeção eletrônica, produz 55 cavalos de potência máxima a 7.000 rpm -- só para ter uma idéia, o monocilíndrico de 660 cm³ da Yamaha XT 660R oferece 48 cv. O que não significa que o Burgman ande mais, porque pesa muito mais e tem câmbio CVT controlado eletronicamente.

Aliás, esse câmbio é a grande novidade do scooter. Como costuma fazer, a fábrica de Hamamatsu já criou uma sigla: SECVT (Suzuki Electrically Controlled Continuously Variable Transmission), ou seja, uma transmissão continuamente variável controlada eletricamente. Diferentemente dos sistemas centrífugos CVT tradicionais, que usam uma correia de borracha, o SECVT ajusta a transmissão final variando o diâmetro da polia com um motor elétrico.

O controlador eletrônico do SECVT calcula a relação do câmbio com base nas rotações do motor, velocidade do scooter e a posição do acelerador, e automaticamente ajusta a "marcha" mais apropriada. Com isso, a aceleração do piloto é levada em conta, otimizando a relação do CVT de acordo com as reais condições de pilotagem.

Esse sistema permite ainda dois modos automáticos e um manual de pilotagem. Ao se ligar o motor, está ativado o modo standard automático que prioriza a economia de combustível e acelerações mais suaves. Ao se pressionar o botão Power (um daqueles no punho esquerdo) aciona-se o modo esportivo, no qual as trocas de marchas são feitas em rotações mais altas. Com isso o consumo de combustível também sobe, podendo chegar a 15 km/l -- a média obtida ficou em torno de 18 km/l, bastante alta para um veículo de duas rodas. Na prática, o modo Power foi bastante útil em ultrapassagens e quando se quiser pilotar mais radicalmente.

FICHA TÉCNICA
Motor: DOHC, 4 tempos, 2 cilindros, refrigeração líquida
Cilindrada: 638cc
Diâmetro x curso: 75,5 mm x 71,3 mm
Taxa de compressão: 11,2:1
Transmissão: Automática 6 velocidades SECVT
Alimentação: Injeção eletrônica de combustível
Ignição: Eletrônica (CDI)
Partida: Elétrica
Comprimento: 2.260 mm
Largura: 810 mm
Altura: 1.435 mm
Entre-eixos: 1.595 mm
Vão livre: 130 mm
Altura do assento: 750 mm
Peso seco: 245 kg
Suspensões:
Dianteira: telescópica, mola helicoidal, amortecida a óleo
Traseira: braço oscilante, mola helicoidal, amortecida a óleo
Freios:
Dianteiro: disco duplo com sistema ABS
Traseiro: disco simples com sistema ABS
Rodas e pneus:
Dianteiro 120/70R15M/C56H sem câmara
Traseiro 160/60R14M/C65H sem câmara
Tanque: 15 litros
Potência: 55 cv a 7.000 rpm
Torque: 6,32kgfm a 5.000 rpm
Cores: Preto e prata
Suzuki Burgman 650 Executive
O modo Manual não significa que o piloto terá de usar embreagem e trocar de marcha. Nada mais é do que controlar manualmente o motor elétrico que altera o diâmetro da polia, escolhendo pelos botões Up e Down entre cinco relações de marcha pré-definidas -- uma de overdrive. Em nossa opinião, o modo Manual não é algo muito útil, não passando mais do que uma brincadeira, um passatempo enquanto se curtia o conforto do Burgman 650.

No quesito desempenho, o torque de 6,32 kgfm a 5.000 rpm faz o "Burgmão" saltar na frente das outras motos e atingir facilmente 100 km/h. Na estrada, a potência de 55 cv faz com que o maxi-scooter mantenha com facilidade 120 km/h e possa andar ainda acima disso. O máximo fica além dos 170 km/h -- porém, com todo o arrasto aerodinâmico e pela sua ciclística, o Burgman 650 demonstra certa instabilidade acima dos 150 km/h.

CICLÍSTICA
Para atingir velocidades altas, o Burgman 650 é equipado com pneus radiais sem câmara (120/70 aro 15, na dianteira, e 160/60 aro 14, na traseira). Calçados em rodas de liga leve, até que absorvem bem as imperfeições do piso, em conjunto com o garfo telescópico na dianteira e a balança de alumínio com sistema de amortecimento bichoque na traseira.

Outro destaque da ciclística são os freios a disco nas duas rodas (duplo na frente e simples atrás) equipados com sistema ABS (antitravamento). Estancam o veículo em situações de emergência com bastante segurança. Sustentando todo o peso e esses aparatos está um quadro tubular de aço. Assim como seu irmão menor, o Burgman 400, o 650 tem um útil freio de estacionamento, bem-vindo ao pará-lo em ladeiras.

CONFORTO PARA VIAJAR
Além de todas as qualidades já citadas, o grande ponto positivo do Burgman 650 Executive é o conforto oferecido ao piloto e garupa. Seja em trajetos urbanos ou numa longa viagem, ambos vão muito bem acomodados e contam com apoio das costas. A garupa tem um verdadeiro encosto, de fazer inveja a muita cadeira de escritório, e o piloto tem um apoio lombar ajustável. Outro item que faz do Burgman 650 ideal para se viajar é a excelente proteção aerodinâmica do pára-brisa, que pode ser regulado eletricamente por meio de um botão no punho direito. Além disso, sob o banco há um grande compartimento de 56 litros (o suficiente para colocar dois capacetes integrais) iluminado por uma luz de cortesia.

Vale dizer que o verdadeiro lugar desse maxi-scooter é a estrada. Na cidade, em função de seu comprimento, ele às vezes fica enroscado na hora de mudar de direção, além de apresentar um consumo elevado para o uso diário. Com seus espelhos retrovisores retráteis (recolhidos ao apertar um botão no punho esquerdo), o Burgman 650 até que vai bem nos corredores do trânsito cada vez pior de São Paulo.

O painel é outro caso à parte. Mais informativo e claro que de muito carro 1.0, o do Burgman 650 é totalmente digital. Traz velocímetro, conta-giros, hodômetros, computador de bordo com consumo instantâneo, marcados de combustível, de temperatura, relógio etc. E ainda tem luzes de advertência e indicadores da marcha engatada.

PONTO NEGATIVO
Se há algo que podemos criticar nesse Suzuki Burgman 650 é seu preço. Aqui no Brasil, o valor sugerido (sem frete) é de R$ 52.235. De acordo com a tabela divulgada pela J.Toledo Suzuki nesta semana, o Burgman 650 só não é mais caro que as superesportivas da marca. O alto custo do Burgman 650 é alvo de críticas em todo o mundo, inclusive na Europa. Mesmo com toda a tecnologia embarcada, o conforto e a exclusividade, o valor é realmente exorbitante. Assim como viajar de classe executiva num avião. Por isso continuamos indo na econômica...
(por Arthur Caldeira)

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