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De Pinto a Chana, veja dez nomes que dão trabalho às montadoras de carros

Do UOL, em São Paulo (SP)

14/06/2017 04h00

Acontece de tempos em tempos. Dar nome a novas famílias de carros é algo complicado, pois envolve adequação à proposta do automóvel, sonoridade em diferentes línguas (dos mercados onde o modelo será vendido), o tal do "naming rights" (direito de uso daquele nome/marca). 

Para piorar, chega-se ao ponto de saturação: quem usa números como nomes pode se ver numa "sinuca de bico" com o passar das gerações. A Peugeot usa uma trinca em seus carros, sendo que o primeiro numeral diz respeito ao porte, os intermediários a alguma característica específica e o último à geração. Traduzindo: a família compacta (número 2) tem o seu oitavo modelo como hatch ("208") e um derivado dele como SUV ("2008", com dois zeros para dizer que é um utilitário/crossover); já a família média (3) está na nona geração, mas o hatch não se chama "309" e sim "Novo 308", ainda que isso gere confusão. Um próximo modelo médio seria o "310"? Ou esse numeral 1 intermediário significaria outra coisa? Bagunça!

Mas e nomes que significam palavrões ou substantivos com significado sexual, como ficam? Com o lançamento do Hyundai Kona na Coreia do Sul, voltamos à pergunta, que aparece pelo menos uma vez por década. UOL Carros lista dez dos exemplos mais vistosos, mas curiosamente há muitos outros no mundo automotivo.

Que nome é esse?

  • Julia La Palme/Reprodução

    Ford Pinto

    Taí um carro que deu trabalho: original dos anos 1970 e de toda a conjuntura da crise do petróleo, o Pinto (no sotaque americano, lido com "pim, ro" e que também é um nome derivado de equinos, como Corcel e Mustang) foi feito a contragosto pela Ford americana para combater o AMC Gremlin, Chevrolet Vega e outros modelos compactos que começaram a aparecer (e que culminaram na invasão dos japoneses, com modelos como o Civic). Apesar de bons números de venda, teve fim melancólico por conta da mecânica ruim que levou a uma série de curto-circuitos e princípio de incêndios. Acabou substituído pelo global Escort. A Ford do Brasil chegou a pensar no Pinto para produção local, mas os custos de fabricação e, claro, o nome pesaram contra definitivamente. Leia mais

  • Divulgação

    Chevrolet Ascona

    De novo os anos 1970, agora na Europa: a alemã Opel desenvolveu um projeto competente para o segmento de médios-grandes e que poderia ser global. O nome era Ascona. Só não pensou em países de língua latina, onde parte a final do substantivo ("cona") era usada como linguagem chula e significada tanto "vagina", quanto "prostituta". Não deu outra: em Portugal, o carro foi renomeado como 1604 (chegando até 1904 com o passar dos anos). No Brasil, terceira geração do Ascona chegou ao mercado e fez muito sucesso a partir de 1982. Óbvio, o nome mudou: Chevrolet Monza. Leia mais

  • Divulgação

    Hyundai Kona

    Século 21, 2017. Na era da informação total, das redes sociais e do pós-verdade, a Hyundai parece ter aprendido pouco com a história de outras marcas ao lançar seu novo SUV compacto para mercados de primeira linha. Kona, com "k", é um batismo em homenagem a uma das ilhas do Havaí. Ao mesmo tempo, o nome já consta do portfólio dos sites da Hyundai USA, Hyundai Alemanha e Hyundai Reino Unido. Também na Hyundai Espanha, onde é veiculado com uma bela campanha de empoderamento e imagens bacanas de mulheres junto ao carro (como esta da ilustração). Em Portugal, porém, nenhuma menção ao Kona -- ao contrário, especula-se que o nome seja alterado para "Kauai"... o que sairia caro. O problema é o mesmo do Ascona: soa pejorativo às mulheres em países de língua derivada do latim. Leia mais

  • Reprodução

    Rolls-Royce Silver Mist

    Até mesmo no mercado de luxo extremo há problemas. Originalmente chamado de Silver Mist ("névoa prateada"), o sedã teve o nome alterado em alguns mercados para Shadow, caso da Alemanha. O motivo? Em alemão, "mist!" seria uma interjeição similar a "merda!" em português.

  • Reprodução

    Lancia Flaminia Marica Ghia

    Belíssimo cupê conceitual do final dos anos 1960, que chegou até a ter algumas unidades reais produzidas, o Lancia Flaminia Marica era uma criação do estúdio Ghia que teria problema em alguns mercados. Tudo culpa do nome que é também um forma chula e antiquada para se referir a homossexuais de modo pejorativo.

  • Reprodução

    Mazda Laputa

    Nos anos 1980 e 1990, a Mazda fez relativo sucesso no Japão com esse "keijidosha car" (os super compactos nipônicos típicos, com motores pequenos). Para o japonês, seria apenas mais um nome, tudo certo. Acontece que o carro chegou à América Latina, sobretudo ao Chile, que pode importar carros de qualquer parte do mundo de forma direta. Por lá, o nome soa exatamente como "a prostituta", também na forma chula. Por ser importação direta, não havia o que fazer: nada foi alterado.

  • Divulgação

    Mitsubishi Pajero

    Aqui a história é outra: o famoso SUV asiático Pajero não podia ser lançado com este nome em países que falavam o espanhol. O nome original, que é usado inclusive aqui no Brasil, diz respeito a "quem pratica o ato de se masturbar" no espanhol coloquial. De cara, a Mitsubishi resolveu vender o carros nesses mercados hispânicos com o nome Montero. E tem sido assim desde 1982. Leia mais

  • Divulgação

    Honda Fit

    Já se perguntou porque a Europa é um dos poucos territórios onde o Fit não se chama Fit? Voltamos ao caso do "cona": em países de origem escandinava, o nome "fitta" diz respeito à "vagina", novamente. O Fit vira Jazz na Europa por conta disso. Leia mais

  • Divulgação

    Renault Koleos

    O mundo todo está cada vez mais monotemático quando o assunto é carro. Todos querem SUV, quase sempre pelos mesmos motivos: a imponência, uma certa noção (falsa) de virilidade, força no trânsito. Pois bem, a Renault foi ao cerne desse pensamento para dar nome a um de seus SUVs. O Koleos (lê-se "colêos", carro que na primeira geração lembrava muito o Duster) vem do grego para "culhão", forma vulgar para "testículos", que para muitos são a representação perfeita da virilidade. A segunda geração do carro é maior, mais tecnológica e mais bonita que o original, mas a ideia segue sendo a mesma. Leia mais

  • Alessandro Shinoda/Folhapress -26-10-2010

    Chana Motors

    Brasil, invasão chinesa, 2008 a 2010. Além de JAC, Chery e Lifan, várias outras marcas chinesas tentaram um lugar ao sol e uma vaga no Salão do Automóvel de São Paulo e no mercado brasileiro. Vendendo basicamente utilitários e veículos comerciais, a Chana Motors virou piada pronta por conta do nome, também forma chula para "vagina" (outra piada surgiu pelo símbolo, inspirado demais na série "Star Trek", mas isso é outra história...). Os executivos perceberam tarde demais e modificaram a empresa para um de seus nomes asiáticos, Chang'an Automobile. Tarde demais.